EFE/Mohamed Hossad |
Vários condenados egípcios esperam para ser executados na forca
ao término do mês sagrado do Ramadã, no próximo domingo, entre eles seis jovens
acusados de matar um policial em 2014, que desapareceram e foram depois
torturados, segundo seus familiares e ONGs locais e internacionais.
A mãe de um
deles, Mahmoud Wahba, contou à Agência Efe que seu filho desapareceu em 6 de
março de 2014 e que ela não soube nada sobre ele até que o viu no mês seguinte
em um vídeo do Ministério de Interior, no qual o jovem aparecia com o rosto
muito machucado e confessava ter matado um policial.
Fatma Mostafa
contou por telefone que, quando conseguiu visitar o filho, ele contou que havia
sido torturado com choques e socos para que confessasse.
Junto com
Mahmoud, Basem Mohsen Eljorieby, Jaled Askar, Ibrahim Azab, Abdelrahman Atia e
Ahmed al Shal também esperam a aplicação da pena de morte, à qual foram
condenados em 7 de junho. A acusação oficial é de que eles, além de matarem um
policial, fazem parte de uma "organização terrorista".
A diretora de
Justiça Criminal da ONG Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais, Yara
Salam, disse à Agência Efe que houve "irregularidades" no julgamento
dos seis jovens, além do fato de eles terem sido torturados para confessar.
A ONG divulgou um
vídeo reivindicando o direito à vida e a um julgamento justo porque "a
vida das pessoas não é um brinquedo", afirmou Salam.
Além disso, a ONG
destacou que as condenações à morte são, por parte das autoridades, "uma
reação a ataques terroristas", que as levam a acelerar julgamentos por
casos de terrorismo e a emitir "sentenças muito cruéis".
A diretora se
refere aos últimos ataques terroristas contra os cristãos coptas, que deixaram
100 mortos entre os meses de dezembro e maio em vários pontos do Egito. Todos
eles foram reivindicados pelo grupo terrorista Estado Islâmico.
A ONU pediu ao
Egito que pare com as execuções, já que os condenados confessaram sob tortura e
foram julgados em atos que não respeitaram a lei internacional, segundo um
grupo de especialistas independentes da organização.
A aplicação da
pena capital nestes seis casos seria uma "execução arbitrária", dado
que os acusados foram vítimas de "tortura, maus tratos, e foram forçados a
confessar" - três deles ao vivo na televisão nacional - e permaneceram
detidos "em condições desumanas", disseram os investigadores da ONU.
Enquanto isso,
ativistas e ONGs egípcias lançaram uma campanha contra o relógio para que o
governo não execute os seis jovens e outras dezenas de condenados à morte nos
últimos dias.
Sob o lema
"Detenham as execuções", ativistas e organizações de direitos humanos
se mobilizaram nas redes sociais e solicitaram a intervenção da comunidade
internacional diante da possibilidade de que sejam enforcados com a conclusão
do mês muçulmano do Ramadã.
"As
execuções não são realizadas durante o mês do Ramadã" disse nesta semana o
diretor da Instituição de Prisões egípcias, coronel Mohamed Hussein, ao jornal
estatal "Al Akbar".
"Assim que
as execuções forem ratificadas pelo presidente (Abdel Fattah al Sisi), serão
aplicadas", acrescentou Hussein em referência às sentenças contra os seis
jovens.
Outros quatro
civis foram condenados à morte de forma definitiva por um tribunal militar na
segunda-feira, além de outras 31 pessoas supostamente envolvidas no assassinato
do procurador-geral egípcio, Hisham Barakat, ainda que estes últimos ainda
possam apelar contra o veredicto.
Segundo a Anistia
Internacional (AI), em 2016 foram realizadas 44 execuções no Egito, contra 22
em 2015 e 15 em 2014.
A ONG
internacional apontou que as condenações à morte aumentaram no país de forma
substancial desde 2013, quando Sisi chegou ao poder após um golpe de Estado
militar que derrubou o então presidente islamita, Mohamed Mursi.
EFE
Nenhum comentário:
Postar um comentário