Uma família de Santarém, no oeste do Pará, descobriu um
corte no corpo de um bebê logo após o parto feito no Hospital Municipal de
Santarém (HMS), na tarde de segunda-feira (23). Os familiares contam que o
médico que fez o parto cesárea disse que a criança já nasceu morta e que a
causa da morte não foi o corte.
No atestado de óbito consta que a causa da
morte foi “sofrimento fetal agudo circular de cordão”, que ocorre quando a
criança nasce com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Segundo a avó do
bebê, Raimunda Batista, a família acredita que, apesar do corte, a principal
causa da morte foi a demora no atendimento. Ela explica que a mãe, Marcilene
Dias da Cruz, de 22 anos, foi levada ao Hospital Municipal no sábado (21) com
dores e perda de líquido, mas somente na segunda-feira foi operada.
Raimunda destaca que, ainda no sábado,
Marcilene recebeu uma injeção e foi mandada de volta para casa, mas retornou ao
hospital no dia seguinte com dores. “Eles abandonaram ela na sala de espera. O
primeiro médico que atendeu falou que ela ia ter filho normal, mas do jeito que
ela era grande, ela não ia ter normal. Ele falou que até as 7hs da manhã de
segunda a gente operava ela, mas não fizeram isso. Ela foi operada quatro horas
da tarde”, ressaltou. Ainda segundo ela, a cirurgia foi feita por outro médico,
diferente do que atendeu a paciente pela manhã.
Após o parto, Raimunda conta que o bebê
estava enrolado em um pano no necrotério e que a família só descobriu o corte
ao observá-lo detalhadamente.
Ao G1, o obstetra Waldir Mesquita disse que recebeu a
paciente, que estava no atendimento de pré parto desde o dia anterior, por
volta das 15h15 de segunda-feira, "com diagnóstico de sofrimento fetal agudo,
que é um acidente que ocorre de forma rápida. Eu a submeti à operação
cesariana, que é o procedimento indicado e, ao retirar o bebê, ele estava com
três circulares de cordão e essa é que foi a causa da morte”, afirma.
Em relação ao corte no corpo da criança,
ele explicou que se trata de um procedimento que pode ocorrer, principalmente
em situações urgentes, mas garante que não prejudica a saúde do paciente. “O
que existe é o que chamamos de escoriação no bebê, que vai do dorso, pega a
nádega e parte da coxa. Isso se deve ao risco das duas pinças podem fazer
quando você tira o bebê. Como o caso dela era urgente, a gente foi tirar o bebê
apressadamente para tentar ver se conseguia reanimá-lo. E provavelmente,
repito, provavelmente, essas pinças-corte devem ter riscado o dorso do bebê,
mas isso não tem nada a ver com a causa da morte”, alegou o médico.
A família chegou a ir ao Propaz para
registrar Boletim de Ocorrência, mas foi orientada a levar a informação ao
Ministério Público do Estado.
Por telefone, a diretora do Centro de
Perícias Científicas Renato Chaves, Stael Rejane, informou que o corpo da
criança foi necropsiado na tarde desta terça (24), e que o prazo para entrega
do resultado é de 10 a 30 dias.
G1/Santarém
Nenhum comentário:
Postar um comentário