Religioso diz que pesquisas em mapas sobre
origem de Santarém podem dar novos rumos à história do Brasil
Pesquisas realizadas em mapas
históricos desenhados por navegadores europeus revelam que Santarém, localizada
na foz do rio Tapajós, no oeste do Pará, pode ser a cidade mais antiga do
Brasil e uma das primeiras civilizações do Continente Americano. Segundo o
padre e historiador Sidney Canto, em vários mapas antigos feitos nos anos de
1500, antes da chegada de Pedro Teixeira, aparece desenhada uma cidade, na foz
do rio denominado de “Topayos”. Já a cidade que aparece no local foi denominada
de “Humos”.
De acordo com padre Sidney, essa
civilização teria dado início à atual Cidade de Santarém, a qual anos depois
viria a ser dominada pelos portugueses. “Sim. Essa cidade foi descoberta e
nomeada muito antes de Pedro Teixeira, que foi o primeiro português a navegar
com sua esquadra no rio Amazonas”.
Caso os relatos através de mapas
históricos sejam comprovados, a versão de que o português Pedro Álvares Cabral
descobriu o Brasil, ao chegar na Baía Cabrália, onde avistou o Monte Pascoal,
em Porto Seguro, no atual Estado da Bahia, no ano de 1500, poderá sofrer
modificações.
Historiadores relatam que o
descobrimento do Brasil foi casual, em função de um acidente de percurso no
caminho para a costa ocidental da Índia. A expedição de Cabral se desviou da
rota na costa africana, e impulsionada por fortes ventos se aproximou da costa
brasileira, chegando onde hoje se localiza o Extremo Sul da Bahia e a Costa do
Descobrimento.
Cabral avistou a terra firme em
21 de abril de 1500, conforme a carta de Pero Vaz de Caminha: “Na distância de
dez léguas onde tínhamos levantado ferro, acharam os ditos navios pequenos um
recife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma mui larga
entrada”. O Monte Pascoal, 62 quilômetros ao sul de Porto Seguro, era o lugar
avistado.
Devido às condições climáticas
tempestivas, Cabral e sua esquadra rumaram para o norte à procura de um porto
seguro. Após 60 quilômetros de navegação em águas brasileiras, as caravelas
encontram um recife, Ilha de Coroa Vermelha, com um porto dentro, largo e
seguro, Baía Cabrália, onde lançaram as âncoras. Em 22 de abril, os portugueses
desembarcaram e deram o primeiro passo no Novo Mundo, que foi chamado de Terra de
Vera Cruz.
O nome Brasil foi dado pelos
portugueses, que queriam fazer uma cruz e iniciar uma pregação religiosa. A
madeira encontrada para a construção foi a da árvore Ibirapitanga, que na
língua tupi-guarani, quer dizer pau-brasil. Assim, surgiu a inspiração para batizar
a terra com o atual nome do País.
Por outro lado, o padre Sidney
Canto conta que antes dos portugueses, os espanhóis navegaram pelos rios da
atual região Amazônica. “Esses mapas foram descobertos pelo almirante Max Justo
Guedes e já foram publicados em livros. Para a publicação, o almirante contou
com apoio do Ministério da Cultura”, conta.
De acordo com ele, em sua última
viagem ao Rio de Janeiro, se entreteve com muitas pesquisas tanto no Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro quanto na Biblioteca Nacional. Padre Sidney
acrescenta que entre diversos documentos que lhe chamaram a atenção, estavam os
mapas que foram desenhados nos anos de 1500, entre eles, alguns mostrando a
Amazônia.
“Esqueça o que aprendemos na
Escola. Muitas coisas que nossos professores nos ensinaram sobre nossa história
estão mudando. Novas descobertas documentais e arqueológicas têm revelado uma
nova luz, uma nova visão sobre o passado das muitas ‘Amazônias’ que existem ou
já existiram”, asseverou o religioso.
QUESTIONAMENTO HISTÓRICO: Em um desses mapas,
segundo padre Sidney, desenhado há apenas 20 anos depois da passagem de
Francisco de Orellana, pelo cartógrafo da Casa de laContratación de Sevillo, o
espanhol Diego Gutierrez, mostra o “Rio de Topayos”. Ele revela que já se trata
de um documento de 1562 que já menciona o rio, que hoje banha o município de
Santarém, desaguando no rio Amazonas, em frente à sede da cidade.
“Como se pode ver, Pedro
Teixeira ainda nem era nascido quando o ‘Rio de Topayos’ já era conhecido pelos
Espanhóis. Ou seja, a atribuição de que Pedro Teixeira ‘descobriu’ o rio
Tapajós, mais de 80 anos depois dos espanhóis é questionável. Aliás, antes de
Pedro Teixeira, não somente os espanhóis estiveram na foz do rio Tapajós.
Franceses, ingleses e, principalmente holandeses, mantinham comércio e relações
com os indígenas que habitavam o lugar que hoje conhecemos por Santarém”, disse
padre Sidney.
EXPLORADOR PORTUGUÊS: Pedro Teixeira foi um
português explorador que se tornou, em 1637, o primeiro europeu a viajar toda a
extensão do Rio Amazonas. Ele nasceu em Cantanhede, a data de seu nascimento é
desconhecida. Suas façanhas são consideradas notáveis, mesmo pelos padrões de
hoje. Por causa de Pedro Teixeira e outros portugueses que se impulsionaram
para as profundezas da Amazônia, Portugal foi capaz de obter muito mais da
América do Sul a partir de suas espanholas concorrentes do que o Tratado de
Tordesilhas havia concedido em 1494. A expedição de Pedro Teixeira tornou-se a
primeira simultaneamente a viajar até o alto rio Amazonas. Ele foi chamado
pelos nativos indígenas Curiua-Catu, significando o “bom e amigável homem
branco”.
ATUAL HISTÓRICO DE SANTARÉM: Fundada
em 22 de junho de 1661, Santarém é uma das cidades mais antigas da região da
Amazônia. Em 1758 foi elevada à categoria de vila e quase um século depois em
consequência de seu notável desenvolvimento foi elevada a categoria de cidade,
em 24 de outubro de 1848. Está incluída no plano das cidades históricas do
Brasil, sendo uma das mais antigas e culturalmente significativas cidades do
Pará.
Em 2017, Santarém completou 356
anos de fundação, quando sua população foi estimada pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) em 296. 302 mil habitantes, sendo então o
terceiro município paraense mais populoso, o sétimo mais populoso da Região
Norte e o 83º mais populoso município do Brasil. Ocupa uma área de 22. 887,080
km², sendo que 97 km² estão em perímetro urbano.
Por: Jefferson Miranda
RG 15/O Impacto
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