Responsável pelo caso afirmou que menor comprou
faca em seu aniversário; família relata que ele era tranquilo e extrovertido.
Tamires Almeida foi ataca no prédio onde vivia, em Goiânia.
Tamires Paula de Almeida foi morta a facadas na escadaria do prédio onde morava (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) |
O garoto de 13
anos apreendido suspeito de matar a adolescente Tamires Paula de Almeida, 14,
disse à polícia que premeditou o homicídio e que planejava ainda assassinar
outras duas colegas. A vítima foi esfaqueada na escadaria do prédio onde ambos
moravam, em Goiânia. Segundo o titular da Delegacia de Polícia de Apuração de
Atos Infracionais (Depai), delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso,
o menino confessou o ato infracional durante conversa informal. No entanto, no
depoimento formal, colhido ainda na Central de Flagrantes, ele foi orientado
pelo seu advogado a ficar em silêncio.
"A
investigação apontou que ele já planejava esse crime desde o seu aniversário
[em junho] quando recebeu um dinheiro da família como presente, comprou uma
faca e desde então a levava para a escola. Ele tinha como alvos três
adolescentes do sexo feminino, que são pessoas mais vulneráveis e facilitaria a
execução do crime por parte dele", explicou.
Tamires foi morta na
quarta-feira (23), no 5º andar do prédio onde vivia com a mãe,
no Jardim América. Após esfaquear a adolescente, o garoto seguiu até a escola
estadual onde ambos estudavam e contou para o coordenador
o que havia feito. Logo depois a polícia foi acionada.
O corpo da
adolescente foi velado na Casa de Velórios de Pires do Rio desde às 4h desta
quinta-feira (24). O enterro ocorreu às 11h, no Cemitério Explanada, na mesma
cidade.
O delegado
afirmou que o menor agiu de forma bastante cruel. "Ele a esperou na porta
do elevador do prédio e, quando ela saiu, a arrastou [até a escada]. Ele tentou
matá-la jogando a cabeça dela contra a parede várias vezes, mas verificou que
ela não morreu. Então ele pegou a faca e deu várias facadas nela de forma
bastante violenta, tanto é que a faca entortou", detalhou.
A faca e a
camiseta do garoto, ambas com manchas de sangue, foram recolhidas e serão
periciadas. O responsável pela investigação disse que o menor apresentava um
comportamento frio e não demonstrava arrependimento. Ele também não explicou o
motivo de ter atacado a vítima, diferentemente do que vislumbrava em relação
aos outros dois alvos.
"Uma das
meninas, simplesmente porque gostava dele, ele disse que iria matar. A outra
ele disse que queria ver o luto de todo mundo da classe, talvez seria uma
menina mais popular, mas não temos essa informação definida", salienta.
Avaliação psicológica
O advogado da
família, Agnaldo Domingos Ramos, está acompanhando o caso. Ele esteve na
delegacia. Segundo ele, a mãe do menino teve um princípio de AVC. Porém, ela
foi socorrida, medicada e passa bem. Ela já se recupera em casa.
O defensor
pontua que vai aguardar o decorrer da investigação para definir como irá agir
em relação ao caso, mas estuda solicitar uma avaliação psicológica do garoto.
"Vai
depender, mas logicamente nós temos interesse que a coisa seja analisada a
nível de psicologia porque estamos diante de um caso emblemático, bastante
complicado. Vou acompanhar e com certeza requisitar uma questão psicológica.
Mas trata-se de uma família estruturada, com uma vida cotidiana como outra
qualquer", avalia.
Camiseta usada pelo menino e faca foram apreendidas e serão periciadas (Foto: Sílvio Túlio/G1) |
Garoto era tranquilo, diz família
Informações colhidas
junto a familiares do menino, segundo o delegado, descreveram que ele era
extrovertido, tranquilo e não tinha qualquer tipo de problema em casa ou na
escola. Caçula da família, ele mora com os pais – um mecânico e uma corretora
de imóveis - e mais três irmãos.
Além disso,
segundo o pai disse ao delgado, o garoto tinha um comportamento exemplar, sem,
portanto, apresentar nenhum indico de que ele pudesse cometer o crime.
O menor está
apreendido na Depai pelo flagrante por ato infracional análogo ao crime de
feminicídio. Ele vai ser apresentado ao Ministério Público ainda nesta
quinta-feira (24), que se manifestará ou não pela internação provisória. Em
seguida o juiz decide se acolhe o pedido.
Se for
considerado culpado, ele pode ficar internado por no máximo por 3 anos.
IML retira corpo de Tamires do prédio onde ela foi morta Goiânia (Foto: Paula Resende/G1) |
Luto
Tamires
estudava no 9º ano do ensino fundamental e o suspeito, no 7º. Ambos no período
vespertino. A escola ficou fechada nesta quinta-feira.
A adolescente
estudava na escola desde o início do ano. O coordenador Cézar Sabino conta que
ela era uma ótima aluna e que todas as notas do boletim eram acima de 9. “Ela
só tirava 10 quase. Era muito boa menina”, ressaltou.
Colega de sala
e amiga de Tamires, uma adolescente de 13 anos ressalta que a vítima era
“superinteligente e estudiosa”. De acordo com a menina, todos ficaram abalados
com o que aconteceu, pois ela era muito querida.
“Ela era muito
amorosa, nunca faria nada com ninguém. Todo mundo era amigo dela”, disse a
colega. Outra menina que estuda na mesma escola conta que Tamires era muito
educada.
Já o
adolescente era mais tímido, segundo os demais estudantes. "Ele era mais
calado, na dele, ficava muito sozinho, às vezes ficava escutando música",
conta um colega.
G1/GO
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