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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Deputados oficializam pedido para afastamento de Adail Pinheiro, prefeito acusado por crimes de pedofilia


O prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro, foi ouvido pela CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em agosto de 2013

Os deputados estaduais José Ricardo (PT) e Luiz Castro (PPS) protocolizaram, na manhã desta terça-feira (21) o pedido de afastamento do prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro (PRP), sobre o qual pesam acusações de comandar uma rede pedofilia e exploração sexual infanto-juvenil no município que administra pelo terceiro mandato. O pedido de
intervenção foi solicitado ao Ministério Público do Amazonas (MPE-AM) que definirá até sexta-feira (24) se pedirá ou não ao governador Omar Aziz (PSD) que afaste Adail do cargo.

A intervenção do governador na administração municipal está prevista no artigo 128 da Constituição do Estado do Amazonas. Na lei, indica que caso seja comprovado que o prefeito feriu algum item da Constituição Federal, o governador pode afastá-lo do cargo até que seja definido o novo prefeito.
O documento entregue pelos parlamentares conta ainda com o apoio dos deputados estaduais Marcelo Ramos (PSB) e Chico Preto (PMN) que estão em viagem de férias. No documento, os parlamentares afirmam que há elementos suficientes comprovando que o prefeito de Coari feriu os direitos humanos de crianças e adolescentes do município.
Adail Pinheiro é investigado por um suposto envolvimento em uma rede de exploração sexual infantil no interior do Amazonas e já foi investigado por duas Comissões Parlamentares de Inquérito: a CPI da Pedofilia do Senado, presidida pelo senador Magno Malta e a CPI da Pedofilia da Câmara dos Deputados, liderada pela deputada Érika Kokay, que já esteve no Amazonas por duas vezes colhendo depoimento de testemunhas do caso. 

Ontem (20) a Secretaria Municipal de Coari informou, em nota, que o prefeito desmente qualquer informação de envolvimento dele com a suposta rede de exploração, e que Adail Pinheiro estava buscando, na Justiça, maneiras de responsabilizar pessoas que estão caluniando e difamando a honra dele.
O corregedor-geral do MPE, o procurador de Justiça José Roque Marques, informou que o órgão tem dado atenção especial ao município e que a representação dos deputados terá resposta imediata. “Coari para nós é uma preocupação constante e a representação dos parlamentares terá uma atenção do MPE-AM. Em três dias já teremos uma posição a respeito do assunto”,informou.
Coari foi chamada em reportagem do programa dominical Fantástico, exibida no domingo (19), como a "central brasileira da pedofilia", chefiada pelo próprio prefeito.
Aliados

Adail foi aliado político do senador e líder do governo Eduardo Braga (PMDB) e do ex-presidente Lula (PT) que, em 2009, enquanto visitava Coari, o chamou de "companheiro". Nas eleições de 2012, Braga (ex-governador do Amazons) subiu ao palanque mais uma vez para apoiar Adail Pinheiro, ocasião que concorria ao terceiro mandato de prefeito.

Acusações

Oficialmente, Adail Pinheiro responde a mais de 70 processos no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), relacionados a corrupção e pedofilia. O órgão está sendo investigado esta semana pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre uma possível “blindagem” ao prefeito de Coari no Judiciário Amazonense. O presidente do TJAM, desembargador Ari Moutinho, disse ontem que não iria se pronunciar sobre o caso.

O prefeito de Coari também foi alvo de investigação da Operação Vorax, deflagrada em 2008 pela Polícia Federal, que investigou o desvio de mais de R$ 25 milhões em obras bancadas com verbas advindas de convênios federais e de royalties pagos pela Petrobras com a exploração de petróleo e gás natural no município. À época, Adail dirigia Coari pela segunda vez. De acordo com o Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) os réus são acusados de crimes de peculato, fraude à licitações e falsidade de documentos. 

Com 77 mil habitante (IBGE 2013), Coari é o segundo município mais rico do Amazonas, ficando atrás somente de Manaus em termos de receita tributária. A riqueza se deve aos royalties que recebe da Petrobras pela exploração de gás e petróleo da Bacia petrolífera do rio Urucu. Apesar dos recursos, ostenta péssimos indicadores sociais entre os municípios amazonenses.


A Crítica


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