Preocupado com os
episódios que ocorreram no Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura
(CRASHM), na localidade de Cucurunã, em Santarém, Pará, nas últimas semanas, um
parente de um detento procurou nossa reportagem para denunciar uma série de
irregularidades e problemas que estão acontecendo na casa penal.
As revoltas dos
detentos, segundo ele, podem estar ocorrendo em função de excessos cometidos
nas revistas de homens da Polícia Militar, dentro das celas da Penitenciária.
Na semana passada, durante uma revista da PM, vários objetos, de acordo com o
parente do detento, foram quebrados. Os objetos eram utilizados como passatempo
pelos apenados.
“Quando eles (direção do
CRASHM) chamam a Polícia Militar pra lá, eles não vão pra cumprir uma ordem e
pra verificar onde é que está o erro e verificar o que é que está de errado. No
dia que mataram o detento José Augusto de Sousa Moura, no último dia 02, mandaram
a Polícia Militar pra lá e, quando os homens do Grupo Tático Operacional
entraram nas celas bagunçaram os pertences de todos os encarcerados que estão
lá”, denuncia o trabalhador, que gravou um vídeo de costas para não ser
reconhecido.
Ele afirma que a o Grupo
Tático Operacional (GTO) quebrou, tocou fogo e danificou diversos objetos das
pessoas que estão dentro da Penitenciária. “As famílias compram esses objetos
com sacrifício pra levar às pessoas que estão lá presas e quando o Grupo Tático
chegou lá, ao invés de colocar ordem na casa, quebrou tudo o que tinha nas
celas”, disse o parente do detento.
O trabalhador revela que
tem um parente que está cumprindo pena no Presídio de Cucurunã e teme pelo que
pode acontecer a ele, devido aos problemas que estão ocorrendo dentro da casa
penal. “Graças a Deus não bateram nele, mas quebraram todos os objetos que
havia na cela em que ele está”, denunciou.
REBELIÕES: Questionado sobre o que
estaria provocando a onda de rebeliões na Penitenciária de Cucurunã, o trabalhador
disse que não tem como explicar, principalmente por não viver o dia a dia
dentro do Presídio, porém, ressaltou que há aglomeração de muitas pessoas
dentro de uma mesma cela, onde até 8 detentos ficam em um pequeno espaço.
“Onde tem muita gente muita
coisa pode acontecer, até porque não tem nenhum santo lá dentro, mas, também,
não é pra PM chegar lá e fazer esse tipo de coisa. A quantidade de policiais
que vai pra lá tem capacidade de controlar a situação e não bagunçar!”,
exclamou.
Ele denuncia que a
Penitenciária tem capacidade para pouco mais de 300 detentos, mas hoje, está
com uma lotação de 600 apenados. “Eram 601, mas mataram um na semana passada e
ficaram 600. A superlotação também provoca a revolta dos apenados. Essa revista
da Polícia Militar, através do GTO, nas celas é rotina, mas acredito que não há
necessidade de eles estarem lá toda hora, até porque a Polícia Militar não tem
esse direito de chegar lá e quebrar os objetos dos presos. Os objetos que
servem para os detentos como passatempo foram quebrados pela PM”, denunciou o
trabalhador, que sempre permaneceu de costas para não ser reconhecido.
SEGURANÇA: Em entrevista concedida à imprensa
santarena, o comandante do Grupo Tático Operacional (GTO), capitão PM Wilton
Chaves, disse que a ordem para reforçar a segurança na penitenciária partiu do
Comando Regional da PM no Oeste do Estado e 3º Batalhão da Polícia Militar, o
Batalhão Tapajós. A ordem foi dada após constantes rebeliões no presídio e
mortes, como a que aconteceu na semana passada quando um detento foi
assassinado por um colega de cela, mesmo com a presença do Grupo Tático no
local.
Para o capitão Wilton, o
fim das rebeliões e a superlotação só acabarão quando a nova Central de Triagem
for inaugurada. “Já está quase pronto o novo presídio de Santarém, onde essa
superlotação será terminada na cidade, uma vez que todos os presos do pavilhão
1, que é o pavilhão dos provisórios, serão levados para lá, nós temos celas
hoje até com 5 indivíduos, e uma cela era para ter no máximo 3”, afirma o
capitão Wilton Chaves.
Na semana passada, cinco
presos foram transferidos da Penitenciária de Cucurunã para o presídio de
Americano, em Belém. Os presos foram escoltados por soldados do Grupo Tático
Operacional que utilizaram as rodovias que dão acesso à capital paraense.
O Impacto
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