Autoridade policial é investigada pelo Ministério
Público, que identificou ao menos 23 atos de improbidade administrativa contra
ele.
Delegado Douglas Borguez foi afastado em ação de improbidade (Foto: Mariane Rossi/G1) |
A Justiça de São Paulo afastou o
delegado da Polícia Civil Douglas Borguez, então titular da Delegacia Sede de
Peruíbe, no litoral paulista, por improbidade administrativa. Segundo denúncia
do Ministério Público, ele beneficiava conhecidos e deixou de prender um homem
procurado pela Justiça para participar de um churrasco com ele.
A investigação
foi iniciada em agosto de 2016 e concluída em fevereiro deste ano. Escutas
telefônicas, autorizadas pela Justiça, permitiram que os promotores pudessem
identificar e registrar ao menos 23 atos que configuram ações ilícitas na
função de delegado de polícia. O celular do investigado foi apreendido.
Segundo o
promotor Thiago Alcocer Marin, o delegado Douglas agilizava investigações para
conhecidos e, também, deixava de apurar situações a pedido de pessoas que
conviviam com ele. "Constatamos que ele deixava de dar andamento a alguns
casos, justamente por solicitação de amigos", afirmou.
Em um dos atos
de improbidade investigados, o delegado chegou a informar falsamente à Justiça
que não conseguiu localizar um procurado, sobre quem recaía uma ordem de
prisão. "Em conversas com uma mulher conhecida desse homem que seria
preso, eles combinam a participação em um churrasco, os três juntos. Ou seja,
ele sabia onde estava".
Na declaração
que remeteu à Justiça, ainda segundo informações da Promotoria, o delegado
afirmou que não encontrou o procurado e que não sabia do paradeiro dele.
"Ele chegou a afirmar que a equipe o procurou em diversos endereços.
Sabemos, porém, que a pessoa nunca chegou a ser procurada", disse. A real
motivação ainda é apurada pelo MP.
Delegacia Sede de Peruíbe, no litoral de São Paulo (Foto: Cássio Lyra/G1) |
A Justiça acatou em decisão liminar
(provisória) o afastamento, cuja ação civil também é assinada pelo promotor
Rafael Magalhães Abrantes Pinheiro. Eles pediram a perda da função pública do
delegado e o ressarcimento do dano moral coletivo ocasionado pelas ações dele
no exercício do cargo.
Entre os
pedidos formulados, também estão a suspensão dos direitos políticos por cinco
anos, pagamento de multa de R$ 1 milhão, proibição de contratar com o poder
público ou receber benefícios. "Também houve o pedido de afastamento
imediato e indisponibilidade de bens no montante de R$ 1 milhão".
Por nota, a
Corregedoria da Polícia Civil afirmou que o delegado foi afastado em razão da
ação civil pública de um caso de improbidade administrativa. Ainda no
comunicado oficial da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a
tramitação do caso também é acompanhada pelas equipes da pasta.
Após atuar em
Peruíbe entre 2015 e 2016, no início deste ano, o delegado investigado havia
sido transferido para a Delegacia Sede de Itanhaém, também no litoral paulista.
Ele de onde foi afastado do distrito policial há duas semanas e está proíbido
de exercer funções relativas à delegado de policial, após decisão da Justiça.
O G1 entrou em contato com o delegado, que não
quis se pronunciar. O advogado dele, Armando de Mattos Junior, considera a
decisão prematura. "Ele foi afastado sem poder se defender. Isso recai
sobre o nome dele, que sempre honrou, não só pelo profissional que é, como,
também, pelo nome da Polícia Civil", pontuou. Eles tentam reverter a
decisão.
G1/Santos e Região
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