O Ministério Público
Federal (MPF) pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que seja decretada a
prisão preventiva dos dois pilotos americanos do jato Legacy que colidiu com um
Boeing 737 da Gol em setembro de 2006, a 37 mil pés de altitude sobre a Serra
do Cachimbo, em Mato Grosso. O acidente do voo 1907 resultou na morte de 154
pessoas.
Os
dois responsáveis pelo jato, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, são
considerados foragidos, segundo a subprocuradora-geral da República, Lindôra
Maria Araújo. Ela afirma no pedido ao STJ que os dois pilotos, que estão
condenados desde 2011, moram nos Estados Unidos e nunca se apresentaram à
Justiça brasileira para prestar esclarecimentos. Lindôra propõe duas
alternativas: extradição de ambos ou a transferência da causa penal brasileira
para os Estados Unidos.
Segundo
a petição do MPF, Lepore e Paladino estão condenados à pena de 3 anos, 1 mês e
10 dias de reclusão, em regime aberto, mas encontram-se “fora do alcance da
justiça criminal brasileira”, recorrendo ao STJ. “É de se ter em mente que os
condenados vêm-se recusando desde 2006 a sujeitar-se à jurisdição do Brasil e
demonstram profundo desdém pelas formalidades das ações penais em debate”,
escreve Lindôra.
Em
curso. Segundo o advogado dos pilotos, Theo Dias, o pedido de prisão antes do
trânsito em julgado “é uma afronta ao Direito brasileiro”. “Desde o início do
processo, eles vêm demonstrando respeito à Justiça brasileira, participando de
todos os atos do processo e defendendo-se, por seus advogados da ação penal,
hoje em curso no STJ. Eles têm o direito de aguardar em seu país de origem o
deslinde do processo”, afirmou o advogado, por meio de nota.
“Estão
ocorrendo diversas violações a tratados internacionais quando os pilotos se
recusam a retornar ao Brasil”, afirma o advogado de Direito Internacional
Eduardo Saldanha, que está acompanhando o caso. “Precisa ter o pedido de prisão
decretado para pedir a extradição. Se deferido o pedido por parte do STJ,
imediatamente vamos proceder com o pedido de extradição ao governo dos Estados
Unidos.”
Nesse
caso, Lepore e Paladino entrariam na lista de procurados da Interpol. A decisão
da ministra Laurita Hilário Vaz, do STJ, deve sair em cerca de um mês, segundo
o MPF, e a extradição pode demorar um ano. O advogado dos pilotos, diz que “não
há nada que justifique a extradição”.
Nos
EUA. Se o governo americano acatar o pedido de extraditá-los, assim que os dois
pisarem no Brasil, serão presos preventivamente. No caso de recusa, um outro
processo criminal poderá ser aberto nos Estados Unidos. “Existe um princípio no
Direito internacional que, caso o país negue a extradição, ele é obrigado a
abrir um processo criminal lá. Ou extradita ou julga. Então se os EUA não
extraditarem, não é tão ruim assim”, ressalta Saldanha.
Em
relatório divulgado em 2008, no entanto, a Agência Nacional de Segurança nos
Transportes dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês), parceira da
Aeronáutica na investigação do acidente, culpa o sistema de controle do espaço
aéreo brasileiro pela colisão, e não os pilotos americanos.
O Impacto/Estadão
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