Castanheiras em toras foram apreendidas durante a fiscalização na Fazenda Pioneira |
Depois de receber várias
denúncias da ocorrência de desmatamento e retirada ilegal de madeira na zona
rural de Marabá, Pará, mais precisamente na área da antiga Fazenda Pioneira, fiscais
do Ibama fizeram uma incursão na área esta semana e descobriram uma série de
crimes ambientais. Os fiscais apreenderam dois caminhões e um trator e
recuperaram 25 m³ de madeira em tora. Mas isso não é nada diante do que vem
sendo extraído ilegalmente na área. Só a documentação apreendida num dos
caminhões indica que foram retirados ilegalmente nos últimos dias nada menos de
150 metros cúbicos de madeira.
Procurado pelo CORREIO, o fiscal Roberto José Scarpari, que
chefiou a operação ocorrida esta semana na região, os crimes flagrados ali são
muito e gritantes. Ele cita, por exemplo, que uma empresa que retirava madeira
da área estava “esquentando” o eucalipto retirado, que não poderia ser cortado
porque está sub judice, pois faz parte do passivo no processo que negocia
dívidas da extinta siderúrgica Cosipar, a quem pertence a fazenda. Porém há
mais crimes sendo praticados ali.
Entre esses crimes está a extração ilegal de castanheira e
também de copaíba, o que é proibido pela legislação ambiental vigente no País.
De acordo com Scarpari, nas notas apreendidas dentro de um dos caminhões está
escrita a palavra “castanha” para identificar que tipo de madeira está sendo
transportado.
O fiscal chama atenção também para o fato de que existe uma
grande criação de gado em área de floresta desmatada ilegalmente, o que também
se configura em outro crime. Ele não estipulou qual o valor total das multas,
até porque ainda não se sabe quem está bancando o desmatamento. Foram
qualificadas apenas três pessoas e através delas o Ibama pode chegar aos
financiadores d o crime ambiental.
O próximo passo agora é tentar identificar os autores dos crimes
ambientais (inclusive uma serraria) e individualizar a conduta de cada um para
tentar impor as sanções previstas nas leis vigentes no País.
Vários crimes ambientais são detectados
Na mesma operação, os agentes do Ibama também flagraram
passarinhos (curiós) presos em gaiola, o que ainda é uma prática comum na zona
rural desta região, mas nem por isso deixa de ser proibida. As aves foram
apreendidas e os criadores foram notificados pelo Ibama e vão responder por
crime ambiental.
Ainda de acordo com o fiscal do Ibama, uma das estratégias dos
criminosos para dificultar a fiscalização foi a utilização de uma serraria
móvel. Ou seja, a cada um ou dois dias eles montavam uma estrutura de suporte
para uma serra disco e cortavam o máximo de madeiras em determinado perímetro e
depois desmontavam o acampamento e montavam novamente a estrutura em outro
ponto.
Durante a fiscalização, foi qualificado um pecuarista que se
entende como pequeno empreendedor, mas que cria 500 cabeças de gado num pasto
que antes era uma floresta. Ele foi flagrado quando estava semeando capim na
área de floresta queimada. O tal pequeno empreendedor comprou a terra de 6
alqueires por R$ 80 mil. Trata-se de um investimento pesado e ilegal.
Uma suspeita levantada na área é que muitos dos desmatadores
estão vendendo o eucalipto ilegal para abastecer caldeiras de frigoríficos da
região. Mas essa investigação, se ocorrer, deve ser tocada pela Delegacia de
Conflitos Agrários (DECA). Por outro lado, com o dinheiro da venda do
eucalipto, os criminosos estão se capitalizando para investir mais pesado ainda
em desmatamento na área de reserva legal, produzindo um efeito cascata.
Mais
investigações vão acontecer, afirma gerente
Também ouvido pela reportagem,
Hildemberg Cruz, gerente executivo do Ibama em Marabá, disse que há outras
áreas que deverão passar por fiscalização do órg~]ao ambiental nos próximos
dias, devido à grande quantidade de denúncias que têm chegado ao órgão
ambiental.
“Uma das áreas que a gente está fazendo um acompanhamento e
temos recebido várias denúncias aqui foi alvo dessa fiscalização que a gente
fez lá”, explica Hildemberg, acrescentando que praticamente todo o mogno desta
região foi explorado e agora os infratores agora estão acabando também com a
castanheira. “Então, a gente tem que fazer uma ação forte para coibir isso”,
assevera o gerente, que é responsável por uma área de 37 municípios.
Correio de Carajás
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