Após oito horas de protesto que resultou na destruição de
carros, prédios e barcos da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Humaitá (a 600 quilômetros de
Manaus, Amazonas) na noite de Natal (25), promovido por mais de 3 mil pessoas, a
Polícia Militar enviou, nesta quinta-feira (26), reforços para conter a
violência no município.
A situação na tarde de quinta, porém, pegou
fogo no município vizinho de Apuí (a 220 quilômetros da capital). O conflito é
motivado pelo desaparecimento de três pessoas, supostamente dentro da Terra
Indígena Tenharim, na altura do km 200 da rodovia Transamazônica.
Informações de Apuí indicam que 16 picapes,
com gente armada dentro, se deslocaram para o km 180 da BR-230, a
Transamazônica, no distrito de Santo Antônio do Matupi e de lá poderiam partir
rumo a Terra Indígena Tenharim.
Mais de 140 indígenas, entre crianças, homens,
mulheres e idosos, já estariam abrigados no 54° Batalão do Exército
Brasileiro, em Humaitá, temendo represálias da população.
Reforço
policial
O reforço da tropa vai apoiar o 4° Batalhão da Polícia
Militar (BPM) de Humaitá, a fim de evitar mortes nos conflitos e mais danos ao
patrimônio público. São 38 homens do Batalhão de Choque da PM especializados em
situação de conflito que ficarão no município por tempo indeterminado. O
efetivo de Humaitá é, atualmente, de 120 PMs.
Um grupo de 30 policiais ficará em Humaitá e o
outro com oito homens vai para Apuí. O primeiro grupo embarcou de Manaus para o
município às 6h e o segundo às 9h, em aeronaves fretadas pela Casa Militar. Em
cada grupo há um especialista em mediação e negociação de conflito.
Conforme o comandante da PM , Almir David, a
ordem é usar a diplomacia até a última instância. No entanto, outros 100 homens
do Comando de Policiamento Especial (CPE), Cavalaria e da Ronda Ostensiva
Cândido Mariano (Rocam) estão de prontidão para reforçar o contingente em
Humaitá caso os protestos evoluam, afirma David.
O envio dos policias pode ocorrer em pouco
tempo, explica o comandante, porque a PM conseguiu o apoio da Força Aérea
Brasileira (FAB) com aeronaves de grande porte.
Um agente da inteligência da PM também
embarcou ontem para Humaitá. Ele tem a missão de identificar as pessoas que
iniciaram a destruição do patrimônio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e
encaminhar um relatório com a Polícia Civil.
Segundo David, o intuito é fazer com que a
prisão preventiva dos autores da depredação seja pedida. O comandante informou
que acionou o Ministério Público do Estado (MPE) para acompanhar o caso. “A
ideia é identificar as pessoas que cometeram o delito para que elas sejam
punidas”, disse.
David esclareceu que a PM não pode intervir em
terra indígena, uma vez que a competência é da Polícia Federal e Força
Nacional, mas aguarda resposta da PF para ajudar nas buscas aos três
desaparecidos. Caso a PF aceite a ajuda, a PM levará cães farejadores para
auxiliar nas buscas.
David contestou a afirmação do vereador de
Humaitá, Edvaldo França, que “a PM perdeu o controle da situação”. “Nesse caso
a PM não perdeu o controle, mas recuou para evitar perdas e lesões corporais à
população. O procedimento foi para a preservação da vida”, destacou.
Animosidade
em Humaitá diminuiu
O clima em Humaitá foi calmo durante a
quinta-feira e não lembrou à revolta e tensão da noite anterior. Segundo a
Prefeitura do município amazonense, só o prédio do Centro de Zoonoses foi
atingido. A prefeitura disponibilizou apoio a população e encaminhou um oficio
os órgãos federais pedindo apoio para acabar com o conflito.
Vereador
em Humaitá, Edvaldo França, é sargento da Polícia Militar, informou que o risco
é que o mesmo protesto violento ocorra em Apuí. Para ele, os moradores do
município também estão perdendo a paciência na falta de resposta sobre a
localização do professor de Apuí, Stef Pinheiro.
Federais
O superintendente da Polícia Federal de
Rondônia, Carlos Manoel Gaya da Costa, se reuniu ontem com os prefeitos de
Apuí, Porto Velho e Humaitá para tratar sobre o conflito. Durante coletiva de
imprensa em Porto Velho, ele explicou que a PF instaurou um inquérito para
investigar o desaparecimento das três pessoas.
A principal suspeita é que o desaparecimento
tenha ocorrido na terra indígena. Os indígenas negam que tenham participação no
caso. A PF concentrou os trabalhos nas buscas e espera encontrar todos com
vida, mas caso não seja possível, quer resgatar os corpos. As buscas estariam
sendo dificultadas pelos índios.
Até o fechamento desta edição, a Funai em
Brasília, não enviou nota com o posicionamento sobre o conflito envolvendo
indígenas, conforme prometido.
A Crítica
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