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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Comerciante morre após ficar detido em jaula a céu aberto em delegacia no Maranhão

Familiares denunciam negligência da polícia. Delegado rebate acusações e investiga causas da morte do comerciante de 40 anos, que sofria de hipertensão.

Homem morre após ficar preso em jaula sem teto de delegacia (Reprodução)

O comerciante Francisco Edinei Lima Silva, de 40 anos, morreu na segunda-feira (9), após ficar preso por cerca de 18 horas em uma jaula a céu aberto nos fundos de uma delegacia da Polícia Civil, em Barra do Corda, Maranhão. O local não tem banheiro, teto, nem água encanada.

Silva foi detido na tarde de domingo (8) depois de dirigir embriagado e se envolver em um acidente de trânsito. Os familiares da vítima alegam que houve negligência da polícia, pois o comerciante sofria de hipertensão, mas não teria recebido o atendimento adequado.

O acidente ocorreu por volta das 11h de domingo, na BR-226, que passa por Barra do Corda. O carro que Silva dirigia bateu de frente com uma moto. O motociclista, identificado como Gustavo, foi socorrido e levado para o hospital de Presidente Dutra (MA).

O comerciante, por sua vez, foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Barra do Corda e liberado em seguida. Ele foi levado pelos policiais e deu entrada na jaula por volta das 14h de domingo. A família conta que o comerciante ficou dentro da jaula com mais dois presos, sem assistência médica, embora tenha se queixado de dores de cabeça e mal-estar.

Os familiares afirmam, ainda, que a polícia sabia que Silva sofria de hipertensão e fazia uso de medicamento controlado, mas alegam que a vítima só foi levada de volta para a UPA às 8h30 de segunda. Ele morreu horas depois, por volta das 14h, e a causa da morte está sendo investigada.

Cela para presos provisórios, em Barra do Corda (Foto: Divulgação / Defensoria Pública)
Cela para presos provisórios, em Barra do Corda (Foto: Divulgação / Defensoria Pública)
"Se tivessem estabilizado a pressão dele, se tivessem esperado ele tomar água e o medicamento e se ele não tivesse ficado exposto ao sol ele estaria aqui com a gente", disse Hellen Cristina, afilhada de Silva.

"A mãe dele pediu 'pelo amor de Deus', e todo mundo pediu para levar água e medicamento para ele. Tudo foi recusado. Negligência total. A gente não teve condição nem de fazer uma visita rápida", afirma Adão Alves, cunhado da vítima.

Delegacia de Barra do Corda onde o comerciante morreu (Foto: Reprodução / TV Mirante)
Delegacia de Barra do Corda onde o comerciante morreu (Foto: Reprodução / TV Mirante)
O delegado Renilton Ferreira contesta as afirmações da família. "A todo tempo, seu Francisco esteve acompanhado dos advogados. Se ele tivesse qualquer necessidade física, de saúde ou mesmo de não respeito aos direitos humanos, caberia ao advogado fazer um requerimento junto à autoridade policial."

De acordo Ferreira, a jaula é ocupada por presos provisórios. "Trata-se de uma ala da nossa carceragem destinada a presos provisórios até que sejam atendidos pela autoridade policial competente. Após o atendimento, o preso é transferido para outra cela, com outros presos, ou liberado, de acordo com as circunstâncias", explicou o delegado.

O corpo de Silva foi encaminhado para o IML de Imperatriz (MA), e o caso está sendo investigado pela polícia de Barra do Corda.

"A polícia agora trabalha para investigar. Vamos ouvir todas as pessoas, inclusive presos que estavam próximos ou junto de Francisco, para saber como todos os fatos ocorreram. Já solicitamos o prontuário médico de atendimento das duas ocorrências na UPA de Barra do Corda para chegar à conclusão do que motivou a sua morte", disse o delegado.

Mônica, irmã de Francisco, questionou o andamento da investigação. Segundo ela, o laudo da morte será liberado em 10 dias, mas somente o delegado poderá buscar o documento.

"O nosso medo é de que o delegado não vá buscar e a gente não saiba exatamente o que aconteceu. O médico legista adiantou que houve negligência, porque ele demorou para ser socorrido. Como ele estava com pressão alta, deveria ficar no hospital [UPA] e só ser liberado após a pressão normalizar. Além disso, ao ser liberado, ele não deveria ir para o 'gaiolão', porque eles sabiam que ele não estava bem. Ele deveria ter ido para a cela interna", afirmou Mônica.

A direção da UPA de Barra do Corda, onde o comerciante foi atendido antes de ser preso, não se pronunciou sobre o caso. O G1 solicitou nota ao Governo do Maranhão sobre o caso, mas não obteve resposta.

Protesto

Moradores de Barra do Corda fizeram um protesto em frente à delegacia na manhã desta quarta-feira (11). A manifestação contou com a presença de centenas de moradores, além dos familiares de Silva.

Protesto em Barra do Corda (Foto: Divulgação / Élbio Carvalho)
Protesto em Barra do Corda (Foto: Divulgação / Élbio Carvalho)





G1/MA


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