Segundo BBC e Guardian, porta-voz da família
confirmou morte da criança, que sofria de síndrome rara e incurável.
Charlie Gard sofria de miopatia mitocondrial (Foto: Family of Charlie Gard via AP) |
Morreu nesta
sexta-feira (28) aos 11 meses o bebê Charlie Gard, que sofria de uma doença
incurável. A informação foi confirmada pela rede britânica BBC e pelo jornal
"The Guardian". Ele estava internado em um hospital de Londres, no
Reio Unido, e sofria de uma síndrome rara e incurável.
Seu caso se
tornou mundialmente conhecido depois que a justiça britânica proibiu seus pais
de retirá-lo do hospital e negou uma transferência aos EUA para um tratamento
experimental.
Em um
comunicado citado pelo "The Guardian", a mãe do bebê, Connie Yates
diz: "Nosso lindo bebê se foi. Nós estamos muito orgulhosos de você,
Charlie".
Charlie sofria
de síndrome de miopatia mitocondrial, uma síndrome genética raríssima e
incurável que provoca a perda da força muscular e danos cerebrais. Ele nasceu
em agosto de 2016 e dois meses depois precisou ser internado no Great Ormond
Street Hospital, em Londres, onde passou o resto de sua vida.
Na manhã de
quinta, o juiz Nicholas Francis havia determinado a
transferência de Charlie para uma clínica de cuidados paliativos,
onde ele “inevitavelmente” viria a falecer em pouco tempo com o desligamento
dos aparelhos que o mantinham vivo.
"Não é do
interesse de Charlie que a ventilação artificial seja mantida e, portando, é
legal e de seu interesse que ela seja retirada", escreveu na sentença. O
juiz proibiu a divulgação da data da transferência e do nome do local para onde
ele seria levado.
A decisão foi
tomada depois que os pais do bebê e o Great Ormond Street Hospital não
conseguiram chegar a um acordo sobre quando e onde ele deveria morrer. Chris
Gard e Connie Yates queriam levar o filho para casa para que ele passasse seus
últimos momentos ali, mas a equipe médica alegava não ser possível transportar
o equipamento hospitalar, o que tornava necessário que ele permanecesse
internado.
Na última
segunda-feira o casal havia retirado seu apelo
às autoridades judiciais britânicas para que a criança
fosse mantida viva com a ajuda de aparelhos e para que sua transferência aos
EUA – onde seria submetida a um tratamento experimental – fosse autorizada.
"Para
Charlie, é muito tarde, o tempo acabou. Ele sofreu danos musculares irreversíveis,
e o tratamento não pode mais ser bem-sucedido", declarou na ocasião o
advogado da família, Grant Armstrong.
"Nós
decidimos deixá-lo ir. Ele tinha uma chance real de melhorar. Agora, nós nunca
saberemos o que aconteceria se ele fosse tratado", disse Connie na saída
do julgamento.
Charlie e seus pais (Foto: Reprodução/Twitter/@Fight4Charlie) |
Trump e Vaticano
O serviço de
saúde pública do Reino Unido (NHS) afirmava que Charlie tinha danos cerebrais
irreversíveis, não se movia, escutava ou enxergava, além de ter problemas no
coração, fígado e rins. Seus pulmões apenas funcionavam por aparelhos. O NHS
disse que os médicos chegaram a tentar um tratamento experimental trazido dos
EUA, mas Charlie não apresentou melhora.
Seus pais,
porém, lutavam contra a decisão do hospital e pediram permissão para levar o
bebê aos Estados Unidos para receber o tratamento experimental diretamente. Mas
no dia 27 de junho eles perderam a última instância do pedido na Justiça
britânica, que avaliou que a busca pelo tratamento nos EUA apenas prolongaria o
sofrimento do bebê sem oferecer possibilidade de cura.
O caso de
Charlie atraiu atenção internacional depois que a Corte Europeia de Direitos
Humanos (CEDH) apoiou a decisão de instâncias inferiores no Reino Unido e
determinou que os aparelhos que
mantinham Charlie vivo deveriam ser desligados, mesmo contra a
vontade de seus pais.
O Papa
Francisco fez apelos sobre o caso, e o presidente dos EUA, Donald Trump, chegou
a afirmar que os EUA ficariam felizes em
ajudar Charlie e sua família. Na semana passada, um comitê do
Congresso americano chegou a aprovar uma
emenda para conceder o status de residente permanente para
a criança e sua família, para que ela pudesse receber o tratamento no país.
Um hospital infantil ligado
ao Vaticano também se manifestou, dizendo que estava em contato
com a família para transferir o bebê para a Itália.
Após as
manifestações de Trump e do Papa, o Great Ormond Street Hospital anunciou que reavaliaria novas
possibilidades de tratamento. "Dois hospitais
internacionais e seus pesquisadores nos indicaram nas últimas 24 horas que
havia novos elementos para o tratamento experimental que propuseram",
explicou o hospital em um comunicado. "Consideramos, assim como os pais de
Charlie, que é justo explorar esses elementos", acrescentou.
As opções, no
entanto, não forneceram chances de cura, segundo os médicos.
G1/Mundo
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