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sábado, 15 de abril de 2017

Malária na gravidez: projeto de pesquisa da Fapeam e FMT mostra as consequências da doença na gestante, antes e após o bebê nascer


Um estudo desenvolvido na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), pela médica e pesquisadora Camila Helena Menezes, juntamente com a orientadora do projeto, a médica infectologista e doutora em Medicina Tropical, Flor Martinez Espinosa, está analisando as consequências da Malária em gestantes e nos bebês, antes e após o nascimento.
A pesquisa é desenvolvida com o apoio do Governo do Amazonas por meio do Programa de Apoio a Excelência Acadêmica (Pró-Excelência), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O estudo iniciou pelo Pró-Excelência em 2016, mas as pesquisas nessa área vêm sendo realizadas desde 1995, na FMT-HVD.
De acordo com a pesquisadora Espinosa, a região amazônica é uma das áreas mais endêmicas de malária em todo o Brasil. A maior quantidade de casos está concentrada em Manaus, e o Amazonas está entre os Estados que tem mais casos de malária no país.
Ela explica ainda que a malária é transmitida por um vetor, o Anopheles Darlingi, produzida por um parasita chamado Plasmodium, do qual existem quatro espécies que causam malária no homem. O objeto do estudo é o Plasmodium Vivax. A medica explica também que para haver transmissão  é necessário que uma pessoa esteja portando os gametócitos, a forma infectante para o mosquito, que pica o portador do parasita e fica contaminado. Caso o mosquito pique alguém suscetível, ou seja, alguém que não esteja infectado, a malária pode ser transmitida.

“No caso da gestante, ela é uma hospedeira mais passível de adquirir a malária porque ela, morando em uma área de transmissão, tem mais chances de ser infectada do que qualquer outra pessoa. A gestante também está mais vulnerável a desenvolver a doença na forma mais grave, pela alteração fisiológica é passível de contrair determinadas infecções”, disse Espinosa.
Ainda segundo a doutora, a gestante tem uma alteração no sistema imunológico e passa por um período de imunoadaptação, que é necessário para ela conseguir manter a gestação sem reconhecer o filho como um organismo estranho, mesmo que ele seja um organismo alheio a ela, evitando que desencadeie alguma reação do organismo contra o bebê.

Dra.Flor Martinez - FMT- Foto Erico X-3
A pesquisadora Flor Martinez Espinosa informou que a região amazônica é uma das áreas mais endêmicas de malária em todo o Brasil
O efeito da malária na gestante:

De acordo com a Espinosa, a gestante infectada fica mais suscetível a ter anemia, por exemplo. Segundo ela, a mulher grávida já tem uma potencialidade de ser anêmica, devido aos nutrientes que ela tem de transferir para o bebê. A malária, por ser um parasita,  destrói as hemácias e compromete a formação de novas células sanguíneas.
Outra consequência é a insuficiência renal ou uma insuficiência respiratória aguda, que pode vir ou não acompanhada de edema pulmonar. “A gestante tem tendência a reter líquido, então, a insuficiência respiratória aguda pode ocorrer porque o líquido ocupa o lugar onde normalmente estaria o ar, impossibilitando a ocorrência de trocas gasosas e dificultando, assim, a respiração”, afirmou a doutora.
A malária na gestante pode afetar também o cérebro, ocasionando uma perda ou alteração no estado de consciência da paciente. Outra forma de malária grave é a que se chama de “choque”, em que há uma incapacidade de circulação sanguínea e uma queda na pressão arterial. Há ainda o risco de ocorrer uma coagulação intravascular disseminada, que é a incapacidade de coagular o sangue o que pode levar a uma hemorragia.
Para a pesquisadora, todas essas formas são muito graves e precisam de uma atenção imediata. “Quando nós começamos os estudos de malária em gestantes aqui na instituição, observamos que muitos casos vieram a óbito. Esse quadro só mudou com os programas governamentais de controle e pela introdução de novas terapêuticas, como uso de medicamentos”, ressaltou a coordenadora.
O efeito da gestação sobre o quadro clínico de malária:

