Havia na residência em Alcanar bujões de gás, acetona e detonadores |
Trata-se
do triperóxido de triacetona (TATP), que pode ser fabricado a partir de
substâncias de fácil acesso, como ácidos e acetona, o que faz dele um dos
explosivos mais utilizados por seguidores do grupo extremista autodenominado
Estado Islâmico, justamente porque parte dos ingredientes pode ser comprada por
qualquer pessoa e porque a bomba resultante tem alto poder de fogo.
De
acordo com o juiz Fernando Andreu, da Audiência Nacional de Madri, envolvido
nas investigações dos atentados que deixaram 15 mortos na semana passada, a
polícia espanhola acredita que tais ingredientes estavam na casa de Alcanar (a
200 km de Barcelona) que explodiu um dia antes dos ataques.
É
nessa casa que as investigações apontam que estavam sendo planejados atentados
de envergadura ainda maior na cidade catalã.
Explosão acidental em Alcanar teria feito extremistas mudarem seus planos |
Ao
mesmo tempo, porém, o TATP é bastante instável, e os gases resultantes dele são
altamente inflamáveis.
Segundo
o juiz Andreu, foi provavelmente durante a manipulação desses produtos que
explodiu a casa em Alcanar, incidente em que duas pessoas morreram e uma
terceira ficou ferida.
O
depoimento dessa terceira pessoa, Mohamed Houli, é que deu às autoridades
informações sobre o armazenamento de explosivos dentro da casa.
Havia
ali ao menos 500 litros de acetona e uma grande quantidade de pregos, bujões de
gás e detonadores.
A
explosão acidental teria levado os extremistas a mudar seus planos e usar veículos
em vez de bombas para realizar ataques.
Houli
declarou que ele e seus companheiros da célula jihadista planejavam
inicialmente usar a "mãe de satã" contra os principais monumentos de
Barcelona, como a icônica igreja da Sagrada Família - algo que teria provocado
uma tragédia ainda maior do que a resultante dos atropelamentos de 17 de
agosto.
Mohamed Houli disse, segundo autoridades, que plano inicial era usar 'mãe de satã' contra alvos icônicos de Barcelona |
Outros ataques
Segundo
documento expedido por Andreu, "há indícios racionais e suficientes de que
em tal casa (em Alcanar) tentava-se fabricar peróxido de acetona, também
conhecido como TATP, comumente utilizado pela organização terrorista Daesh
(outro nome pelo qual o Estado Islâmico é conhecido) em suas ações
terroristas".
O
modus operandi parece ser similar ao empregado pelos autores dos atentados
realizados em Bruxelas, na Bélgica, em março do ano passado.
Segundo
o jornal espanhol El Mundo, é possível que a "mãe de satã" tenha sido
empregada antes ainda, como nos atentados a um restaurante espanhol em
Casablanca, Marrocos, em 2005, ou contra o sistema de transporte londrino, em
2005.
E
serviços de segurança israelenses dizem ter encontrado vestígios desse
explosivo em muitos dos ataques perpetrados pelo grupo radical palestino Hamas.
BBC Brasil
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