Críticos das superpopulações no sistema prisional combaterão proposta bancada pelo MBL |
O Movimento Brasil Livre (MBL) lançará amanhã (segunda, 19), uma
campanha pela aprovação do projeto que endurece as condições para a progressão
de regime e acaba com o regime semiaberto. Pela proposta, que já está em
tramitação na Câmara, para ter direito a progressão a pessoa que cometeu o
delito deve ter cumprido pelo menos dois terços da pena, além de passar pela
avaliação de uma comissão interdisciplinar para verificar se o apenado tem, de
fato, condições de ir para o sistema aberto.
No caso de crime hediondo, o movimento defende que seja necessário o
cumprimento de quatro quintos da pena. Atualmente, a legislação penal brasileira
permite que a progressão seja concedida após o cumprimento de um sexto da pena
no regime anterior, além do atendimento do critério de bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento em questão. No caso de
crime com menor potencial ofensivo, o apenado deve cumprir dois quintos da pena
para depois ter direito à progressão.
A
campanha promovida pelo MBL vai começar com um vídeo de exposição com dados
sobre o regime semiaberto e a taxa de condenados que progridem de regime e voltam
a cometer crimes. Além disso, o grupo incentivará a população a telefonar para
gabinetes dos líderes congressistas e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), para que o projeto seja pautado o mais rapidamente possível. Uma
equipe do MBL, em Brasília, ficará incumbida de ir de gabinete em gabinete
cobrar uma posição dos deputados. Caso a proposta vá para votação, o movimento
pretende fazer mobilizações nas dependências da Casa.
“Ilusão”
A proposta foi elaborada por um
movimento gaúcho chamado “Movimento Paz” e assinado pela bancada gaúcha na
Câmara. Ao Congresso em Foco,
Kim Kataguiri, um dos líderes do MBL, afirmou que a legislação atual é uma das
mais brandas entre todos os outros países. “Nossos critérios para a progressão
de regime estão entre os mais frouxos no mundo. Ao mesmo tempo, o que os dados
das secretarias de segurança de diversos estados do país mostram é que a
maioria dos que progridem voltam a cometer crimes”, ressaltou.
Para
ele, o atual modelo de semiaberto é uma “ilusão” cujos benefícios só existem no
papel. “Na prática, o criminoso cumpre um sexto da pena e já está livre para
voltar a roubar, matar. Temos muitos presos? Temos, mas o fato é que, hoje, a
maioria dos condenados que vão para a cadeia nunca deveriam ter saído dela, daí
a importância de revermos o semiaberto e os critérios para a progressão de
regime”, ponderou.
Atualmente,
o país conta com uma população carcerária de pouco mais de 600 mil detentos,
que se alojam entre as 376.669 vagas existentes no sistema. Em média, um preso
custa ao governo R$ 3 mil por mês. Diante desse cenário, a proposta deve
encontrar resistência de uma parte da bancada que defende o desafogamento do
sistema carcerário brasileiro, que hoje possui cerca de 40% de presos
provisórios. O governo e o Judiciário defendem a liberdade de presos
provisórios e penas alternativas à prisão para crimes de menor potencial
ofensivo.
Congresso em Foco
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