Quando
os batuques começam, ninguém consegue ficar parado. As mulheres logo se
envolvem com as batidas e a cintura começa a se movimentar. Os
homens,
involuntariamente mexem os joelhos ou os pés. O ritmo, que contagia, é uma
mistura que sofreu influências do índio, do negro e do europeu – as três raças
que tornam única a identidade do povo brasileiro. E agora, o Instituto de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já está na fase final do
Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), que irá consolidar o
carimbó como patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil, por reunir e abranger
diversas manifestações e formas de expressão cênicas, plásticas, músicas e
lúdicas.
De
acordo com a técnica em Antropologia da Superintendência do Iphan no Pará, Larissa
Guimarães, a pesquisa para o projeto teve início em 2009 com as oficinas de
retorno, que percorreu diversos municípios paraenses e levantou informações com
106 grupos de Carimbó. “Esta etapa final consiste na apresentação dos
resultados das oficinas, onde são levantados os bens culturais. Outras cidades
ainda serão visitadas”, enfatiza.
As
oficinas irão percorrer ainda Maracanã, Salvaterra e Marapanim, onde o carimbó
tem uma forte representação cultural. Inclusive, a cidade promove todo ano um
festival que dura três dias. Belém será a última cidade onde as oficinas irão
acontecer.
No
total, o Pará tem 160 grupos de carimbó reconhecidos oficialmente e o ideal é
que o inventário conte com a participação de todos eles. Os grupos estão
espalhados por, pelo menos, 39 municípios paraenses. “Nas oficinas também
ocorrem atividades como a confecção de flautas artesanais do carimbó, que já
apresenta um número reduzido de flautistas que tocam o instrumento”, comenta
Larissa.
A
técnica em antropologia ressalta também que, após as oficinas, um dossiê será
feito para compor a etapa final do processo. “Em paralelo, haverá a finalização
de vídeo sobre o carimbó. Há a preocupação em complementar os dados já
levantados, com inclusão de entrevistas e contatos, correções de informações,
complementações de dados”, acrescentou Larissa. A estimativa é que em menos de
um ano os trabalhos estejam concluídos.
Tradição
Em
2009, a Dança do Carimbó foi declarado Patrimônio Cultural e Artístico do
Estado, por meio da lei nº 7.345, porque representa as tradições e os costumes
locais. A partir daí o carimbó passou a ser incluído nos calendários histórico,
cultural, artístico e turístico do Pará. No mesmo ano, em Marapanim, uma lei
municipal instituiu o dia 5 de dezembro como o Dia Municipal do Carimbó. Desde
então, nesta data, a cidade amanhece com um carro-som fazendo a alvorada
musical pelas ruas, com músicas compostas pelos metres marapanienses.
Diário
do Pará
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