Vítima foi severamente agredida em 2 de agosto, mas
a família só conseguiu encontrá-la quase uma semana depois.
A polícia investiga mais um crime de
homofobia no Rio. Carla Hestefânia Brandão de Carvalho, transgênero masculino,
foi covardemente agredido no início do mês. Conforme mostrou o RJTV, a família
só descobriu dias depois.
Carla deu
entrada no hospital em estado grave no dia 2 de agosto. Mas a irmã só descobriu
o que tinha acontecido quase uma semana depois.
“Ele foi
encontrado caído em uma poça de sangue com convulsões devido a um traumatismo
craniano. Precisou ser reanimado por uma equipe do Corpo de Bombeiros. Já
chegou aqui [no hospital] em coma e foi direcionado a UTI”, contou Helen
Santos, irmã da vítima.
Helen contou
que Carla nasceu mulher, mas se reconhece como homem. É um transgênero
masculino que já tinha sido vítima de várias outras situações de preconceito e
violência pela vizinhança, o que o fez mudar de casa.
“Houve outras
agressões. Eram coisas ditas como, por exemplo, ‘seu lugar não é aqui’, ‘você é
homem e vai apanhar como homem’... Todos os ataques que eram sofridos ele tentava
mudar de local para evitar novos confrontos”, destacou Helen.
A Secretaria
Estadual de Direito Humanos recebeu no primeiro trimestre deste ano uma
denúncia a cada dois dias de alguém que foi vítima de agressão física ou
psicológica por conta da orientação sexual ou de gênero.
Mas estes
registros ainda estão longe de representar a realidade. Isso porque o crime de
homofobia não é reconhecido por lei, o que dificulta um levantamento das
estatísticas e a punição aos agressores.
Até para fazer
o boletim de ocorrência da grave agressão sofrida pelo irmão, Helen teve que
pedir a ajuda de um advogado. “É uma dificuldade geral que existe para um
cidadão registrar qualquer tipo de ocorrência no Rio de Janeiro, em especial
qualquer coisa que esteja relacionada à homofobia. Hoje ela [a homofobia] é
tipificada como uma lesão corporal qualquer”, disse o advogado Marcel de
Freitas Nascimento.
O superintendente do programa Rio
sem Homofobia, Fabiano Abreu, reforça a necessidade de mudança na lei. “Hoje o
crime de LGBTfobia tem crescido muito, não só no estado do Rio de Janeiro como
em todo o Brasil. O que precisa, na realidade, é uma lei que possa realmente
criminalizar. Nós estamos avançando um pouco mais porque passaremos a ter,
dentro de dois meses, uma delegacia que vai atender todos os crimes de
minorias, ditos minorias, né, porque na verdade não são minorias, de
intolerância, de LGBTFobia. Então, isso vai ajudar um pouco mais”, disse ,
“Qualquer
pessoa que sofra um ataque de gênero, seja ela verbal, ameaças, ou físico, vá
denunciar, porque meu irmão não fez isso e os ataques ficaram cada vez mais
agressivos. Isso não pode continuar”, enfatizou Helen.
G1/RJ
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