As
autoridades argentinas continuam com as buscas para tentar localizar o
submarino ARA San Juan, que estava em uma missão de treinamento e desapareceu
na última quarta com 44 tripulantes a bordo.
O submarino de origem alemã ARA San Juan, que desapareceu na Argentina, em registro de 2014 | Foto: Divulgação |
A
Marinha argentina revelou que, no último contato, o subcomandante afirmou que a
embarcação apresentava um curto-circuito no sistema de baterias.
O
submarino fazia o trajeto entre o Ushuaia, no sul do país, e a base naval de
Mar del Plata, mais ao norte, quando deixou de se comunicar e sumiu dos
radares. Segundo a Marinha, a tripulação teria comida e oxigênio para mais dois
dias.
O
governo argentino conta com a ajuda de vários países para realizar as buscas,
incluindo Brasil e Estados Unidos.
Mas
quais são principais dificuldades em uma operação para localizar um submarino?
A BBC tenta responder a esta e a outras perguntas sobre o tema.
Por que submarinos não podem ser detectados?
Os
submarinos são construídos para serem difíceis de se encontrar. O papel deles é
participar, com frequência, em operações secretas de vigilância.
Segundo
o professor Robert Farley, da Universidade do Kentucky (EUA), émuito difícil
rastrear um submarino se ele estiver parado no leito marinho, uma vez que
nessas circunstâncias ele não fará nenhum barulho.
"O
ruído que seria captado pelo que conhecemos como um sonar passivo é distorcido,
e se parece como do fundo do mar", conta ele, que é especialista em
questões de segurança e assuntos marítimos.
Como os submarinos podem ser achados?
Existem
algumas formas de o capitão ou a tripulação tornarem sua localização conhecida
em caso de dificuldades.
Esses
métodos incluem enviar chamadas com sinalização para bases navais ou navios
aliados ou soltar um dispositivo que flutua até a superfície, mas continua
ligado ao submarino.
Quanto tempo sobrevive uma tripulação?
O
número de dias que uma tripulação pode sobreviver depende de quanto tempo eles
têm desempenhado funções debaixo d'água e quão bem preparados estão para ficar
sem energia.
"Se
as baterias estiverem carregadas e o ar renovado", diz Farley, "então
o cenário é esperançoso".
No
caso do ARA San Juan, ele explica: "O alcance externo parece ser de dez
dias, se eles estiverem bem preparados".
Como a tripulação é treinada para isso?
Um
dos treinos mais importantes para tripulantes presos debaixo d'água é diminuir
a respiração para conservar o oxigênio.
Eliana Krawczyk é a única mulher na tripulação do ARA San Juan |
Farley
diz, porém, que isso é algo muito difícil de treinar as pessoas a fazerem.
"Eu
imagino que eles seriam aconselhados a reduzir as atividades e a falarem menos
para poupar oxigênio."
As
condições, provavelmente de frio e umidade, podem ter um impacto ruim no ânimo
da tripulação, mas o pessoal a bordo costuma ser bem treinado e disciplinado.
Eles
provavelmente estabelecerão uma rotina para ficarem o mais confortável possível
enquanto diminuem seus movimentos e dão suporte uns aos outros, aguardando o
resgate.
O que pode ter dado errado?
Isso
permanece pouco claro no caso do submarino desaparecido ARA San Juan. Mas, diz
Farley, é possível que uma falha elétrica possa ter ocorrido, diante dos
relatos de curto-circuito no sistema de baterias.
Essa
avaria mecânica pode desligar tanto os motores quanto o sistema de comunicação,
explica.
Um módulo pressurizado dos EUA foi enviado à Argentina para resgatar a tripulação quando o submarino for encontrado | Foto: Daniel Moreno/US Southern Command |
Existe um plano para esses incidentes?
No
caso de uma embarcação submergir por falhas mecânicas, alguns procedimentos
podem ser implementados para ajudá-la a emergir.
Para
controlar a flutuação, o combustível ou os tanques de lastro - que podem
adicionar peso - podem ser esvaziados e usados para levantar o submarino.
Nesses
casos, o diesel ou o lastro são liberados, esvaziando os tanques e os
compartimentos, que então são preenchidos com ar.
Submarinos
também têm pequenos hidroplanos, asas que são ajustadas para permitir que a
água viaje em diferentes direções enquanto a embarcação move sua popa para cima
ou para baixo, para facilitar seu movimento.
Quais são os maiores riscos?
Com
a possível escassez de oxigênio e o aumento de gás carbônico, a asfixia é o
risco número um.
O
oxigênio pode ser fornecido por cilindros ou por geradores, que promovem um
processo chamado eletrólise, que separa da água as moléculas de oxigênio e
hidrogênio. No entanto, a falta de energia impediria esse processo.
Existem
outros perigos que também podem surgir. O professor Farley aponta que, se um
compartimento dentro de um submarino parado debaixo d'água é inundado, isso
pode levar a incêndios, por exemplo, já que o ar vai ficando comprimido.
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