Rosane Mioranca Carrão, 38 anos, foi baleada na
saída do trabalho na tarde de quarta-feira (13), na frente da filha. Ex
confessou o crime e está preso.
Mulher é morta a tiros pelo ex-marido na frente da filha, em Taquara |
Morta a tiros quando saía do trabalho na tarde
de quarta-feira (13), Rosane Mioranca Carrão, 38 anos, teve o pedido de medida
protetiva negado pela Justiça. Ela tinha procurado a polícia após receber
mensagens com ameaças do ex-marido, com quem foi casada por 22 anos e teve três
filhos. Ele confessou a autoria e está preso.
A assessoria do
Tribunal de Justiça informou que o pedido foi negado porque o inquérito
policial registrou o caso como injúria, e não ameaça. As mensagens seriam
ofensivas, mas não ameaçariam fisicamente a vítima.
O crime ocorreu
em Taquara, cidade de pouco mais de 54 mil habitantes localizada na Região
Metropolitana de Porto Alegre. Acompanhada da filha de 16 anos, que trabalhava
com ela em um ateliê de calçados, Rosane foi abordada pelo homem na rua.
Um morador da
região, que tentou socorrer a vítima, diz que ficou chocado com a violência.
Rosane foi atingida por quatro disparos. A filha ainda tentou defender a mãe.
"Ele errou
o primeiro, mas os outros quatro, segundo o delegado, acertou todos",
recorda o torneio mecânico José Ademir Cordeiro. "Ele chutou umas quantas
vezes a cabeça dela. Pelo menos umas duas eu vi, e puxou o gatilho ainda depois
de a arma estar descarregada", completa.
O ateliê onde
Rosane trabalhava não abriu as portas nesta quinta-feira (14), em luto.
"Uma pessoa bem tranquila, sempre alegre trabalhando", lembra a
proprietária Rosa Regina dos Santos. "Nos últimos dias, ela não estava
mais tão alegre, estava triste, e aí comentou que estava recebendo ameaças dele
[marido]", completa.
A colega Bruna
Beck, que é auxiliar administrativo no ateliê, acrescenta: "Estava mais
apreensiva, acho que com medo mesmo (...) Na segunda (11), ela chegou me
pedindo para imprimir as mensagens do telefone dela. Ela foi na delegacia, deu
a queixa, e eles queriam por escrito."
Ex-marido confessa crime
Eduardo de
Medeiros Aguiar, de 44 anos, foi preso logo depois, a cerca de 500 metros do
local do crime. De acordo com o comissário de polícia Jorge Belmonte Jr., ele
confessou a autoria. "Estava indo matar o cunhado."
"Ele tem o perfil típico de um psicopata. Ele mesmo
diz que não importa o tempo que ele ficar preso, porque no dia que ele sair ele
vai matar o resto da família."
Ainda segundo o
comissário, o ex-marido estava "aparentemente normal" dentro da
viatura policial. "Ele confirmou, deu os detalhes de como tinha matado,
que deu quatro tiros e não conseguiu acertar na cabeça dela porque a arma tinha
falhado."
Eduardo está preso
na delegacia de Taquara, onde aguarda uma vaga no sistema prisional. O corpo de
Rosane será sepultado na tarde desta quinta.
Os passos de Rosane após as ameaças
Domingo,
10/09
Rosane procura a polícia para fazer uma ocorrência contra o ex-marido. O plantonista registra como injúria, baseado nas mensagens ofensivas que a vítima mostrou no celular. Além da ocorrência, Rosane também pede medida protetiva. O plantonista a orienta a apresentar provas, neste caso, imprimir o conteúdo das mensagens que o ex-marido mandava para o celular.
Segunda, 11/09
Rosane vai até a DP com as mensagens impressas. A polícia abre um inquérito. Segundo o comissário, mesmo se tratando de injúria, o caso já se enquadraria na Lei Maria da Penha, pelo teor das mensagens (não seriam ameaças de morte, mas ofensas graves).
Terça, 12/09
Inquérito é concluído com base na ocorrência e nas mensagens. O pedido de medida protetiva é encaminhado em regime de urgência para o Poder Judiciário, que tinha 48 horas para analisar.
Quarta, 14/09
Segundo colegas, Rosane passou o dia esperando uma ligação da polícia com a resposta. Mas a ligação não veio. Ela foi morta às 17h30.
G1/RS
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