Versão da música relata como futuros servidores devem tratar os
detentos. Conselho de Direitos Humanos quer apuração do vídeo
GIOVANNA BEMBOM/METRÓPOLES |
Vídeo mais assistido da história
do YouTube, o clipe da música “Despacito“, de Luis Fonsi, ganhou uma versão
polêmica criada por agentes penitenciários em formação
pela Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social do DF. Eles
compuseram e gravaram “De Castigo”, onde relatam como vão tratar os presos
brasilienses assim que forem empossados nos cargos.
Na letra, cantam que só “tem agente
malvadão” e ameaçam: “tá no sal comigo, suspende o parlatório e as ‘visitas
tudo'”. Em outro trecho, dizem “não mexe comigo, sou operacional, a bala é de
borracha mas tenho letal” e também que “preso é muito burro e gosta de correr
perigo, tira toda a paciência fazendo tudo proibido”.
No vídeo gravado
pela turma de 2017, os agentes riem e acompanham uma colega que lê a letra em
seu celular. A paródia chegou ao Conselho Distrital de Promoção e Defesa
dos Direitos Humanos do DF, que vai pedir a apuração do caso e a impugnação dos
candidatos envolvidos.
As imagens serão encaminhadas à
própria Secretaria de Segurança, bem como ao Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), ao Conselho de Direitos Humanos (CNDH) e ao Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
É
tão criminoso quanto o cometido pela pessoa que está lá presa. Um agente
público não pode fazer uso dessa canção como incentivo. Isso alimenta a cultura
do ódio e da violência. Um agente público tem que agir com imparcialidade"
Michel Platini, presidente do
Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do DF
Assista “De castigo”, paródia de
Despacito criada por agentes em formação da Sesipe
Sindicato defende agentes
Presidente do Sindicato dos Agentes
de Atividades Penitenciárias (Sindpen-DF), Leandro Allan Vieira não vê
problemas no vídeo e defende a postura dos colegas. “Foi feito por alunos e
apresentado para instrutores. Não foi com intuito de pregar nenhum tipo de
violência em desfavor do preso. Retrata a forma como temos de conter uma
rebelião, um motim”, garante.
Leandro Allan disse também que
os agentes “sabem muito bem o seu papel ressocializador dentro de uma unidade
penitenciária” e que os mesmos usam armas não letais para preservar a vida do
apenado.
O Metrópoles procurou
a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social do DF, mas não obteve
resposta até a última atualização desta matéria.
Metrópoles
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