Temer prometeu apoiar BR-242, cujo traçado original passa a apenas dez quilômetros do Parque Indígena do Xingu |
Para garantir os votos da bancada ruralista em seu favor, Temer
prometeu seu apoio a estrada que poderá passar a apenas dez quilômetros de
distância do Parque Indígena do Xingu. Com 263 votos contra o prosseguimento da
denúncia, Temer escapou de ser investigado por corrupção
passiva até o fim do seu mandato.
Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o desenho
da construção da estrada tinha sofrido modificações aprovadas por entidades
ligadas às causas indígenas e de proteção ambiental. No traçado original, a
estrada estaria a uma distância de apenas dez quilômetros do extremo sul do
Parque do Xingu, além de passar por áreas de interesse ambiental e histórico,
como matas vitais para cabeceiras de rios que cruzam o parque e sítios
arqueológicos. O Ibama, responsável pela autorização, ainda não aprovou a
licença para a BR-242, que teria quase 200 quilômetros de extensão. Uma fazenda
de soja do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), é beneficiada com o
traçado original.
Uma
carta de repúdio à obra, em nome de 16 etnias com mais de oito mil indígenas,
foi entregue às autoridades. O entendimento é que os impactos ambientais e
sociais seriam prejudiciais, com desmatamentos, novos núcleos sociais e aumento
do uso de agrotóxicos. A sugestão, que tinha começado a ser aceita por
ruralistas, era usar uma estrada que já existe e fica mais distante dos limites
do Xingu.
Segundo
a reportagem, na semana da votação da denúncia contra Temer, o traçado original
foi retomado, com articulação do Nilson Leitão (PSDB-MT), presidente da Frente
Parlamentar Mista da Agropecuária (FPA). Ele e o governador do estado, Pedro
Taques (PSDB), confirmaram as negociações em uma reunião pública no município
de Nova Ubiratã (MT), quando Taques afirmou que Temer se reunirá com o Ibama, a
Funai e a bancada ruralista “para que possamos dar destino a esta obra”. Leitão
afirmou que era “imprescindível” que a obra “se destrave na semana que vem”.
Temer
teria escalado o também tucano e ministro da Secretaria de Governo, Antonio
Imbassahy, para intermediar o assunto e marcar uma reunião. Procurado, o
ministro afirmou que a obra está em fase final de licitação e depende apenas do
licenciamento ambiental, e que foi essa a informação que obteve do Ministério
dos Transportes e repassou aos mato-grossenses. Já o Ibama afirmou que a obra
ainda está em sua fase inicial, com discussão do primeiro passo para elaborar
um estudo de impacto ambiental.
Na bancada do Mato Grosso,
apenas um deputado, Ságuas Moraes (PT-MT), que é de oposição, votou a favor do
prosseguimento da denúncia contra Temer. Veja quais foram os deputados que
livraram Temer
da denúncia até 2019, estado por estado.
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