Antes de ser encontrada morta e amarrada a uma árvore
junto com o corpo do padrasto, Joaquim Lourenço da Luz, de 47 anos, a estudante
de enfermagem Loanne Rodrigues da Silva Costa, de 19, já havia sido agredida e
ameaçada. Segundo a polícia, em abril deste ano, a jovem, que morava em
Pirenópolis, região central de Goiás, chegou a ficar internada no Hospital de
Urgências de Anápolis (Huana) após levar uma paulada na
cabeça.
A família fez o registro da ocorrência na
delegacia da cidade, mas o agressor nunca foi descoberto. Dias após o fato, quando
já estava em casa se recuperando dos ferimentos, Loanne recebeu uma carta
anônima com várias ameaças de morte.
No bilhete, que consta no inquérito
policial, há uma frase que parece remeter ao episódio da agressão: "Como
você tem sorte de não ter morrido". Em outro trecho, Loanne é ameaçada:
"O inferno te espera". No fim da carta ainda está escrito: "Seu
dia chegará".
"Esse bilhete vai passar pelo exame grafotécnico
para tentarmos descobrir a autoria", disse ao G1o delegado responsável pelo caso, Rodrigo Luiz Jaime.
Depoimento
Loanne foi encontrada morta na terça-feira (17), no Morro do Frota, ponto turístico de Pirenópolis. Ela estava amarrada a uma árvore junto com o padrasto. Ambos estavam com ferimentos na barriga e alguns órgãos estavam do lado de fora do corpo.
A principal linha de investigação da
polícia é de que os dois tenham sido mortos
após uma explosão de dinamite provocada por Joaquim. A mãe de
Loanne, Sandra Rodrigues da Silva, prestou depoimento na quarta-feira (18) e
afirmou que não acredita que o marido, com quem foi casada durante sete anos,
tenha sido o responsável pelo crime.
“Não quero acreditar que seja ele porque ele era muito
bom para minha filha. Minha vida desmoronou. Desde o dia em que ela
desapareceu, estou sem comer e sem dormir. Não consigo fazer mais nada",
disse.
Além de Sandra, outros familiares e amigos
da menina também prestaram depoimento.
Planejado
De acordo com o delegado, a principal linha de investigação é a que o padrasto tenha planejado as mortes. “Corrente, corda, barraca e colchão [objetos achados na cena do crime], era tudo propriedade de Joaquim. A dinamite era da pedreira onde ele trabalhava”, afirma o delegado. Além disso, testemunhas disseram ter visto o padrasto na área de preservação ambiental horas antes do fato.
Mãe de Loanne coloca rosas no túmulo da filha (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) |
Os corpos de Loanne e do padrasto foram enterrados na
manhã de quarta-feira (18), no cemitério de Pirenópolis. O velório aconteceu durante
toda a madrugada com os caixões fechados. Segundo o irmão da jovem, o enterro
foi muito emocionante e reuniu centenas de pessoas. “Estou triste, deprimido.
Ela estava feliz, tinha ido no morro pensando em tirar foto, de boa. Não faço
ideia do que possa ter acontecido”, afirmou Luan Rodrigues da Silva Costa, 17.
Desaparecimento
De acordo com o sargento do Corpo de Bombeiros João Pereira Rosa, a jovem e o padrasto tinham ido até o parque na tarde do dia anterior para tirar algumas fotos do local. Como anoiteceu e eles não retornaram, familiares pediram ajuda à corporação.
Cerca de 18 militares trabalharam nas
buscas, mas não conseguiram encontrá-los. Os corpos só foram localizados por
volta das 13h por um homem que passava pelo local. Ele acionou os bombeiros.
Pertences das vítimas, como celulares e uma bolsa,
estavam no local. A perícia localizou ainda uma barraca queimada a 100 metros
da cena de crime.
Horas depois de saber da morte da filha, a
mãe de Loanne declarou ao G1: "Ainda estou em
choque. Não sei como vou suportar. Estou sem chão".
A menina cursava o 4º período de do curso
de enfermagem em uma faculdade de Anápolis, a 55 km de Goiânia. Segundo o
mototaxista Joeli Aparecido da Costa, pai da jovem, o principal sonho dela era
ser socorrista. "O sonho dela era ser bombeira, trabalhar no Samu [Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência]. Para isso, fazia faculdade de enfermagem.
Sempre gostou de cuidar das pessoas, era muito humilde. Todos eram amigos
dela", recorda.
G1/Goiás
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