"Estrangulei e depois fiz
sexo", confessou Ismael da Costa de Farias, de 29 anos, preso nesta
quarta-feira (14), por matar a vizinha, a
secretária Dayara Araújo de Oliveira, de 22 anos, em abril deste ano. O homem contou
detalhes de como teria cometido o crime durante assalto à residência da vítima,
situada no bairro Parque das Laranjeiras, Zona Centro-Sul de Manaus. Durante as
investigações, a Polícia Civil descobriu que o suspeito contratou outro homem
para coletar material biológico usado no exame de DNA e se livrar das suspeitas.
De acordo com a delegado titular da
Delegacia Especializada por Homicídios e Sequestros (DEHS), Paulo Martins,
Ismael da Costa contou que, por volta das 4h do dia 20, arrombou a janela da residência
onde a jovem morava na Rua Conde de Tocantins. Ele revelou que a intenção era
furtar um aparelho de celular, mas a vítima acordou e reagiu. Dayara residia há
cerca de dois meses no local e era vizinha do suspeito. Depois de assassinada,
a vítima ainda sofreu abuso sexual. "Dei um soco na boca dela, estrangulei
com um fio de energia da casa e depois fiz sexo com ela morta", relatou
Ismael da Costa, friamente.
O corpo de Dayara foi encontrado enrolado em um edredom
debaixo da cama somente na tarde do dia 20 por uma amiga da vítima, que
estranhou a ausência dela no trabalho. Peritos encontram sêmen no corpo da
jovem.
Inicialmente, a polícia suspeitava do
namorado da vítima, mas a participação dele foi descartada quando o homem
apresentou imagens feitas por câmeras de um posto de combustíveis em que ele
aparece durante várias horas ao lado de amigos.
Dayara Araújo foi encontrada morta, estrangulada
e enrolada em edredom (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal) |
Por ser conhecido pela prática de assaltos para
financiar o consumo de drogas, Ismael foi interrogado três vezes pela Polícia
Civil. Ele também foi intimado a coletar material biológico para análise no
Instituto de Criminalística (IC). Entretanto, o suspeito contratou o lavador de
carros Jonas Vieira Teixeira, de 27 anos, para se passar por ele durante a
coleta.
Segundo a DEHS, o lavador compareceu ao
órgão apenas com certidão de nascimento e amostras de sangue foram coletadas.
"Ele me ofereceu R$ 50 para ir coletar sangue, no dia 26, no lugar dele
com certidão de nascimento, mas não sabia do que se tratava. Estou arrependido
de ter feito isso", afirmou Jonas Vieira, que também foi detido pela
polícia.
Como o homem não apresentou documento de
identidade com foto, funcionários do Instituto de Criminalística registraram
imagens dele e anexaram ao prontuário. O procedimento facilitou a descoberta da
fraude. Investigadores da DEHS suspeitaram do comportamento de Ismael da Costa,
que insistentemente cobrava o resultado do exame.
Lavador confessou que recebeu R$ 50 para se passar por suspeito em coleta de material biológico (Foto: Adneison Severiano/G1 AM) |
Ao analisar o prontuário, os
investigadores descobriram a fraude e a DEHS solicitou a prisão preventiva, que
teve o pedido aceito pela Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM).
A polícia também descobriu que o celular roubado da vítima foi vendido ao chefe
do posto de lavagem onde Ismael trabalhava.
Para a família da vítima, Ismael planejou o crime, pois
várias vezes teria sido flagrado observando a vítima por fendas. A irmã de
Dayara acusa o suspeito de ser uma pessoa fria e cruel, pois chegou a retornar
ao local do crime horas depois do assassinato quando o corpo da jovem foi
achado. "Quando viu que o corpo da minha irmã estava sendo retirado da casa,
ele foi vender o celular. Ele acompanhou todo esse momento da retirada do
corpo. Não é um ser humano, é um mostro, uma pessoa dessa", desabafou a
pintora Dayenne Araújo de Oliveira, de 22 anos.
Dayenne afirmou ainda que a irmã estava
sofrendo ameaças. "Ela contou a nossa irmã mais velha que recebia
mensagens dizendo 'tranca bem a sua porta, um dia vou bater aí'", relatou.
A família também teme represálias. "Enquanto estava na delegacia
acompanhando a prisão do suspeito, recebi um telefonema de número restrito de
uma pessoa dizendo que eu pagaria por tudo que estava fazendo", revelou.
Ismael da Costa de Farias será indiciado
inicialmente por homicídio qualificado e deve ser encaminhado nesta
quinta-feira (15) à Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no
Centro da capital. Já o lavador Jonas Vieira responderá em liberdade pelos
crimes de falsidade ideológica e fraude processual.
G1/AM
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