Depois de
acompanhar o cultivo no Campus do Inpa desde a germinação até a inflorescência
e frutificação, a Coccoloba ssp. receberá estudos taxonômicos que ajudarão na
identificação completa da espécie
Acervo Cid Ferreira Pesquisador – Divulgação – INPA |
Vinte anos depois
de entrar para o livro do Recordes como a maior folha do mundo, a Coccolobafinalmente poderá ser identificada pela
ciência. Observada pelos pesquisadores pela primeira vez na região do rio
Madeira, na Amazônia, a árvore da família Polygonaceae começou a ser cultivada
em 2005 no Campus do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC),
em Manaus, Amazonas, e após florescer em 2013, frutificou neste ano. Com material fértil
completo (flores e frutos), os pesquisadores agora poderão descrever a espécie,
que por sugestão, deve receber o nome : Coccoloba Inpae, em
homenagem ao Inpa.
“Agora é que vamos
desvendar os mistérios da maior folha até hoje encontrada na Amazônia”, diz o
pesquisador do Inpa, o doutor especialista em florística e fitossociologia
Carlos Alberto Cid Ferreira, que encontrou inicialmente a Coccoloba, em 1983, numa expedição do Projeto Flora
Amazônica realizada ao rio Canumã, afluente do rio Madeira, na região do
município de Borba (Amazonas). Em 1997 a Coccoloba entrou
para o Guiness Book. A folha dicotiledônea (planta superior) mede 2,50 metros
de comprimento por 1,44m de largura na fase adulta.
Em agosto deste
ano, os pesquisadores coletaram os frutos maduros da Coccoloba, uma espécie ainda desconhecida pela ciência.
Parte do material é analisada pelos pesquisadores do Inpa Sidney Ferreira e
João Batista Gomes, que estão fazendo outros experimentos com relação à
germinação das sementes. A descrição da espécie deve ser feita em parceria com
outras instituições.
Acervo Cid Ferreira Pesquisador – Divulgação – INPA |
Outra parte dos frutos é pesquisada
pelo pesquisador Jaime Paiva no Laboratório de Físico-Química de Alimentos do
Inpa para saber o teor nutricional dos frutos. “Vamos fazer análises de
vitaminas, minerais (cálcio, magnésio, manganês, potássio, sódio, zinco, cobre)
e também análise protéica, de lipídio e de carboidrato (valor energético)”,
explicou o pesquisador.
Outra observação
interessante aconteceu no momento da coleta dos frutos. Foi possível vê que
passarinhos como Bem-te-vis foram vistos comendo os frutos. Acredita-se que
outros pássaros também se alimentem da espécie e que as aves possam ser no
futuro dispersores da Coccoloba na
região de Manaus. O pesquisador Renato Cintra vai testar a hipótese.
Cid Ferreira já
coletou mais de 10 mil plantas da Amazônia, inclusive várias espécies novas.
“Eu me sinto orgulhoso de contribuir para a botânica ciência na região amazônica
e de ver que a Coccolobaestá registrada no maior
Herbário da Amazônia brasileira e cultivada em dois campi do Inpa
continua rendendo boas pesquisas”, conta Ferreira.
A Coccoloba é uma planta de caule lenhoso, que
quando cultivada chega a alcançar até 13 metros altura. Segundo alguns
fisiologistas que analisaram os indivíduos cultivados, esta espécie trabalha 24
horas por dia, ao contrário das plantas comuns. Isso acontece porque a Coccoloba além da fotossíntese natural, suas
folhas também armazenam energia durante o dia e na ausência de luz, ou seja, à
noite.
Trajetória
Dez anos depois da expedição no rio
Canumã, Cid Ferreira, em companhia dos pesquisadores Dr. Rogério Gribel (Inpa)
e Jaime França (Ibama/Brasília), estiveram na Floresta Nacional do Jamari
(Rondônia), em 1993, e de uma única árvore coletaram três folhas. Esta
planta está registrado na coleção botânica de C. A. Cid Ferreira & Rogério
Gribel e J. França com o número 11.150 em 28/09/93 e catalogada no Herbário do
Inpa com o número 171.619. Com relação às folhas coletadas, uma está depositada
no Herbário e outra na Casa da Ciência. Uma terceira folha foi doada ao Museu
Paraense Emílio Goeldi (MPEG).
Segundo o pesquisador, em 2005, ele
recebeu a informação de que Floresta Nacional do Jamari (Rondônia) a árvore
estava frutificando, então foi até o local coletar as sementes. Em 2006, foi
feito o plantio das mudas, nos Campus I e III do Inpa, que floriram em 2013.
Cid Ferreira conta que quatro
indivíduos são monitorados desde o seu plantio e que apenas um frutificou.
Segundo ele, em 2010, foi feito o acompanhamento, durante o ano todo, da
produção de folhas de cada uma das árvores. O maior tamanho que elas
conseguiram atingir foi de até 1,70 metro de comprimento por 1,30 metro de
largura.
O pesquisador
explica que o fato da demora (até hoje não se tem conhecimento quanto tempo
leva no habitat natural) da Coccoloba florescer
e frutificar foi em função da planta ter saído do seu habitat natural e ter
vindo para outro ambiente diferente da floresta onde foi encontrada. “Aqui, no
Inpa, ela está numa área descampada, onde é cultivada, e isto pode ter
influenciado na ausência de polinizadores, solo e outros fatores ambientais”,
diz Cid Ferreira.
Portal do Amazonas
Com
informações:
Comunicação
Social
Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC)
Publicado em: 18 de Setembro de 2017 13:49
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