Duas crianças e três adolescentes eram mantidas trancadas em cômodo
sujo, diz polícia. A mãe foi solta após determinação da Justiça; o pai continua
preso.
Moradores depredaram a residência do casal após resgate de crianças (Foto: TVCA/Reprodução) |
A casa onde Natália Pereira dos Santos, de 32
anos, e o marido dela, Élio Roberto dos Santos, de 38 anos, moram no Bairro
Pedregal, em Cuiabá, Mato Grosso, foi depredada depois que os filhos do casal foram resgatados com fome
e sede em um quarto nos fundos da residência.
A Justiça
mandou liberar a mãe após audiência de
custódia. O pai continua preso por causa de um mandado de
prisão em aberto expedido pela Justiça de Goiás. O G1 não conseguiu localizar a defesa do casal.
Maria Gerluce
Alves, vizinha do casal, contou que moradores da região invadiram o local para
depredar a casa. “Tinha muita gente. Eles usaram pedra, pedaço de pau, o que
tinham. Alguém chamou a polícia, mas só acalmou com a chegada do reforço”,
disse.
Crianças e adolescentes viviam trancadas e em condições desumanas (Foto: Lislaine dos Anjos/G1) |
Os moradores se
revoltaram depois que os filhos do casal foram resgatados em condições
subumanas de um cômodo nos fundos da residência. Eles viviam sem energia
elétrica ou acesso à comida e água potável, deixando o local apenas para irem à
escola.
O local é sujo,
com odor fétido, e os colchões onde as vítimas dormiam, estavam úmidos. No chão
molhado, peças de roupas, cobertores e até material escolar foram encontrados
pelos policiais.
O odor fétido
também pode ser sentido no cômodo. O conselheiro tutelar Wagner Vinícius de
Lima, que assumiu o caso, define a situação como "terrível". Eles têm
idade enrre 6 e 14 anos.
Nos últimos
dias, o pai havia cortado a "mistura", como as crianças se referem à
comida completa, como um castigo de 30 dias, após a filha mais nova pegar um
garfo da casa principal e levar para o cômodo que dividia com os irmãos. Dessa
forma, nos últimos dias, as crianças viviam comendo arroz e feijão sem tempero
e mal cozido - muitas vezes azedos -, que eram fornecidos pelo pai.
Prisão e soltura
O casal foi
preso em flagrante por lesão corporal e tortura. Eles negaram as acusações
durante audiência de custódia. A mãe foi solta por ordem da Justiça.
Na decisão, o
juiz Mário Kono de Oliveira alegou que mantê-la presa seria aldo
"desnecessário" e que o afastamento dos pais poderia agravar a
situação, pois ela trabalha como atendente de padaria em um supermercado da
capital e é a única fonte de renda da família, devendo permanecer empregada
para garantir o pagamento de pensão aos filhos.
Já o pai,
continua preso já que possuía um mandado de prisão em aberto por um crime de
estupro de vulnerável expedido pela comarca de São Simão (GO).
G1/MT
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