Ivan da Silva Martins foi preso nesta segunda-feira Foto: Fabiano Rocha / Extra |
Foram quatro dias de negociação até que Ivan da Silva
Martins, de 34 anos - figurante no filme “Cidade de Deus” (2002) acusado de ser
um dos executores do sargento Hudson Silva de Araújo, de 46 anos - fosse para a prisão. O acordo foi intermediado por José Júnior, do AfroReggae. O
suspeito estava escondido numa casa na Rocinha, comunidade vizinha ao Vidigal,
onde Ivan seria o gerente do tráfico.
— Ele me procurou e disse que queria se entregar. Eu entrei
no circuito porque haveria muito mais prejuízo para a população se começasse
uma guerra atrás dele na comunidade. Ele se dispôs, e está aqui. Agora é com
ele — disse Júnior na Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), na Cidade da
Polícia, Zona Norte do Rio: — Eu que preferi trazê-lo para a DCOD porque já
conheço as pessoas.
Ivan é acusado de ter participado de ação que vitimou PM Foto: Fabiano Rocha / Extra |
Ivan será levado para a Divisão de Homicídios, que investiga
a morte do sargento. O acusado nega que tenha participado do crime, mas pelo
menos dez policiais da UPP Vidigal o reconheceram no momento da ação que
vitimou o sargento, participando ativamente do ataque. O militar foi ferido na
madrugada do último dia 23 de julho, quando policiais militares faziam um
patrulhamento na Rua Presidente João Goulart, uma das principais vias da
comunidade. Bandidos armados atacaram a equipe a tiros. Hudson ainda foi levado
para o Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, também na Zona Sul, mas não
resistiu. Ele foi o primeiro policial da UPP Vidigal morto em confronto na
comunidade.
José Júnior negociou a prisão Foto: Fabiano Rocha / Extra |
Segundo policiais da UPP, além de
participar do tráfico e de extorquir dinheiro de motoristas de vans, Ivan,
conhecido também como “Ivanzinho” ou “Ivan, o Terrível”, estava iniciando uma
nova modalidade de crime: ele tomava casas vazias e terrenos na favela.
— Se eu fosse tão terrível assim eu
estaria aqui me entregando à polícia? — indagou o acusado, em entrevista na
delegacia: — Eu não sei de onde tiraram esse apelido. Também não tenho nada com
o crime. Tudo isso é porque tenho inimizade com os policiais da UPP. É uma
perseguição.
Usando calça jeans e camisa da
Reserva, Ivan disse que, hoje, é sustentado pela mulher e pela mãe.
— Minha família está presente em
tudo. Eu conversei com eles e decidimos que essa seria a melhor solução —
disse.
O delegado Vinícius Domingos Foto: Fabiano Rocha / Extra |
O acusado teria apresentado álibis
que indicariam que ele não tem envolvimento com a morte do PM, mas o delegado
da DCOD, Vinícius Domingos, não divulgou quais seriam essas provas:
— A delegacia de drogas vem fazendo
investigações em diversas comunidades, inclusive o Vidigal, e chegamos ao Ivan,
que tinha essa intenção de se entregar, então foi tudo alinhado com o
AfroReggae. O fato de ele se apresentar depõe a favor dele e ele vai ter que se
explicar na Delegacia de Homicídios — diz.
Além de Ivan, são suspeitos de
participação na morte Michael Ferreira de Souza, o Rabicó, de 24 anos; Rogério
Avelino da Silva, o Rogerinho 157, de 35; Horácio Ferreira do Nascimento Neto,
o Orelha ou Mago, de 29 e Alan Francisco da Silva, o DVD ou Bilan, de 29. Todos
também tiveram a prisão decretada.
Extra
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