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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Mães latino-americanas cultivam amor e colhem vida na ilegalidade

EFE/Ulises Ruiz Basurto
EFE/Ulises Ruiz Basurto
O amor de um grupo de mães latino-americanas rompeu leis e fronteiras ao impulsionar o autocultivo e o uso medicinal de cannabis, em uma tentativa de melhorar as condições de vida de seus filhos doentes.

"Queremos dar alívio e quebrar o tabu" que existe em torno da planta no México, com grande presença do narcotráfico, disse em entrevista à Agência Efe a chilena Paulina Bobadilla, fundadora do grupo Mamá Cultiva (Mamãe Cultiva), que com o cannabis conseguiu melhorar as condições da sua filha Javiera.
A Câmara dos Deputados do México aprovou em abril deste ano o uso de derivados da maconha em tratamentos, permitindo assim a pesquisa clínica de produtos à base de canabidiol (CBD), um dos dois componentes mais importantes da planta.
A diretora da Fundação Daya, Ana María Gazmuri, apontou que "o CBD foi imposto pela indústria farmacêutica, porque vender e regular o produto é mais simples, mas não correto".
"Há uma crença de que legalizaram a maconha medicinal, mas não. Legalizaram o CBD, que atua como um complemento alimentício, mas não o tetraidrocanabinol (THC)", a principal substância ativa da planta, explicou Ana María.
"Os pacientes precisam de ambos os ativos porque eles não funcionam sozinhos", esclareceu a diretora, que destacou que o México ainda "tem grandes desafios para superar até uma legalização medicinal real e completa".
Para a indústria farmacêutica, é difícil e caro isolar os dois componentes, razão pela qual comercializam produtos com canabidiol e "vão contra a concorrência, o autocultivo, o que os obrigaria a regular os preços".
A Comissão Federal para a Proteção contra Riscos Sanitários (Cofepris) trabalha nos marcos reguladores que amparam este tipo de tratamento com CBD, apesar de o essencial ser combiná-lo com o THC.
A legislação mexicana não permite sua venda nem o autocultivo, mas sim a importação de medicamentos para tratar patologias como epilepsia, neuropatia diabética, Parkinson, efeitos colaterais de quimioterapias e Alzheimer, entre outras.
Kenya Hernández se pergunta por que é proibido algo que "ajuda a melhorar visivelmente a qualidade de vida e a economia das famílias" como a dela, que durante 13 anos gastou até US$ 420 por mês em tratamentos que foram prejudiciais a seu único filho.
"Se as doenças os debilitam, os medicamentos ainda mais", por causa dos "destrutivos efeitos colaterais", apontou esta mãe mexicana, que afirma que as falhas elétricas que seu filho sofria no cérebro diminuíram com o cannabis.
Foi uma "luz de esperança", lembrou Kenya, que antes de perder o filho conseguiu dar a ele dois anos com "qualidade de vida", após uma esgotante procura por tratamentos no México, em Cuba e na Filadélfia (Estados Unidos).
Com a cumplicidade de Cecilia Alvarado, outra mãe mexicana, Kenya se aliou à Fundação Maya e ao Mamá Cultiva, duas fundações chilenas que trabalham lado a lado. A primeira promove tratamentos alternativos e a segunda impulsiona a legalização do cannabis para uso medicinal e o autocultivo.
As mães testaram com seus familiares e, ao ver os "incríveis" resultados, decidiram reproduzir o modelo no México.
Em sua visita ao país, Paulina compartilhou o conhecimento adquirido ao tratar a esclerose tuberosa de sua filha, um transtorno genético que provoca a presença de tumores em órgãos vitais.
"O melhor é que uma mãe cultive e mude a imagem da maconha", disse a chilena, para quem é "fundamental educar os cidadãos, mas também os nossos políticos".
No México, "o governo se esqueceu das famílias que recebem o salário mínimo e não podem comprar medicamentos de tão alto custo, o que beneficia a classe alta", ressaltou.
Atualmente, milhares de mães latino-americanas comemoram a diminuição ou desaparecimento das carcinogêneses convulsivas, as mudanças de humor e outras doenças graças ao uso do cannabis.
Nesse sentido, Paulina convocou as mexicanas para gerar consciência em torno dos benefícios do uso da maconha - seja como resina, azeite, macerados, tinturas, pomadas - com fins terapêuticos.
O CBD e o THC, lado a lado, "dão qualidade de vida a milhares de crianças como Javiera, que agora com um só medicamento e o óleo canábico trata sua doença degenerativa", afirmou a chilena, que se transformou em uma ferrenha defensora do cannabis medicinal, agrupando redes de apoio na Argentina, Colômbia, México, Peru e Paraguai.
Denisse Torres.




EFE


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