Segundo as pesquisas realizadas durante o projeto, foi observado que as mulheres que estão na primeira gestação,  são as que mais desenvolvem formas graves de malária, geralmente porque elas são mais jovens. Flor explica que nos lugares altamente endêmicos, quem consegue sobreviver aos primeiros cinco anos passando por vários episódios da doença, acaba se tornando imune a ela.
Por exemplo, uma menina que tem vários episódios de malária, vai adquirindo imunidade com o passar do tempo e, quando chega à adolescência, pode até ser ou estar infectada, mas não vai desenvolver a malária porque a imunidade dificulta o desenvolvimento da doença. “Na medicina nós chamamos isso de “premunição”, em que as pessoas se tornam resistentes à doença, não à infecção”, disse Espinosa.
Ela explica que, quando uma mulher com menos de 18 anos, tem a primeira gestação, volta a ter uma queda na resistência que havia adquirido. Essa queda ocorre porque, durante a gravidez, há uma produção de hormônios e ocorre uma perda na capacidade de imunização.
A médica Camila Menezes explica que os bebês que tiveram suas mães infectadas com malária durante a gestação podem nascer com o peso abaixo do normal

Pesquisadora revela efeito da malária sobre o curso ou evolução da gestação:

A gestante com malária, pode apresentar alguns sintomas como, sangramento vaginal e contrações uterinas, que, se evoluírem, podem desencadear o trabalho de parto e, em consequência, apresentar: ameaça de aborto, ameaça de parto prematuro, aborto ou parto prematuro, dependendo da idade gestacional.
A médica explica que a presença do sangramento uterino e/ou das contrações uterinas, sem expulsão do conteúdo uterino, é chamado de ameaça de aborto ou de ameaça de parto prematuro. Uma gestação dura, em média, 40 semanas. Caso haja uma expulsão do conteúdo uterino antes de 20 semanas, é chamado de aborto, se for depois disso e antes de 37 semanas é chamado de parto prematuro. “Na FMT isso ocorre em um a cada quatro gestantes com malária”, revela.
A malária placentária:

A infecção placentária ocorre quando a gestante está infectada com o Plasmodium, pois o parasita circula pelos vasos sanguíneos do corpo e pode se alojar na placenta. Caso isso ocorra, alguns sinais podem ser observados, tais como: descoberta de pigmentos na placenta, que é chamada de infecção antiga; descoberta de hemácias com parasitas, que é chamada de infecção recente ou aguda, assim como pode ser observada a inflamação no tecido placentário.
Caso haja uma infecção na placenta, isso também será um fator que poderá desencadear um aborto ou um parto prematuro, visto que a placenta deixa de ser um lugar ideal para manter o bebê e passa a ser um risco iminente para que ocorra o término da gestação, ou seja, a gestação será interrompida.
O efeito da malária sobre o feto e o recém-nascido:

Uma gestante transfere nutrientes para o bebê através da placenta e do cordão umbilical. Caso ela esteja com malária, isso trará consequências para o bebê, pois a quantidade de nutrientes que a mãe passará para o bebê não será o suficiente, o que fará com que se diminua o fluxo sanguíneo e o bebê deixe de ganhar peso.
O peso ideal de um recém-nascido deve ser acima de três mil gramas, mas os bebês que tiveram suas mães infectadas com malária durante a gestação podem nascer com o peso abaixo do normal. As consequências disso, segundo a doutora Flor, já começam logo após o nascimento do bebê, pois ele precisará ficar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Na UTI se aumenta muito o risco de morte, de infecções, além do mais, ele será um bebê que terá uma saúde frágil durante o primeiro ano de vida. Esse bebê pode apresentar, ainda, problemas nutricionais e não crescerá normalmente, ou seja, poderá ter o desenvolvimento neurológico afetado e será uma criança que, por exemplo, não será capaz de se virar quando estiver deitado, de se sentar, de engatinhar ou de caminhar na mesma  idade de uma criança sem estes antecedentes. Então, as consequências ocorrerão por um período de tempo e não somente durante a gravidez da mãe”, afirmou Martinez.
O projeto de pesquisa já rendeu vários artigos científicos e agora é o tema de doutorado da pesquisadora Camila Menezes, da qual a doutora Flor é orientadora. Para Camila, a Fapeam foi essencial para cada processo de desenvolvimento desse estudo.

Dra. Camila Bôtto - FMT- Foto Erico X-3
A pesquisadora Camila Helena Menezes revelou que esse trabalho sobre malária em gestantes tem um peso relevante para combater a doença
“Eu comecei na Fapeam como bolsista de iniciação científica e desde lá ela vem me incentivando a seguir nesse ramo e realizar mais pesquisas que trarão um retorno significativo para o Amazonas e para o nosso país. Este trabalho sobre malária em gestantes, é um dos que estão tendo um peso relevante para o combate a esta doença, por isso estamos trabalhando para que cada vez mais se diminua os casos nessa região”, disse a pesquisadora Camila Menezes.


Portal do Amazonas


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