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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Pastor Evangélico morto em chacina em Mato Grosso foi o mais torturado, diz Polícia



Sebastião de Souza, de 57 anos, foi um dos nove trabalhadores rurais mortos em distrito de Colniza no dia 19 de abril. Região recebeu reforço policial.

O pastor da Assembleia de Deus Sebastião Ferreira de Souza, de 57 anos, morto na chacina ocorrida em Taquaruçu do Norte, distrito de Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, foi o mais torturado entre as nove vítimas. Os trabalhadores rurais foram assassinados na última quarta-feira (19), em barracos erguidos em uma área rural. Os crimes teriam sido cometidos por um grupo de homens encapuzados. A suspeita é que eles agiram a mando de fazendeiros. A motivação seria uma briga por terras.
Sebastião foi degolado e tinha vários hematomas pelo corpo, além de um corte com facão na cabeça, informou uma investigadora. “Ainda não sabemos a razão [do pastor ter sido o mais torturado]”, disse o coronel Eduardo Henrique de Souza, comandante da PM na região.
Os corpos dos nove homens vítimas da chacina tinham marcas de tortura. Alguns dos trabalhadores foram amarrados e agredidos com enxadas e facões. Sete deles foram mortos com tiros de espingarda calibre 12 e dois com golpes de facão.
Além de Sebastião, as vítimas foram identificadas como Izaul Brito dos Santos, de 50 anos, Ezequias Santos de Oliveira, 26, Samuel Antônio da Cunha, 23, Francisco Chaves da Silva, 56, Aldo Aparecido Carlini, 50, Edson Alves Antunes, 32, Valmir Rangeu do Nascimento, 55, e Fábio Rodrigues dos Santos, 37.
O delegado responsável pelo caso, Edson Pick, disse que há um inquérito em andamento na delegacia de Colniza desde 2016 sobre ameaças que teriam sido sofridas por membros da Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt (Cooperativa Roosevelt), que ganhou reintegração de posse em Taquaruçu do Norte, mas não deu mais detalhes sobre essa investigação.
Ainda não há confirmação de que as vítimas mortas na semana passada fizessem parte dessa cooperativa.
Histórico
O município de Colniza já foi considerado o mais violento do Brasil e m histórico de assassinatos em conflitos agrários. Em 2014, por exemplo, o presidente das Associação de Produtores Rurais, Josias Paulino de Castro, e a mulher dele, Irani da Silva Castro, foram assassinados com tiros e pistola em uma estrada em Guariba, também distrito de Colniza.
A Comissão Pastoral da Terra também diz que famílias do Projeto de Assentamento Taquaruçu do Norte foram em expulsas em 2004 por homens armados. A Justiça deu reintegração de posse para a Cooperoosevelt, que alegou ter área no assentamento chamada Gleba Taquaruçu do Norte, com 42,1 mil hectares. A CPT afirma que, em 2007, 10 trabalhadores foram vítimas de tortura e cárcere privado e três foram assassinados, todos a mando de fazendeiros interessados em extração de madeira.
A igreja católica, por meio da Prelazia de São Félix do Araguaia, disse por meio de nota que as famílias dos agricultores da Gleba Taquaruçu sofrem com a violência desde 2004 e alertou para os riscos de novos massacres. Citou ainda outros conflitos na região, como os da fazenda Magali, desde 2000, e o conflito na gleba Terra Roxa, desde 2004.
Reforços
Por causa do clima de medo, a segurança na região de Colniza foi reforçada. Uma equipe dos policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi enviada ao local para ajudar na busca dos criminosos.
A Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso disse que mandou uma força-tarefa para trabalhar no caso, com 32 profissionais, sendo 19 policiais militares, quatro policiais civis, três bombeiros, quatro peritos e dois pilotos do Cioaper (Centro Integrado de Operações Aéreas).



O PANTANAL/G1

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