
Uma operação conjunta está
retirando pela terceira vez as famílias que ocupam uma área de preservação
ambiental às margens do Rio Tocantins, no Bairro São Félix, próximo à ponte
rodoferroviária, em Marabá, Pará. Há pouco mais de um mês, no dia 1º de setembro, aconteceu
a última desocupação. Desta vez, vários veículos foram apreendidos e pessoas
estão sendo conduzidas à 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil.
Participam da ação equipes da Polícia Civil, Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), Guarda Municipal e Postura. De
acordo com a delegada Simone Felinto, diretora da Seccional Urbana, as pessoas
no local já haviam sido informadas de que estavam cometendo crimes ambientais
no local.
“Essa é uma área de preservação ambiental e as pessoas têm a
consciência de que não podem estar dentro da área, desmatando e queimando como estamos
constatando aqui que está acontecendo. Agora, juntamente com o Ibama e outros
órgãos, nós retornamos à área, apreendemos os veículos que estão aqui e vamos
autuar pessoas. Algumas serão conduzidas para a delegacia. Se invadirem de
novo, vamos tentar alcançá-las à medida da lei”, declarou.
Aproximadamente 200 famílias vinham levantando abrigos no local.
"Eu estava construindo o barraco, mas foi expectativa, carreguei os paus
de um canto, arranquei as palhas. Agora fico sem graça, estou perdendo as forças.
O aluguel da minha casa venceu ontem, não tenho como pagar, estou rodado e
tenho quatro meninos”, afirmou Ades Santos.
Josinaldo Ferreira de Oliveira – que estava há oito dias na área
- vai além e questiona outros crimes ambientais supostamente ocorrendo às
margens do rio e que não recebem, segundo ele, a mesma atenção dos órgãos
públicos. “O motivo (de estar no local) é que a gente não tem propriedade,
então é a vontade que temos de conseguir uma propriedade. Eu não tenho casa e
justamente por isso que estou aqui. Estou tentando a terra, já tentei várias,
mas nunca deu certo. Eles tinham que olhar é esse outro pessoal. Esse povo
tirando areia do meio do rio, acabando com tudo, eles não vêm isso, órgão
ambiental não vê isso, órgão público não vê isso”, declarou.
Segundo ele, constantemente os ocupantes observam maquinário
extraindo argila das margens do rio para que caçambas a levem para as olarias,
além da extração de areia do leito. “A gente só quer uma casa para morar e os
órgãos caem em cima, o que está acontecendo é que eles não enxergam quem está
cavando à beira de rio com maquinário”, acrescenta. Sobre essa alegação, Túlio
Pereira, coordenador da Postura, afirmou que as denúncias serão investigadas,
mas alegou que “essa é a desculpa utilizada para que os invasores ocupem a
área”, acrescentando que o caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público
do Estado do Pará.
“Essa área é de preservação e de risco, a questão aqui é o crime
ambiental, eles estão desmatando e queimando o que existe aqui. Já não tem mato
na beira do rio e ainda estão desmatando tudo. Essa é a terceira desocupação
aqui nesta região e dessa vez estamos apreendendo carros, o Ibama está aqui e
iremos encaminhar gente para ser autuada por crime ambiental. Não adianta
entrar nesta área porque o Ibama e o MP não vão permitir que se construa casa
neste local. É só prejuízo para eles”, declarou.
Roberto José Scarpari, gerente
do Ibama em Marabá, afirmou que haverá investigação para identificar quem são
os líderes da ocupação em questão. “Temos elementos e declarações de pessoas
que ocuparam essa área de que existem as cabeças organizando essas ocupações e
prometendo terra, como se fosse ocupação que será regularizada no futuro. Isso
é falso, é usar de má fé e já é a terceira vez que o Ibama está sendo acionado
para a desocupação de uma área que é pública. Essa área é declaradamente
destinada para a população como um todo e precisa ser preservada, de proteção
permanente, já está faltando água, já está o clima seco e o cidadão ainda mete
fogo e vai piorando. A gente já sente diferença no clima pela falta de
arborização, de reflorestamento, os rios estão chegando a uma situação de
penúria”, comentou. (Luciana Marschall com informações de
Josseli Carvalho)
Correio de Carajás
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