A
dificuldade de barcos e balsas é mais evidente nas bacias dos rios Juruá, Purus
e Madeira, no Sul do Amazonas
No Município de Ipixuna, na calha do rio Juruá, a descida das águas foi acentuada e diminuiu o calado da navegação. Foto: divulgação |
A maioria dos
municípios amazonenses está fazendo um levantamento para identificar os
possíveis danos causados pela vazante. Até agora, a dificuldade de navegação é
o mais evidente, principalmente nas bacias dos rios Juruá, Purus e
Madeira, onde a descida das águas segue em processo crítico. As embarcações de
grande porte não conseguem trafegar pelos rios devido o baixo nível e os bancos
de areia. As viagens duram mais que o dobro de tempo e são feitas em barcos
menores.
Em Ipixuna (a 1367 quilômetros de Manaus), no
rio Juruá, o transporte fluvial tem sido muito afetado, de acordo com o
secretário da Junta do Serviço Militar, Breno Bernardo. A viagem para Cruzeiro
do Sul, no Acre, por exemplo, com duração de 24h, normalmente, está sendo feita
em até três dias. “O transtorno está sendo muito grande. Há trechos com níveis
tão baixos que os passageiros são obrigados a sair de dentro do barco para que
ele possa passar e seguir viagem”.
O problema afeta também os proprietários das
embarcações que tem prejuízos com os encalhes nos bancos de areia, o que
aumenta os perigos para os passageiros e tripulantes. Se não bastante, a situação
ainda prejudica o escoamento da produção. “O gasto com combustível é maior e
isso reflete no preço dos produtos que chegam à cidade. Ficam bem mais caros”,
afirmou Bernardo. “A vazante também traz a preocupação com os casos de malária
e doenças respiratórias”, completou.
O cenário é bem parecido em Boca do Acre (a
1028 quilômetros), no rio Purus. De acordo com o secretário de Meio Ambiente e
Defesa Civil, Josimar Fidelquino, um levantamento está sendo feito para
identificar os problemas e as primeiras informações são de quem em algumas
comunidades está ficando ruim para fazer a escoação de produto ou vir à cidade.
Em Humaitá (a 590 quilômetros), no Madeira,
onde no último dia 18 o nível do rio estava apenas oito centímetros acima do
observado no mesmo dia em 1969, ano que ocorreu a vazante histórica, a
preocupação é maior com a estiagem, conforme afirmou o secretário de Gabinete,
Elias Pereira. “Passou três meses seguidos sem chover. Há duas semanas deu uma
pequena chuva, mas depois não choveu mais. O problema são as queimadas que
aumentam muito com esse tempo seco”.
Navegação noturna proibida pela Marinha em Rondônia
A Marinha do Brasil informou que a Delegacia
Fluvial de Porto Velho, em virtude do período da vazante, emitiu uma portaria
no último dia 7 em que proíbe a navegação noturna para comboios no rio Madeira.
O trecho compreende de Porto Velho (Rondônia) a Calama e na Passagem do Pedral
dos Marmelos.
A portaria ressalta, também, que os
condutores devem ter especial atenção na navegação nos seguintes trechos
críticos: Praia de São Sebastião, Ilha do Tamanduá, entre a Ilha de Mutum e
Veado, Capitari, São Carlos e Jamari, Curicacas, Cuniã, Pedral do Pombal,
Pedral das Abelhas, Papagaios, Passagem do Tambaqui, Pedral de Mirari e Ponta
da Gaivota, Salomão e Goiabal e Paraíso.
Em alguma situação que represente risco para
a segurança da navegação, para a salvaguarda da vida humana nos rios e para a
prevenção da poluição hídrica a orientação é procurar a Capitania dos Portos,
Delegacia ou Agência Fluvial, mais próxima de sua região, por meio dos sites
www.mar.mil.br, www.dpc.mar.mil.br, ou ligar para o Disk Segurança da
Navegação, 0800 280 7200. A denúncia pode ser feita também pelo WhatsApp da
Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental (CFAOC), no número (92) 99302 5040.
Defesa Civil coloca onze em atenção
Nesta quinta-feira (24), a Defesa Civil do
Amazonas emitiu “estado de alerta” para as calhas do Juruá e Purus, que
já apresentam impacto sócio-econômico por conta da estiagem. A evolução do
cenário de desastre foi constatada após visita técnica de agentes do órgão nas
regiões. Já há 1.250 famílias afetadas, sendo 600 em Guajará, e 650 em Ipixuna,
ambos na calha do Juruá.
A Crítica
Nenhum comentário:
Postar um comentário