Enfermeira citou
político como beneficiário em esquema que desviou mais de R$ 112 milhões da
Saúde
Senador Omar Aziz E Nejmi Aziz |
Na tarde desta terça-feira (14), na sede da Justiça Federal ocorreu o depoimento de pessoas envolvidas no desvio de dinheiro de recursos da saúde pública do Estado do Amazonas, presas pela Polícia Federal na operação que recebeu o nome de “Maus Caminhos”. O médico e empresário Mohamad Moustafa é apontado como líder do esquema de desvio de dinheiro.
O procurador Alexandre Jabur confirma que delatora Jennifer Nayiara, umas das primeiras a ser ouvida, cita o senador Omar Aziz (PSD) como um dos beneficiados no recebimento dessas propinas. Questionado pelos jornalistas se no depoimento de Jhennifer ela cita nome algum político como o senador Omar Aziz (PSD), o procurador confirma.
“Foi citado sim, por essa razão a juíza determinou que os autos fossem ao Ministério Público para que seja dado o encaminhamento, pessoas com de foro privilegiados não são investigadas em primeira instancia então os fatos serão encaminhados a quem de direito. Não sei precisar de cabeça, mas ele era beneficiário em alguma medida de propina, mas isso será apurado inclusive já existe um inquérito no Supremo tribunal Federal”, disse o procurador.
Entenda o caso
As investigações constataram que o Instituto Novos Caminhos (INC) concentrava repasses vultosos feitos pelo Fundo Estadual de Saúde do Estado do Amazonas. De abril de 2014 a dezembro de 2015 foram repassados ao INC mais de R$ 276 milhões. Em análise feita pela CGU foi constatado que o INC recebeu R$ 153 milhões a mais para a gestão de 165 leitos de baixa complexidade que o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto aplicou para a gestão de 378 leitos de alta complexidade.
A partir de então, foi identificada uma série de fraudes nos contratos de serviços de saúde, que ocorriam pela contratação de empresas comandadas direta ou indiretamente pelo médico e chefe da organização investigada, Mouhamad Mostafa.
Ele é sócio -administrador da Salvare Serviços Médicos Ltda e da Sociedade Integrada Médica do Amazonas Ltda (Simea), e controlava ainda a Total Saúde Serviços Médicos e Enfermagem Ltda, por meio de procuração emitida pela presidente do INC.
Mostafa é acusado de realizar articulações junto ao governo para obter acesso às verbas públicas de saúde e, assim, conseguir as liberações de pagamentos junto às secretarias de governo.
Depoimentos
A primeira a ser ouvida pela Justiça Federal foi a enfermeira Jennifer Nayiara e Rufino Corrêa da Silva, que aceitou participar a delação premiada.
Ela disse que se tornou presidente do Instituto Novos Caminhos porque era ameaçada pelo médico Mouhamed Mustafa, mas que não tinha poder de decisão. Ela confirmou ainda o fornecimento de medicamentos com valores acima e a quantidade inferior que na nota fiscal.
Durante a tarde foi a vez do empresário Alessandro Viriato Pacheco ser ouvido pela Justiça. Ele era sócio de uma das empresas fornecedoras do Instituto, responsável por serviços como limpeza e lavanderia.
Alessandro disse que devolvia 33% do valor que recebia pelos serviços por mês. Ele contou que chegou a entregar para Priscila Coutinho, sócia de Mouhamed Mustafa, a quantia total de cerca de R$ 10 milhões.
A terceira ré foi Priscila Marcolino Coutinho. Ela não respondeu a nenhuma pergunta e se reservou ao direito de permanecer calada.
Ao fim dos depoimentos, Jabur comentou sobre as afirmações feitas pelos réus. “Eu acho que a gente avançou bastante na busca pela verdade. Tanto a colaboradora Jennifer, quanto o Alessandro confirmaram os fatos que nós colocamos na denúncia e isso vem a corroborar a acusação. Então nós entendemos que os fatos que foram apurados trouxeram mais robustez para nossa tese de acusação”, completou.
O depoimento do médico Mouhamed Mustafa, apontado como chefe do esquema, foi adiado para a sexta-feira (17), após problemas na escolta policial dele para o Fórum Ministro Henoch Reis, em Manaus.
CM 7 (Observatório Manaus e G1)
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