Uma tragédia que vitimou praticamente uma família inteira parou o
bairro de Águas Brancas, em Ananindeua. O que seria apenas um descanso
vespertino transformou-se em momentos de terror, lamentações e morte.
Uma família proprietária de uma tradicional panificadora
localizada na rua 2 Junho, realizou todas as suas atividades matutinas,
servindo à comunidade o pão de cada dia, encerrando o expediente no horário do
almoço, para se recolher ao lugar de descanso diário, um kit-net anexo aos
fundos da padaria da família.
No único cômodo que abrigava os quatros membros da família, pai,
mãe e os dois filhos, lugar em que todos os dias eles se reuniam, passavam os
momentos em família, contabilizavam os ganhos da labuta diária, três deles
passaram os últimos minutos de vida. Benedito Valdinei Cunha de Oliveira, 34
anos, Lisandra Souza Silva, 29, e o filho caçula de quatro anos de idade.
Um incêndio de grandes proporções que, segundo o Corpo de
Bombeiros, pode ter sido causado por um curto-circuito, matou quase que a
família inteira.
Por volta das 14h de ontem, enquanto descansavam, o filho mais
velho, de nove anos, se levantou primeiro, como de costume, e se dirigiu à
padaria que fica na frente do cômodo. Minutos depois, os funcionários do
estabelecimento ouviram um grande barulho e, correram em direção ao quarto da
família. O fogo já havia tomado conta de toda a parede e da única porta que
dava acesso ao compartimento, impossibilitando qualquer tipo de ajuda.
Funcionários e vizinhos acionaram o Corpo de Bombeiros. Eles ainda
jogaram água em direção às chamas, mas não foi suficiente para apagá-las.
Após conter o fogo, os bombeiros entraram no estabelecimento e se
depararam com uma cena que causava muita dor: pai, mãe e filho morreram
abraçados, carbonizados pelo fogo.
Segundo o soldado BM Sales, as condições do quarto impediram que
eles buscassem alguma alternativa de fuga para sobreviver. “O kit-net era de
apenas um compartimento. Não tinha janelas ou qualquer outra entrada e saída de
ventilação. Não havia outra maneira de sair a não ser pela porta, mas ela
ficava exatamente na parede que foi tomada pelas chamas”, disse.
Ele continuou falando da cena que presenciou ao entrar no quarto.
“Eles ficaram encurralados pelo fogo no canto do quarto. Não tinham por onde
sair, então se abraçaram, morreram abraçados, pai, mãe e filho”, finalizou.
Benedito Castro de Oliveira, pai do padeiro que morreu no
incêndio, também acredita na hipótese de problemas na fiação como causadora do
incêndio. “Meu filho era padeiro experiente. Não teve nenhum problema com o
forno, como falaram. Ele nunca teve problema com isso. Só pode ter sido mesmo
problema com eletricidade”, relatou.
O capitão Pablo Oliveira, do Corpo de Bombeiros, revelou ao DIÁRIO
a avaliação que foi feita no imóvel. “Somente a perícia vai poder dizer as
reais causas do incêndio, mas verificamos que, por ser apenas um cômodo, eles
colocaram apenas uma tomada, onde todos os eletroeletrônicos e eletrodomésticos
estavam ligados. Isso é um grande risco e pode ter sido o causador de toda essa
tragédia, mas só a perícia vai poder dizer com exatidão o motivo”, contou.
Ainda segundo o capitão, “o fogo tomou conta de todo o quarto e o
teto ainda desabou em cima das vítimas”.
Os corpos foram removidos para o Centro de Perícias Científicas
Renato Chaves para os procedimentos legais. O laudo com as causas do incêndio
deve sair em pelo menos 15 dias.
Diário do Pará
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