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sábado, 28 de junho de 2014

Índios se recusam a deixar fazenda mesmo após decisão judicial em Lagoa da Confusão-TO


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Indígenas da etnia Krahô se recusam a deixar a fazenda Planeta, em Lagoa da Confusão, mesmo após decisão da Justiça que deu um prazo de 30 dias para a reintegração de posse. A cidade fica a 350 km de Palmas, no sul do estado. A propriedade foi invadida há um mês, quando cerca de 50 indígenas ocuparam a área alegando que não têm para onde ir.

A fazenda, localizada às margens do rio Formoso, tem cerca de 50% de área preservada. A propriedade tem aproximadamente 11 mil hectares e pertence ao empresário Everardo Telles, que era presidente do grupo Ipyóca. Ele diz que a área é usada para produção agrícola e criação de gado. “Cerca de 50 % é para reserva e 50% de área plantada com capim quicuio e quatro mil cabeças de gado”, explica.

Usando flechas e facões eles não deixam ninguém passar da porteira da fazenda, para dentro da propriedade. Eles reivindicam a desapropriação da área que alegam ter direito há décadas. “Antes de 1950 o meu bisavô já morava nessa região. Quando os fazendeiros vieram tiraram ele daqui. Estamos aqui hoje para lutar pacificamente, porque até o momento não ameaçamos ninguém, mas já vieram aqui nos ameaçar”, argumenta o vice-cacique Krahô, Davi Reis.

O vaqueiro Simael Ferreira Gomes, responsável pela propriedade, morava perto da entrada principal da fazenda. Com medo, preferiu se mudar do local com a família. “Tem 30 dias que saí de casa com minha família. Deixamos a casa fechada com todos os objetos e quando chegamos aqui está desse jeito. Falta os colchões dos meus meninos; um [aparelho de] som; capa de sofá; calças, botijão [de gás]. A geladeira estava toda aberta, arrebentada”, conta.

Aloísio Monteiro, supervisor das fazendas do grupo Agropaulo, aponta os prejuízos. “Os animais estão morrendo. Eles [os indígenas] não estão nos deixando fazer o remanejamento. Tem 4,5 mil bois aí e estão caindo. Fora o que eles mataram e levaram a carne salgada para vender lá fora”, acusa.

Mesmo com a decisão judicial para que os indígenas deixem a área no prazo de 30 dias, eles não estão dispostos a deixar o local, enquanto não houver uma solução definitiva para o problema, por parte da Fundação Nacional do Índio (Funai).

“Eu sou uma índia Gudarajara. Estamos aqui e vamos permanecer aqui. Daqui para frente nós não vamos. Se vier alguém [tentar nos tirar daqui] pode vir que nós estamos aguardando”, diz a indígena Marta Gudarajara. 






G1/TO - Foto: Reprodução/TV Anhanguera


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