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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Marajó é a região com a maior incidência de escalpelamento

Foto: Divulgação
A região do Marajó é a área de maior concentração dos acidentes de escalpelamento, principalmente pelo maior fluxo de embarcações durante o segundo semestre do ano. 'O maior número de atendimentos vem da região do Marajó, e uma pequena parcela, do oeste do Pará. Uma das coisas que os próprios moradores nos relatam é que os barcos do oeste em geral não usam motores com o eixo dentro do barco, outro fator é que o número de acidentes aumenta no mês de julho e na proximidade do círio, pois o transporte fluvial também aumenta', lembra a enfermeira Socorro Ruivo, coordenadora do Programa de Assistência Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), da Santa Casa.

Os traumas de uma vítima de escalpelamento vão além dos ferimentos crônicos. Muitas mulheres têm o rosto desfigurado pela violência do acidente e dores lancinantes, e ainda precisam superar o preconceito da sociedade em relação às marcas e cicatrizes. 'A gente tem vergonha. Não quer que as pessoas nos vejam assim. Eu não queria nem que os meus filhos me vissem e fiquei meses sem vê-los. Só tive coragem quando o meu mais novo, Davi Lucas, veio me ver em dezembro. Ele perguntou por que eu tinha tirado o cabelo. Comecei a chorar e disse que aquilo foi o acidente. Ele me abraçou e falou que eu não deveria chorar. Aquele momento me deu força e coragem, sabe? Logo depois peguei uma infecção e foi terrível demais. Tive que passar por mais cirurgias, tinha medo até de sair na rua e ficar doente de novo. Depois de todo o tratamento que recebi na Santa Casa, comecei a me sentir melhor e a me aceitar como sou hoje', explica a pescadora Simone Brabo.
'A Simone é um dos casos mais complexos que já atendemos. Até o momento ela já passou por dez cirurgias complexas, todas feitas aqui na Santa Casa. Temos três cirurgiões plásticos e vários especialistas dedicados a este tipo de tratamento, que é delicado e exige muito da paciente. Este, na verdade, é um tratamento que dura para sempre, assim como as cicatrizes. Elas precisam continuamente de acompanhamento. Sabendo das dificuldades que muitas das pacientes têm em ficar na capital – já que muitas são do interior –, temos o Espaço Acolher, onde elas podem ficar hospedadas e receber todo amparo necessário durante este período de cuidados contínuos', detalha Socorro ruivo.
Simone, que é mãe de quatro filhos, resistiu ao doloroso tratamento, ganhou coragem com o abraço de Davi e hoje já é avó. Ela sorri e ri das próprias piadas que conta para as amigas do Espaço Acolher, da Santa Casa, e já faz planos. 'Sei que minha neta vai me conhecer assim, do jeito que eu sou, e não vai me discriminar. A minha família me apóia e está me esperando. Eu era pescadora e sinto falta do que fazia. Tenho vontade de voltar para casa, comer um bom peixe, e ainda tenho que visitar as amigas que fiz aqui'.
Assistência - O Espaço Acolher é uma casa de apoio mantida pelo governo do Estado, na qual as pacientes podem se hospedar durante o período de longo tratamento. No local, as mulheres recebem o apoio de profissionais de psicologia e serviço social, além de participaram de vários cursos, como informática. Outro grande diferencial é que existem professores da Secretaria de Educação de Estado (Seduc), que são responsáveis por dar as aulas necessárias para a conclusão do ensino fundamental e médio.
'Muitas pacientes se isolam, desistem de ir para escola por vergonha ou são rejeitadas de alguma forma nos lugares onde moram. Aqui elas recebem apoio para fortalecer a autoestima de várias maneiras – até mesmo por meio das perucas – e ainda recebem as aulas necessárias para evitar a evasão escolar', comenta a assistente social do Espaço Acolher, Josiane Albin.
A Santa Casa de Misericórdia e o Espaço Acolher recebem doações de cabelo para a confecção de perucas, produzidas pela organização não governamental (ONG) Orvam. A entidade, localizada no bairro Utinga, recebe o material que será transformado em perucas para as mulheres que estão cadastradas na fila de espera. 'Já atendemos 90% das 95 pessoas cadastradas e queremos ampliar isso ainda mais. Também atendemos os pacientes de quimioterapia do Hospital Ophyr Loyola. O importante é que, além da peruca, damos a oportunidade dessas mulheres recuperarem a própria autoestima', explica a presidente da ONG, Maria Cristina.
Conscientização - A Capitania dos Portos fornece a proteção de eixo gratuitamente para as embarcações. Basta ligar para o serviço e marcar data e horário para instalação do equipamento de metal, altamente resistente, que foi projetado para garantir a segurança da tripulação. 'Fazemos diversas operações na região do Marajó. Sentimos que ainda há muita resistência ao trabalho da Marinha, pois o barqueiro imagina que vamos apreender a embarcação, quando na verdade paramos os barcos para inspeção. Caso a embarcação não tenha o eixo, instalamos o equipamento imediatamente. Cada cobertura de eixo tem uma identificação que também já serve como um registro do barco e do proprietário', explica o capitão dos Portos da Amazônia Oriental, Sérgio Ricardo Duarte.



ORM News


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