Investigação grampeou ligações telefônicas do grupo
durante 30 dias. Seis PMs foram presos suspeitos de envolvimento na série de 28
assassinatos ocorridos em janeiro.
Áudios gravados
pela Promotoria Militar feitos com autorização da justiça revelam o
envolvimento de policiais militares em um grupo criminoso instalado dentro da
corporação, no estado. O grupo é suspeito de envolvimento nos crimes ocorridos nos dias 20 e 21 de janeiro desse ano, quando
houve 28 homicídios com características de execução, na maior
série de mortes já registrada na região metropolitana de Belém.
Os assassinatos
em série ocorreram em 11 bairros de Belém, Icoaraci, Marituba e Ananindeua,
após o assassinato do soldado da Ronda Tática metropolitana Rafael da Silva Costa,
de 29 anos. O Ministério Público do Pará, por meio da 2ª promotoria de Justiça
Militar, denunciou seis policiais militares, que estão presos preventivamente
desde terça-feira (5), em Belém. Entre eles, um subtenente, dois soldados e
três cabos da PM.
De acordo
com a denúncia do promotor de Justiça Militar Armando Brasil Teixeira, os seis
policiais, liderados pelo Cabo PM Heleno Arnaud Carmo de Lima, eram parte de
uma organização que orquestrava e executava crimes, “em total afronta ao Estado
Constitucional e Democrático de Direito”.
A investigação
aponta a participação dos denunciados em milícia e homicídio. Além do “cabo
Leno”, foram denunciados os cabos Romero Guedes Lima e Wesley Favacho Chagas, o
subtenente Marcos Antônio dos Santos Cardoso, e os soldados Reutman Coelho
Spindola e Michel Megaron Nascimento.
Ligações
Foram 30 dias
de monitoramento das conversas telefônicas e de aplicativos em cumprimento a
mandados de quebra de sigilo e interceptação telefônica. As provas materiais e
testemunhos que indicam que o grupo colaborava com criminosos para a prática de
arrombamentos, faziam ameaças de mortes e intimidações em troca de vantagem
econômica, e praticavam furtos a residências. Além disso, nos áudio, eles falam
claramente sobre "matanças" e, por isso, a Justiça militar pediu a
prisão preventiva deles, explica o promotor Armando Brasil.
O cabo Heleno Arnaud fornecia armas
de fogo a terceiros, mediante pagamento. A investigação revela, até esta fase,
que o grupo armado liderado pelo cabo tem a participação em pelo menos dois
homicídios ocorridos nos dias 20 e 21 de janeiro. Foram encontrados estojos de
da PM em cenas de crimes. "Estamos investigando quem desviou munição da PM
para esse grupo de extermínio. Eram balas usadas em treinamentos da policia.
Apesar de não serem uma munição de primeira, elas matam da mesma forma",
explica o promotor de Justiça.
Foram
monitoradas três linhas telefônicas. Alguns trechos das gravações, como as que
foram feitas nos dias 6 e 7 de julho, registraram conversas entre Heleno, o
cabo Romero Guedes Lima, outro policial militar suspeito e um outro homem não
identificado. Eles teriam usado a expressão aniversário se referindo à prática
de furtos às residências.
“Ai... e o
pessoal do aniversário lá? Nada ainda? (risos)”, disse Romero. “Ê, eu tô
esperando... eles me dão um prazo até três horas, ai eles vai, vai atrás
(...)”, responde Heleno.
Em outra
conversa, do dia 9 de julho, Romero convida Heleno para arrombar uma casa. “Tu
vai: é só pra gente entrar num negócio ali, só pra ver se tem um real guadao
ali”, diz Romero. “Beleza! Me liga então, que eu vou deixar em QAP aqui o
celular, me liga”, diz Heleno. “Estão tudo pra Mosqueiro. Eu tô com alicate
aqui, a gente corta o cadeado e entra, só pra ver se tá lá o dinheiro”, diz Romero.
G1/PA
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