Quatro
dias depois de ser exposto em rede nacional como autor de crimes de pedofilia no Amazonas, o prefeito de Coari,
Adail Pinheiro (PRP), rompeu o silêncio, nesta quinta-feira (23). Na fala, que
mantém desde 2009, quando foi denunciado pelo Ministério Público, o prefeito
nega a pecha de pedófilo e desqualifica as denúncias contra ele, porque chegam
à imprensa por meio de adversários políticos.
“Eu nunca tive envolvimento
com nenhuma criança ou menor de idade. Lamento ser acusado desde 2009 e até
hoje nunca ninguém conseguiu provar nada”, afirmou Adail Pinheiro. Domingo, o
programa Fantástico exibiu matéria de 11 minutos, onde supostas vítimas do
prefeito o acusam de manter relações sexuais com crianças e com adolescentes.
“Tudo isso foi fabricado, com o objetivo de
macular minha imagem e minha honra. Para me jogar contra a opinião pública do
meu Brasil, do meu Estado e da minha cidade”, disse Adail Pinheiro. Segundo o
prefeito, adversários políticos dele, como o segundo colocado nas eleições de
2012, Raimundo Magalhães, estariam utilizando o envolvimento dele em investigações de casos de pedofilia para tentar influenciar no julgamento
do registro de candidatura dele, que está no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A ligação de Adail Pinheiro com o tema
pedofilia está no noticiário local, nas páginas de polícia e política, desde
2008. Em 2009, ele e os então secretários municipais da cidade, Adriano Salan e
Maria Lândia dos Santos foram denunciados a Justiça por exploração sexual de menores e incentivo à prostituição. A denúncia
contra Adail, Salan e Maria Lândia é um desdobramento dos inquéritos policiais
produzidos pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Vorax, de 2008. O caso
ainda não foi julgado pela Justiça amazonense.
“Se eu fosse um bandido,
você acha que eu, como candidato de oposição, sem dinheiro, ia ser eleito (em
2012)? Bandido, o povo derrota nas urnas. Diz não nas urnas. Eu fui aprovado
pela terceira vez, depois de tudo que eu passei”, afirmou Adail Pinheiro.
Evitando a imprensa local
desde 2008, Adail Pinheiro disse o porquê de ter decidido falar. “Agora,
realmente, a dose foi acima da medida que eu poderia suportar”, afirmou o
prefeito de Coari. Adail deu entrevista a vários meios de comunicação, em
Manaus, atendendo veículo por veículo, no escritório de seus advogados.
Prefeito
contesta relatora da CPI
A tramitação lenta dos processos onde Adail Pinheiro figura como réu levou a deputada
federal Líliam Sá (PROS-RJ) a afirmar, na quarta-feira, que o Poder Judiciário
do Estado do Amazonas “está dominado” pela influência política e econômica do
prefeito de Coari.
“É preciso acabar com esse
corporativismo político que protege esses crimes gravíssimos, que ferem a
integridade física e moral de crianças e adolescentes, sem contar que fere a
moral de um Estado e coloca em cheque a credibilidade da Justiça do Amazonas”,
disse Líliam Sá à sucursal de A CRÍTICA, na quarta-feira (22). Ela é relatora
da CPI da Pedofilia.
Adail Pinheiro rebateu
ontem a declaração da deputada, afirmando que a ela está sendo induzida por
adversários. E negou que receba proteção política e da Justiça.
A lentidão da Justiça
amazonense na análise de processos envolvendo o prefeito de Coari é um dos
motivos da correição realizada até ontem pelo Conselho Nacional de Justiça
(CNJ).
PRP
Pressionado pela executiva
nacional do PRP, o presidente da sigla no Amazonas, Jackson Saldanha, informou
que vai instituir comissão para apurar as acusações contra Adail Pinheiro. E
adiantou que confia na inocência do prefeito.
Três
perguntas para o prefeito de Coari Adail Pinheiro
1- O que sua filha de 17 anos fala
sobre as afirmações de que o senhor gosta de ter relações sexuais com menores
de idade?
Ela diz que acredita que
realmente tudo isso não passa de uma grande armação política. Ela conhece o pai
dela. Conhece a minha vida e tudo que está acontecendo. Não deixo de informar.
Tenho diálogo franco com os meus filhos. Eles conhecem o pai que têm.
2- Via de regra, são nossos
adversários que nos delatam. Não amigos. O senhor acha que por isso as
denúncias não merecem crédito?
Com certeza. Acabamos de
sair de um pleito onde as pessoas foram derrotadas e o que querem é influenciar
nesse julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Você acha que eu vou dar
credibilidade para isso? E por que não provam isso (as denúncias)? É muito
fácil. É só provar.
3- Por envolvimento com o
senhor, o CNJ aposentou compulsoriamente dois juízes e transferiu outra. O
senhor nega isso?
Um governo como o da
administração de Coari é muito grande. São 17 secretarias. Se tem algum membro
da administração que tem um contato ou outro. Mas não é o prefeito. Então, veja
bem, me acusar de ter envolvimento com algum magistrado é uma acusação leviana.
Nunca tive.
Trechos de
diálogos retirados da ação do MP
“Aí, ele (Adail) pega,
senta numa mesa e começa a conversar comigo. Disse que eu era muito bonita, que
não sei o que, que ia pedir da minha mãe, e meu pai pra casar comigo, foi
quando eu disse: ‘Eu? Eu tenho 12 anos! Casar comigo?’ Ele disse olha ... Eu deixo
bem claro que eu não quero nada com isso, não sei o que ... E começa a falar,
eu posso te dar moto, eu posso te dar casa, eu posso te dar isso. Eu disse: ‘eu
não preciso! E nem quero!’”
Trecho do
depoimento de uma menina à Polícia Federal citado pelo MPE
“ADAIL: Fala Adriano.
ADRIANO: Meu irmão, a Lândia veio aqui e trouxe a sobrinha dela. É um bebê,
agora que olhei direito, p...., que bebezinho. (...) ADAIL: Traga logo aqui
para eu ver logo. (...) ADRIANO: Meu irmão é um bebê chefe, que sorriso lindo branquinho,
vermelinha, cabelão. ADAIL: Ai, meu Deus, traga. ADRIANO: Teu número, parceiro.
Vou levar aí.
Diálogo
Adail e Salan.
“LÂNDIA: Oi, Adriano.
ADRIANO: Pera aí, Lândia, o prefeito vai falar. ADAIL: Lândia, já tô indo pro
barco. Lândia cadê o pessoal, Lândia?
LÂNDIA: Ah, tu vai agora
pro barco, é? ADAIL: Cadê ela? LÃNDIA: Vou ligar pra ela. ADAIL: A miss Coari?
Conversa
entre Lândia e Adail Pinheiro.
A Crítica
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