Uma mochila com a cabeça de um homem
que era marido de uma soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro
de São Carlos, na Zona
Norte do Rio, foi deixada na porta da casa da família,
em Realengo, na Zona Oeste da cidade, na madrugada desta terça-feira. A vítima
foi identificada como João Rodrigo Silva Santos, de 35 anos
.
A informação sobre o assassinato é de
policiais militares do 14º BPM (Bangu). Eles ficaram no local até a chegada de
uma equipe da Divisão de Homicídios (DH). A cabeça foi levada num rabecão para
o Instituto Médico-Legal (IML).
Sequestro antes de
morte
Segundo Afonso Silva, irmão da soldado
Geísa Silva, de 31 anos, João Rodrigo estava desaparecido desde a noite de
segunda-feira. Ele foi sequestrado quando fechava sua loja de suplementos
alimentares, também em Realengo. O carro dele, um Hyundai i30, foi levado pelos
bandidos e ainda está desaparecido.
Ao ver que o marido demorava para
chegar em casa e sem conseguir contato com ele, Geísa ligou para o 14º BPM às
21h. Uma hora depois, procurou a 33ª DP (Realengo) para registrar o
desaparecimento de João. Afonso contou que o casal estava junto havia 11 anos.
- Nós agora só queremos saber onde está
o corpo do meu cunhado. Não temos ideia do que motivou o assassinato. Queremos
Justiça e também que Realengo melhore. A região está muito violenta - disse
Afonso.
Ele contou que João já foi jogador de
futebol. A carreira durou nove anos - entre 1996 e 2005 -, durante os quais
marcou 33 gols em 103 partidas. O comerciante era atacante, conhecido pelo
apelido de Herói Humilde, e passou pelo Bangu, Madureira, Boavista, Volta
Redonda, Tigres, Duque de Caxias, Olaria e Bonsucesso - times que disputam o
Campeonato Carioca. Ele também jogou no paraense Remo, no Botafogo de Brasília
e ainda em clubes fora do Brasil - o Oster, da Suécia, e o Olimpia, de
Honduras. João deixou o esporte para se dedicar ao comércio.
Vizinhos que moram em frente à casa da PM contaram que ouviram a mulher gritando, por volta das 5h30m: "Meu Deus, é o João! É a cabeça do João!".
- Era um casal feliz, uma família
tranquila. Não dá para saber o que pode ter motivado um crime estúpido como
esse - disse um vizinho, que pediu para não ser identificado.
Policiais da Corregedoria da PM foram à
casa da soldado para conversar com ela. A policial está na DH para prestar
depoimento.
Criminosos
conheciam a rotina da família, diz polícia
Chefe de investigação da DH, Rafael
Rangel contou que João foi rendido na porta de sua loja por dois homens, um
deles armado, às 19h45m. Um terceiro ficou na cobertura, em outro carro - possivelmente
um Astra. Os bandidos colocaram o comerciante no banco do carona de seu carro e
seguiram com ele. A movimentação foi flagrada por uma câmera instalada na rua.
A polícia analisa as imagens.
Ainda de acordo com Rafael, os bandidos
conheciam a rotina da família. Os investigadores já sabem que João não tinha
passagens pela polícia e o motivo do crime continua desconhecido.
- Nâo há dúvida de que foi uma
execução. Nada é descartado. Aguardamos os laudos da perícia feita no local
(onde a cabeça foi encontrada) e também do IML. Pedimos que - disse o chefe de
investigação.
Em depoimento, a soldado Geísa disse
que o casal não sofria ameaças. Ela continua sendo ouvida.
Extra
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