Acusado
do estupro de 37 pacientes em sua clínica de reprodução assistida e condenado a
181 anos de prisão, ele havia migrado ao semiaberto há uma semana
O ex-médico Roger Abdelmasshih, que terá de voltar a cumprir pena em regime fechado (SENAD/AFP) |
A estadia no conforto do lar do ex-médico Roger
Abdelmassih vai durar só cinco dias. A pedido do promotor Luiz Marcelo Negrini,
o desembargador José Raul Gavião de Almeida cassou por meio de uma liminar a
concessão de prisão domiciliar dada pela juíza Sueli Armani, da 1ª Vara de
Execuções Penais de Taubaté.
Com
a decisão, o ex-médico, condenado por estuprar 37 pacientes em sua clínica de
reprodução humana, vai voltar para a penitenciária de Tremembé. Em sua
sentença, o desembargador alega que o laudo médico que a juíza usou para basear
o benefício dado ao preso não deixa claro que ele só tem condições de ser
tratado em casa. Pelo contrário, segundo o cardiologista Lamartine Cunha
Ferraz, Abdelmassih pode tomar os seus remédios em qualquer lugar, inclusive na
cela. “Não me compete dizer onde ele deveria ser tratado. O que fiz foi uma
análise da cardiopatia, que é uma doença grave, mas que pode ser tratada com
medicação. Apenas falei que ele deve ser tratado em qualquer lugar onde possa
receber o medicamento adequado, na dose e no horário certos”, declarou.
A maior preocupação do promotor Negrini na prisão
domiciliar de Abdelmassih é a possibilidade de ele fugir, como já correu em
2010, quando o ministro do STF Gilmar Mendes concedeu um habeas-corpus que pôs
o ex-médico em liberdade e ele acabou fugindo para Assunção, no Paraguai. Só
foi capturado em 2014 porque as suas vítimas montaram uma rede de espionagem
até que o descobriram levando uma vida normal no país vizinho.
“Nós
só vamos parar de perseguir esse criminoso depois que ele estiver morto”, diz
Vanúsia Lopes, uma das vítimas. O ex-médico recebeu pena de 181 anos de prisão
e tem 74 anos, o que dá a ele o perfil do preso que pode fugir. “Ele não tem
nada a perder. Com o poder econômico que ele tem, pode ir para qualquer lugar,
mesmo sem passaporte. Basta arrancar a tornozeleira”, diz Negrini.
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