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domingo, 23 de julho de 2017

Obras na Lagoa estão ajudando a proliferar mosquitos e aranhas

Problemas nas comportas que levam água do mar para a Lagoa da Jansen têm aumentado a poluição. Obras de manutenção estão ocorrendo desde fevereiro

De acordo com a Sema, assim que o diagnóstico for feito, as medidas necessárias serão adotadas
Um cenário famoso por estampar belos cartões postais da cidade de São Luís, capital do  Maranhão, continua a ser ocupado pela presença de aranhas e insetos. A Lagoa da Jansen sofre pelos altos índices de poluição, o que biólogos apontam como uma das causas para a infestação desses animais.
É que a sujeira é um ambiente favorável para a proliferação deles: os insetos procuram um ambiente poluído, úmido e propício à reprodução, enquanto que as aranhas tecem suas teias para capturar e se alimentar deles. Quanto mais poluição, mais insetos e consequentemente mais aranhas.
A professora e bióloga da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) Janaina Dantas é uma das responsáveis por investigar as soluções para esse problema. Ela revela que essa é só uma consequência de um problema que vem se desenvolvendo desde a construção da Lagoa da Jansen, que na verdade é uma Laguna, ou seja, uma reserva de água doce que entra em contato diariamente com o mar.
“Os prédios que foram se instalando nos últimos 30 anos em torno da Lagoa, fazendo com que a região se tornasse extremamente povoada, depositam seus dejetos diariamente, e o esgoto que era para ser entregue tratado acaba contribuindo para a poluição do local”, afirmou. Janaína explica, porém que uma das medidas que estão sendo tomadas é a redistribuição desses esgotos para a rede de tratamento da Caema e que o órgão está tratando disso.
Outro problema identificado é a obra das comportas que controlam o contato da água da Lagoa com o mar. Elas estão passando por uma obra de manutenção desde fevereiro deste ano e por isso se encontram fechadas. O que tem mantido a água represada, sem realizar o processo natural de troca e oxigenação. Por conta disso, a poluição tem se concentrado ainda mais, e salinidade da água está baixa, favorecendo à reprodução desmedida dos mosquitos.
A bióloga alerta: “se demorar muito a obra das comportas, o oxigênio que na Lagoa já deficiente, trazido pela água do mar, os peixes da Lagoa podem morrer por falta de oxigênio, causando um desastre ambiental”.
Uma equipe multidisciplinar que conta com pesquisadores e especialistas na Universidade Federal do Maranhão, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam), bombeiros das Defesa Civil municipal e a Caema, foi montada pela Sema e estão pesquisando e avaliando as soluções para o problema. “Só a entrega dessa obra e a retirada dos pontos de esgoto na Lagoa pela Caema já serão capazes de diminuir consideravelmente a poluição que afeta a área”, explica Janaína.
A equipe dos bombeiros da defesa civil tem levado o carro fumacê para a região e pulverizando veneno para diminuir a quantidade de insetos. “Isso já tem provocado uma diminuição perceptível da quantidade de teias e de aranhas. É natural que as aranhas diminuam quando há menos oferta de alimento, que são os insetos”, afirma a bióloga.
Aranhas e mosquitos

A família de aranhas que estão povoando a região da Lagoa da Jansen é a Tetragnathidae, que são aranhas inofensivas aos seres humanos. Diferentes das aranhas marrons e das caranguejeiras, elas não possuem veneno e são sociáveis. Costumam habitar regiões alagadas, como rios, mangues e mar, pois necessitam de agua em abundância e encontram ali os mosquitos dos quais se alimentam. Já os mosquitos, de acordo com o que já foi apurado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), são hematófagos, ou seja, não se alimentam de sangue humano e não incomodam com picadas. Além disso eles tem vida muito curta e são atraídos pela luz.
As grandes teias são uma característica da sociabilidade das aranhas desta família: elas constroem teias gigantes que acabam se juntando para coletar o maior número de presas (insetos) possível. Uma possível confusão com aranhas perigosas como a marrom, que registrou 18 casos de envenenamento por picada este ano, tem deixado os moradores assustados com a proliferação.
Mas a bióloga Janaina Dantas alerta: “A aranha marrom tem um habito noturno, ela não constrói suas teias em copas de arvores para evitar a exposição solar. Então elas têm hábitos completamente diferentes das aranhas da família Tetragnathidae, que são as que se encontram na Lagoa”.
Além disso a Sema em parceria com pesquisador, especialista em aracnídeos, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) estão elaborando uma cartilha educativa para tranquilizar a comunidade do entorno da Lagoa da Jansen. “A cartilha contará com as espécies de aranha e mostrando o que as diferenciam das perigosas, como as aranhas marrom e caranguejeira”, conta ela.
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