Cerca de 495 mil jovens paraenses de 15 a 29 anos não estuda e nem
trabalha, o que representa uma em cada quatro pessoas dessa respectiva faixa
etária. O número - que representa 22,5% da população de 15 a 29 anos do Estado
- é maior do
que as populações das cidades de Porto Velho (RO) e Florianópolis
(SC), por exemplo, que, de acordo com o Censo 2010, registram 410 mil e 404 mil
habitantes, respectivamente. O dado foi divulgado ontem pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no estudo Síntese de Indicadores
Sociais (SIS) 2013, com base na Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios).
Segundo a pesquisa, a Região Metropolitana de Belém (RMB) registra uma
proporção ainda maior de jovens da geração "nem-nem" (nem estuda nem
trabalha). São 23,7% de adolescentes e jovens nessa situação: quase 100 mil
pessoas. Essas médias são maiores que os índices nacionais que indicaram 19,6%
dos jovens nesse grupo de idade - 9,6 milhões em todo o País. No geral,
Tocantins apontou a maior parcela de jovens sem ocupação alguma (27,8%) e Santa
Catarina, a menor, 12,7%. Entre as regiões, o Norte teve uma proporção de 21,9%
de jovens sem estudar e trabalhar, atrás apenas do Nordeste, que registrou
23,9%.
Ainda nessa análise, a pesquisa apontou que a maioria dos jovens do Pará
só trabalham. A proporção é de 41% em todo o Estado e de 33,9% na região
metropolitana. Dentre os que só estudam, os percentuais são de 23,5% e 32,1%,
respectivamente, sobretudo entre os adolescentes de 15 a 17 anos. Nesse grupo,
os estudos são as únicas ocupações de 64,3% dos adolescentes do Estado e de
84,1% dos belenenses. Outros 13,1% dos morados do Estado com idade entre 15 a
29 anos trabalham e estudam. Na RMB, essa fatia é de 10,2%.
"Não significa que são encostados ou que são um bando, mas é um
fator preocupante, porque não é possível que pessoas desta idade não estudem
nem trabalhem", diz a técnica do IBGE Ana Saboia. Segundo a pesquisadora,
os dados não permitem apontar as razões para número tão significativo da chamada
"geração nem-nem", mas, com relação às mulheres, a necessidade de
cuidar dos filhos é um fator que contribui para não terem atividades
produtivas. A proporção de jovens que não vão à escola e não têm emprego se
mantém estável no País, com pequena redução: nos últimos dez anos, em 2002,
eram 20,2% da população nesta faixa etária.
Os indicadores nacionais mostram que 70,3% dos jovens que não trabalham
e não estudam são mulheres. Dessas jovens que não têm atividade produtiva,
58,4% tinham pelo menos um filho. A maior parte dos jovens "nem-nem"
(38,6%) tem ensino médio completo, ou seja, deveria ter seguido para um curso
superior ou ingressado no mercado de trabalho. No outro extremo, um porcentual
também alto, de 32,4%, sequer completou o ensino fundamental.
"É importante enfatizar a relação entre estudo e maternidade.
Nota-se que, entre as mulheres de 15 a 17 anos de idade que não tinham filho,
88,1% estavam estudando; para aquelas que tinham um filho ou mais, somente
28,5% estudavam e 68,7% delas não estudavam e nem completaram o ensino médio,
que seria o adequado para estarem cursando", completa a técnica.
Em relação à educação, a pesquisa mostra um percentual no Pará de 14,4%
de pessoas acima dos 25 anos ainda sem instrução (600 mil). Na RMB, esse grupo
é de 6,4% ou 81,8 mil. Sobre a taxa de frequência líquida a estabelecimento de
ensino, ou seja, a proporção de pessoas de uma determinada faixa etária que
frequenta escola na série adequada, o estudo apontou que 91,4% dos que cursam o
ensino fundamental estão na idade correta (6 a 14 anos); 38,1% do ensino médio
tem entre 15 a 17 anos; e apenas 8,3% dos que estão no ensino superior estão na
faixa-etária adequada, 18 a 24 anos. Na região metropolitana, essas proporções
são 92,5%, 48,3% e 15,2%, respectivamente.
Filhos
Os dados do IBGE mostraram ainda que a taxa de fecundidade em 2012 no
Pará foi de 2,3 filhos por mulher. O número ainda está bem acima da média
nacional, que apontou 1,8 filho. Unidades da federação como o Distrito Federal,
São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentaram
indicadores inferiores a 1,6. Outro dado que chama a atenção no estudo, é a
condição das moradias particulares que residem as crianças com idade de 0 a 14
anos. Segundo o IBGE, 52% delas não tinham abastecimento de água de rede geral;
90,9% não possuem esgotamento sanitário de rede geral ou fossa séptica; 33,9%
não tem coleta de lixo direta ou indireta; e 26% tem todas formas de saneamento
inadequado, simultaneamente.
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