O Ministério Público Eleitoral, após
receber representação de Wellington Ferreira, em outubro do ano passado,
ajuizou no dia 14 de dezembro, na Justiça Eleitoral de Monte Alegre, Pará, a
efetivação de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral, contra o vereador do
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e presidente da Colônia de
Pescadores (Z-11), Jorge Luís de Andrade Tavares, popularmente conhecido por
Jorginho.
De acordo com o relato de
Wellington Ferreira, pesa contra o parlamentar montealegrense sérias acusações
de fraude em documentos, com único e exclusivo objetivo de obter vantagens
ilícitas.
Segundo documento encaminhado
à Justiça Eleitoral pelo promotor da 19ª Zona Eleitoral, Dr. Luciano Augusto
Araújo da Costa, Jorginho supostamente cometeu o crime de abuso de poder
econômico. Na documentação, o Promotor Público solicita, além da instauração de
ação de investigação judicial eleitoral, que Jorginho, caso comprovadas as
irregularidades, sofra sanção de inelegibilidade para as eleições a se
realizarem nos próximos 8 anos, além da cassação de seu mandato atual.
OS FATOS: Segundo aponta o documento elaborado
pelo promotor Luciano da Costa, que teve como base as denúncias de Wellington
Ferreira e Dionísio Pereira Leão, o vereador Jorginho, “[…]concedeu de forma
fraudulenta Declaração de Exercício de Atividade Rural, documento indispensável
para a concessão de aposentadoria, tudo com objetivo de obter votos para sua
candidatura a Vereador, cargo público que já exerce e para o qual se reelegeu
nas últimas eleições municipais, bem como manter-se na presidência da Z-11. As
supostas fraudes foram descobertas por Dionísio Pereira Leão, presidente que
ficou em exercício no período em que o representado se licenciou para se
adequar à legislação eleitoral e concorrer ao cargo de Vereador (a partir do
mês de julho). A mais evidente fraude ocorreu na expedição da Declaração de
Exercício de Atividade Rural (DEAR) nº 300 do mês de julho de 2016, em favor de
Valmirá Rafael Leite, na qual, o representado, já licenciado da presidência da
entidade, supostamente teria fraudado o documento realizando uma espécie de
clonagem de um outro da mesma espécie já expedido em 05/08/2016, em favor de
Maria de Fátima Amorim Ramos. Os indícios da fraude se revelam pela observação
das DEAR’s de nº 299 e 301, datadas de 05/07/2016, o que demonstra que a de nº
300 também só poderia ter sido emitida nesta mesma data, e nunca no dia
30/05/2016, como consta no documento clonado pelo representado. Na DEAR
clonada foi inserida data falsa de filiação de Valmirá à Z-11, fazendo constar
10/04/2000 ao invés de 10/04/2008, e com isso o referido cidadão aumentou em 8
anos seu tempo de exercício de atividade rural, o que a beneficiou perante o
INSS para efeitos de aposentadoria”, diz o Promotor Público, acrescentando:
“Ressalta-se que a verdadeira DEAR que estava sendo preparada em nome de
Valmirá, seria a de nº 330 de julho de 2016, e foi rejeitada pelo presidente em
exercício por não conter a devida comprovação de atividade rural (pesqueira),
pois constavam provas de que ele nunca foi pescador. Outra fraude cometida por
Jorginho com objetivo de angariar votos para a sua candidatura ao cargo de
Vereador é apresentada na emissão da DEAR nº 204 de maio de 2016, em favor de
Rosalina de Carvalho Marques. Com base em tal documento, Rosalina conseguiu
aposentadoria sem que ela sequer conste como filiada à Colônia de Pescadores,
bem como nunca ter sido pescadora, fatos já comunicados pela Z-11 ao INSS para
as devidas providências”.
