Corpos foram colocados dentro de caixas de uma
marca de sabão em pó produzida em Pernambuco, e que não é vendida no RS.
Polícia divulga número para ajudar nas investigações.
Corpos estavam dentro de caixas de sabão em pó e sacos plásticos (Foto: Divulgação/Polícia Civil) |
A perícia adiantou para a Delegacia de
Homicídios de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, que os corpos encontrados esquartejados
dentro de sacolas na segunda-feira (4) seriam de um menino
e uma menina com idades entre 8 e 12 anos. As sacolas com os corpos estavam
dentro de caixas de uma marca de sabão em pó que não é vendida no Rio Grande do
Sul. Eles foram localizados em um ponto afastado da Rua Porto das Tranqueiras,
no bairro Lomba Grande, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Apesar de
faltarem partes dos corpos, a polícia conseguiu coletar as digitais deles. No
entanto, por se tratarem de crianças, não significa que necessariamente possuem
registro no banco de dados.
"Inicialmente
se acreditava que se tratavam de uma mulher e um menino, mas informalmente o
Instituto-Geral de Perícias (IGP) nos adiantou que se tratam de um menino de
aproximadamente 8 anos, e uma menina de 10 a 12 anos", afirmou o delegado
Rogério Baggio.
Perito durante o trabalho de recolhimento dos corpos em Novo Hamburgo (Foto: Divulgação/Polícia Civil) |
Dificuldade para identificação
A polícia já
enviou as digitais para outros estados em busca de uma identificação. Foi
divulgado ainda um número de Whatsapp (51 98416 8902) por
meio do qual a população pode mandar informações que possam contribuir com a
investigação.
"As
impressões digitais que foram coletadas são de boa qualidade, mas não
correspondem a nenhum padrão existente no IGP. Isso nos leva a crer que eles
não fizeram RG ou não são do estado. Por isso, oficiamos os departamentos de
identificação de outros estados", explica o delegado.
Conforme o delegado, escolas foram
notificadas a repassarem informações sobre crianças que tenham faltado aula. No
entanto, por conta da greve dos professores, ainda não se sabe quando a polícia
terá acesso a esses dados.
Foram feitas
ainda buscas no local para identificar câmeras de segurança que tenham
registrado alguma movimentação. Mas o equipamento mais próximo fica a cerca de
3 km de distância, e apenas reproduz as imagens, sem gravação.
Os vizinhos
mais próximos do local onde foram encontrados os corpos vivem a cerca de 700
metros de onde os dois foram encontrados, mas relataram à polícia que não viram
qualquer movimentação.
É feita também
uma varredura nos registros de crianças desaparecidas em todo o estado, uma vez
que o crime pode não ter acontecido em Novo Hamburgo. "Pode ter acontecido
em Canela, Esteio, Porto Alegre, pode ter acontecido em qualquer lugar",
afirma o delegado ao exemplificar a dificuldade que a investigação tem enfrentado.
Local onde foram encontrados os corpos em Novo Hamburgo (Foto: Divulgação/Polícia Civil) |
O menino e a menina estavam sem cabeça,
e ele ainda não tinha um dos braços. Durante a semana, a polícia voltou ao
local e percorreu uma área de 1,5 km na tentativa de encontrar as partes que
faltavam. "Encontramos sacolas, mas todas com bichos mortos, porque,
aparentemente, as pessoas jogam animais mortos ali", relatou Baggio.
A falta de
identificação prejudica o avanço das investigações e, por isso, o delegado não
descarta nenhuma hipótese por enquanto.
"Pode ser
o sacrifício por parte de uma seita, um crime de vingança de uma facção contra
outra, tendo em vista a violência e barbárie com a qual as quadrilhas têm atuado,
obrigando as pessoas a cavarem a própria cova antes de
serem mortas, pode ser um crime passional…. trabalhamos com todas as
hipóteses", afirma Baggio.
Sabão em pó produzido fora do RS
Os corpos foram
encontrados esquartejados e incompletos, dentro de sacos plásticos azuis que
estavam dentro de caixas de sabão em pó. A marca é produzida em Pernambuco e,
segundo a fábrica, não é vendida no Sul do país. Além disso, os corpos não
estavam vestidos, e não foram encontrados sinais característicos.
"Essas
caixas são de uma marca que não é comercializada no Rio Grande do Sul. Entramos
em contato com a fábrica. Fomos também em tudo que é mercado, e não encontramos
essa marca", afirmou Baggio. Segundo ele, o lote que consta na caixa não
identifica onde o produto teria sido vendido.
Por conta dos
indícios levantados até o momento, a polícia especula que os corpos sequer
sejam do Rio Grande do Sul.
No entanto, o
mais importante para a investigação neste momento é a identificação das
vítimas, que poderá dar um ponto de partida para a elucidação do mistério.
G1/RS
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