Problemas nas comportas que levam água do mar para a Lagoa da Jansen têm
aumentado a poluição. Obras de manutenção estão ocorrendo desde fevereiro
De acordo com a Sema, assim que o diagnóstico for feito, as medidas necessárias serão adotadas |
Um cenário famoso por estampar belos
cartões postais da cidade de São Luís, capital do Maranhão, continua a ser ocupado pela presença de aranhas e
insetos. A Lagoa da Jansen sofre pelos altos índices de poluição, o que
biólogos apontam como uma das causas para a infestação desses animais.
É que a sujeira é um ambiente favorável para a proliferação deles: os insetos
procuram um ambiente poluído, úmido e propício à reprodução, enquanto que as
aranhas tecem suas teias para capturar e se alimentar deles. Quanto mais
poluição, mais insetos e consequentemente mais aranhas.
A professora e bióloga da Secretaria
de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) Janaina Dantas é uma das
responsáveis por investigar as soluções para esse problema. Ela revela que essa
é só uma consequência de um problema que vem se desenvolvendo desde a
construção da Lagoa da Jansen, que na verdade é uma Laguna, ou seja, uma
reserva de água doce que entra em contato diariamente com o mar.
“Os prédios que foram se instalando nos últimos 30 anos em torno da Lagoa,
fazendo com que a região se tornasse extremamente povoada, depositam seus
dejetos diariamente, e o esgoto que era para ser entregue tratado acaba
contribuindo para a poluição do local”, afirmou. Janaína explica, porém que uma
das medidas que estão sendo tomadas é a redistribuição desses esgotos para a
rede de tratamento da Caema e que o órgão está tratando disso.
Outro problema identificado é a obra
das comportas que controlam o contato da água da Lagoa com o mar. Elas estão
passando por uma obra de manutenção desde fevereiro deste ano e por isso se
encontram fechadas. O que tem mantido a água represada, sem realizar o processo
natural de troca e oxigenação. Por conta disso, a poluição tem se concentrado
ainda mais, e salinidade da água está baixa, favorecendo à reprodução desmedida
dos mosquitos.
A bióloga alerta: “se demorar muito a
obra das comportas, o oxigênio que na Lagoa já deficiente, trazido pela água do
mar, os peixes da Lagoa podem morrer por falta de oxigênio, causando um
desastre ambiental”.
Uma equipe multidisciplinar que conta
com pesquisadores e especialistas na Universidade Federal do Maranhão, a
Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), a Secretaria Municipal de Meio
Ambiente (Semmam), bombeiros das Defesa Civil municipal e a Caema, foi montada
pela Sema e estão pesquisando e avaliando as soluções para o problema. “Só a
entrega dessa obra e a retirada dos pontos de esgoto na Lagoa pela Caema já
serão capazes de diminuir consideravelmente a poluição que afeta a área”,
explica Janaína.
A equipe dos bombeiros da defesa
civil tem levado o carro fumacê para a região e pulverizando veneno para
diminuir a quantidade de insetos. “Isso já tem provocado uma diminuição
perceptível da quantidade de teias e de aranhas. É natural que as aranhas
diminuam quando há menos oferta de alimento, que são os insetos”, afirma a
bióloga.
Aranhas
e mosquitos
A família de aranhas que estão
povoando a região da Lagoa da Jansen é a Tetragnathidae, que são aranhas
inofensivas aos seres humanos. Diferentes das aranhas marrons e das caranguejeiras,
elas não possuem veneno e são sociáveis. Costumam habitar regiões alagadas,
como rios, mangues e mar, pois necessitam de agua em abundância e encontram ali
os mosquitos dos quais se alimentam. Já os mosquitos, de acordo com o que já
foi apurado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), são
hematófagos, ou seja, não se alimentam de sangue humano e não incomodam com
picadas. Além disso eles tem vida muito curta e são atraídos pela luz.
As grandes teias são uma
característica da sociabilidade das aranhas desta família: elas constroem teias
gigantes que acabam se juntando para coletar o maior número de presas (insetos)
possível. Uma possível confusão com aranhas perigosas como a marrom, que
registrou 18 casos de envenenamento por picada este ano, tem deixado os
moradores assustados com a proliferação.
Mas a bióloga Janaina Dantas alerta:
“A aranha marrom tem um habito noturno, ela não constrói suas teias em copas de
arvores para evitar a exposição solar. Então elas têm hábitos completamente
diferentes das aranhas da família Tetragnathidae, que são as que se encontram
na Lagoa”.
Além disso a Sema em parceria com
pesquisador, especialista em aracnídeos, da Universidade Federal do Maranhão
(UFMA) estão elaborando uma cartilha educativa para tranquilizar a comunidade
do entorno da Lagoa da Jansen. “A cartilha contará com as espécies de aranha e
mostrando o que as diferenciam das perigosas, como as aranhas marrom e
caranguejeira”, conta ela.
O Imparcial
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