A sétima edição da Feira
Internacional da Amazônia (FIAM), foi celebrada pela classe empresarial e
política como uma demonstração do poderio econômico da Zona Franca de Manaus.
Entretanto, o clima de festa e bons negócios durante a Feira encerrada neste sábado
(30), foi acompanhado pelas incertezas quanto ao futuro da ZFM.
Durante a FIAM, o Jornal A
Crítica conversou com executivos de grandes empresas do Polo Industrial de
Manaus e todos demonstraram suas preocupações sobre duas questões: a
prorrogação da Zona Franca de Manaus por mais 50 anos e a definição da
minirreforma fiscal proposta pelo Governo Federal, que tenta unificar as
alíquotas do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e acabar
com a “guerra fiscal”.
Na opinião do gerente de
relações institucionais da Moto Honda da Amazônia, Mário Okubo, a indefinição
quanto à prorrogação da Zona Franca trava novos investimentos no PIM,
principalmente de empresas mais tradicionais. “As empresas estão segurando os
investimentos. Temos que pensar que 2013 é um ano de corte. A Zona Franca só
está garantida até 2023. E se continuar assim, ninguém vai querer investir
alto, pois o prazo de retorno é de 10 anos. A situação é preocupante, mas tenho
a convicção que a prorrogação vai ser aprovada em breve”, destacou Okubo. “O
ICMS interestadual ainda não foi definido, mas a alíquota que o Governo está
negociando ainda dá uma boa margem competitiva para a Zona Franca. A Honda,
poderia continuar aqui tranquilamente. Vamos aguardar que tudo se resolva. A
Honda é o maior empreendimento do PIM”, completou.
De olho
Gerente senior da Samsung,
que está presente há 18 anos no Estado e emprega cerca de 6 mil trabalhadores,
Rui Procópio contou que a multinacional coreana acompanha e discute todas as
movimentações da PEC da prorrogação e da minireforma fiscal. Ele adota um
discurso otimista. “O Governo do Estado tem feito um esforço muito grande para
manter a competitividade da Zona Franca. A Samsung é líder eletrônica em
diversos segmentos. Para que esta parte da empresa se estabeleça de vez em
Manaus, precisamos ter certezas sobre a ZFM”, argumentou Rui.
Eduardo Musa, presidente da
Caloi (empresa que foi comprada em agosto pelo grupo canadense Dorel) foi
taxativo na hora de falar sobre as indefinições que cercam a ZFM. “O grupo
Dorel está fazendo investimentos acreditando na manutenção da Zona Franca.
Agora, se a competitividade da ZFM for afetada, vamos precisar refazer contas.
Se pensarmos que hoje produzimos perto de 1 milhão de bicicletas aqui na nossa
fábrica e 5 milhões na China, em indústrias terceirizadas, não seria tão
complicado assim, transferir toda a produção para lá, caso a Zona Franca
perdesse os incentivos”, alertou.
Investimento
Diretor administrativo da
unidade da BIC em Manaus, Antônio Maria Baia destacou que a companhia deve
investir R$ 40 milhões na ampliação da estrutura e produção de sua planta no
PIM até 2015. Estes investimentos não serão afetados, pois são frutos do
planejamento de anos da empresa. “A BIC olha para o futuro e sempre planejamos
todos os nossos passos com bastante antecedência. Assim, logicamente, os
futuros investimentos da nossa companhia dependem destas definições das
garantias da Zona Franca”, frisou o diretor.
Na visão do gerente geral
da Harley-Davidson do Brasil, Celso Ganeko, apesar de o mercado de motocicletas
de altas cilindradas não ter sido afetado pelas crises recentes do setor de
duas rodas, as incertezas da ZFM acabam fazendo com que o setor ligue o sinal
de alerta. “A maioria das empresas que possuem capital estrangeiro, ficam
preocupadas quando se fala em guerra fiscal. O investidor fica com receio de
colocar dinheiro e perder os incentivos. A postura de quase todos está sendo
aguardar que tudo se resolva, para retomar os investimentos”, contou.
A Crítica
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