Ao emoldurar o suposto crime
praticado pelo vereador Jorginho, Dr. Luciano Augusto Araújo da Costa, promotor
de Justiça Eleitoral, expõe: “A conduta do representado [Jorginho] caracteriza
abuso de poder econômico na medida em que apta para afetar a normalidade e
legitimidade das eleições, pois praticadas de forma permanente, por atos que
desde a origem estão em desconformidade com o ordenamento jurídico, e
alcançando expressivo contingente de eleitores, violando dispositivos expressos
da legislação eleitoral. Os fatos acima expostos apontam para o uso do poder
econômico pelo representado [Jorginho], pois, na medida em que se utilizou
antes e durante a campanha eleitoral, para seu benefício político-eleitoral,
dos recursos que representam valor econômico da Colônia Z-11, dos quais detém o
poder, controle e gestão na condição de presidente, principalmente quando da
emissão falsa de Declaração de Exercício de Atividade Rural, para fins de
aposentadoria, desequilibrando a disputa eleitoral e influenciando no resultado
a legitimidade e normalidade das eleições”.
POLÍCIA FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL: Dionísio
Pereira Leão, que assumiu interinamente a presidência da Z-11, enquanto o
Vereador realizava sua campanha eleitoral, denunciou as possíveis fraudes
cometidas por Jorginho, também para PF e MPF, que abriram procedimentos para
apurar o caso, uma vez que as irregularidades praticadas atingem de forma
negativa os recursos de programas federais.
PESCADORES PAGAM “PROPINA” PARA OBTER SEGURO
DEFESO: Não é de hoje que a gestão do vereador
Jorginho à frente da Colônia de Pescadores de Monte Alegre é alvo de denúncias.
Em 2015 o parlamentar foi denunciado por enganar associados. Na época,
exercendo seu segundo mandato na entidade e primeiro no Poder Legislativo, já
envolvido a inúmeros episódios, continuava seu desejo de tirar proveito das
pessoas mais humildes e trabalhadoras, as mesmas que em sua maioria, lhes
confiaram o voto de representá-los.
A situação física da sede da
Colônia sofre com a falta de manutenção e com os fenômenos naturais, motivo
pelo qual há anos ele vem arrecadando dinheiro junto aos associados para
realizar os trabalhos necessários. No ano passado, realizou um Bingão, cuja
arrecadação seria para tal, mas nem sequer prestou contas com os associados.
Atualmente, criou uma taxa no valor de R$ 100,00 (cem reais) com a mesma
finalidade e sugere aos associados duas maneiras de efetuar o pagamento. 1)
Depositar na Conta Corrente de número 28.805-5 – Agência 0949, do Banco do
Brasil local; 2) Que efetue o pagamento na Tesouraria da CPZ-11.
O senhor Lourival Broni da
Costa, pescador profissional, afirmou que junto com o carnê de pagamento
recebem um aviso: “Quem não pagar a taxa, não terá direito ao próximo Seguro
Defeso!”. Entre tantas outras, existem inscrições de falsos pescadores e
pescadores, que recebem o Seguro Defeso com suspeitas de pagar propina ao
presidente e/ou a outros diretores recrutadores. Há quem afirme que, atualmente
para que alguém adquira pela primeira vez a Carteira da Secretaria Especial de
Aquicultura e Pesca – SEAP cobram R$ 500,00 (quinhentos reais). Essas e outras
aberrações/administrativas que são praticados diariamente naquela entidade
pública, devem ser investigadas pelos órgãos competentes e se comprovadas, seus
responsáveis devem responder na forma da lei. Outro fato envolvendo a Colônia
de Pescadores Z-11 de Monte Alegre e seus diretores envolvendo diretamente o
tesoureiro da mesma, senhor Paulo Baía dos Santos Júnior. Segundo relato do
pescador Lourival Broni da Costa, “o tesoureiro retirou de modo suspeito,
diversos documentos do interior da sede e os levou para locais não sabidos.
Tais documentos foram ensacados às pressas, que à medida que o sujeito se
afastava os documentos iam se perdendo. Parecia um foragido!”, finalizou o
denunciante.
RG 15/O
Impacto
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