Pais desejam passar
os últimos momentos com o filho no apartamento da família
O hospital infantil Great Ormond Street, onde o
pequeno Charlie Gard está internado, informou à Alta Corte de Londres que o
bebê não pode ser levado para a residência da família para passar seus últimos
momentos, pois o equipamento de ventilação que o mantém vivo só pode ser
fornecido no ambiente hospitalar. Os pais, Connie Yates e Chris Gard,
desistiram na segunda-feira de um tratamento experimental, mas neste terça,
lutam para levar o menino para casa.
“O plano para os cuidados
finais deve ser seguro, poupar Charlie de toda a dor e proteger a sua
dignidade. Ao mesmo tempo, deve honrar os desejos dos pais sobre dois assuntos
em particular: o local e a hora da passagem”, afirmaram os advogados do
hospital, em documento enviado à corte.
De
acordo com os advogados, o equipamento de ventilação invasiva necessário para
manter Charlie vivo está disponível apenas no ambiente hospitalar. Entre outros
problemas práticos, o equipamento não passa pelas portas da casa da família.
“Charlie
é uma criança que requer tratamento altamente especializado. Seu cuidado não
pode ser simplificado”, dizem os advogados. “Ele deve ser fornecido num formato
especializado, por especialistas”.
O
último desejo dos pais é que o pequeno Charlie, que completaria seu primeiro
aniversário no próximo dia 4, possa morrer em casa. Ele sofre da rara síndrome
de depleção do DNA mitocondrial relacionada ao gene RRM2B, e não tem mais
chances de recuperação. Os pais lutaram nos últimos meses por uma liberação da
Justiça para levar o menino para um tratamento experimental nos EUA, mas
desistiram nesta segunda-feira.
Num
vídeo divulgado no início do mês, Chris e Connie expressaram o desejo de levar
Charlie para casa, mesmo que seja para morrer. “Nosso desejo final, se tudo
acontecer contra a gente, é levar o nosso pequeno menino para morrer em casa”.
—
Nós queremos dar um banho nele em casa, colocá-lo numa cama que ele nunca
dormiu, mas estamos sendo negados a isso — disse Chris, no vídeo. — Nós sabemos
qual vai ser o dia que o nosso filho vai morrer, mas não nos digam como isso
vai acontecer.
—
Nós prometemos ao nosso pequeno menino todos os dias que nós vamos levá-lo para
casa — completou Connie.
Os pais Chris Gard e Connie Yates querem passar os últimos momentos com o filho, Charlie, em casa - PETER NICHOLLS / REUTERS |
O Globo
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