Dr. Ricardo Tomás |
Inconformado
com a atuação de várias pessoas que fazem exames oftalmológicos em consultórios
clandestinos em Santarém, no oeste do Pará, o médico oftalmologista com
inscrição de número 8852 no Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará
(CRM/PA), Ricardo Tomás da Costa, denuncia os problemas ocasionados a dezenas
de pacientes. Ele afirma que algumas pessoas se intitulam profissionais de
oftalmologia, mas que não são diplomadas e nem têm o registro no CRM, o que
pode levar o paciente a uma
série de complicações nos olhos. Dr. Ricardo
reforça que a Sociedade de Oftalmologistas de Santarém, após receber várias
denúncias, esclarece ao público que os não-médicos estão atendendo na cidade e
região Oeste do Pará, em locais como: bairros, escolas, centros comunitários e,
inclusive, dentro de óticas retendo receitas, o que é proibido, através dos
artigos 38 e 39 do Decreto 20931/32 e artigo 39 do Código de Defesa do
Consumidor. O médico alerta para os perigos da prática, especialmente em
crianças, pacientes acima de 40 anos e idosos, pelos riscos, inclusive, de
cegueira. Veja os principais detalhes da entrevista exclusiva:
Jornal O Impacto: Essas pessoas que se intitulam
profissionais da área de oftalmologia, mas que não têm o diploma de curso
superior, se consolidam como um problema para os médicos formados?
Doutor Ricardo: É justamente isso! O problema fica maior, também,
para a população que não é bem esclarecida e não sabe que no Brasil, só quem
pode fazer exame de vista e receitar óculos são os médicos. Está acontecendo
com freqüência e, estamos recebendo pacientes se queixando que foram
consultados por pessoas que não são médicos. Fica complicado porque alguns
acreditam que sejam profissionais licenciados.
Jornal o Impacto: Existem pessoas assinando
receitas e encaminhando pacientes para as óticas sem terem o diploma de
medicina?
Doutor Ricardo: Na legislação atual isso é ilegal, porque a ótica
só pode fazer óculos se for com uma receita assinada por um médico. Essas
pessoas que fazem exames e receitam óculos estão agindo ilegalmente. Eles estão
exercendo a atividade que só os médicos podem fazer.
Jornal O Impacto: Já existe fiscalização nesse
sentido?
Doutor Ricardo: Aqui
em Santarém ainda não sabemos que órgão especificamente pode fiscalizar esses
consultórios irregulares. Vamos começar uma campanha com o intuito de
esclarecer a população. Acredito que as pessoas tomando ciência do assunto,
podem fazer a denúncia para que os órgãos competentes tomem uma atitude.
Jornal O Impacto: Nesse caso, a população deve
ficar atenta com os serviços dos falsos médicos?
Doutor Ricardo: Justamente! O povo deve ficar atento para não se
consultar com uma pessoa que não foi capacitada para exercer a medicina. Um
profissional não qualificado pode levar um paciente à cegueira.
Jornal O Impacto: O que a população deve fazer para
não confundir uma clinica médica com um consultório clandestino?
Doutor Ricardo: A
primeira coisa que alguém deve fazer quando for fazer um exame, é procurar
saber se aquela pessoa que está lhe atendendo tem o registro médico no Conselho
Regional de Medicina (CRM). O paciente deve procurar saber logo disso. Caso não
tenha o CRM, o paciente deve descartar a consulta, porque todo médico para
atuar tem que ser registrado.
Jornal O Impacto: Quem procura os serviços de uma
pessoa que não é diplomada corre risco de cegueira?
Doutor Ricardo: Corre um sério risco, porque essas pessoas são mais
interessadas em prescrever os óculos, mas não sabem fazer um exame completo de
vista. Então, têm muitas pessoas que procuram o consultório no intuito de
adquirir óculos e acabam descobrindo que têm outras doenças que podem levar até
a cegueira durante a consulta.
Jornal O Impacto: Existem muitas denúncias nesse
sentido?
Doutor Ricardo: Existem
pacientes que eu atendo, mas que infelizmente não denunciam. São pacientes com
glaucoma e com outras doenças que podem levar a cegueira. Eles fazem exame de
vista em uma ótica, compram óculos, a visão não melhora e quando chegam aqui
para se consultar, descobrimos que é algo muito mais sério, do que apenas usar
óculos. O número de pacientes com esse problema está aumentando gradativamente,
mas infelizmente essas pessoas não denunciam.
Jornal O Impacto: Quais os locais onde os
não-médicos costumam atuar em Santarém?
Doutor Ricardo: Normalmente, eles atendem dentro de óticas. Alguns
atendem em um anexo, mas quem marca a consulta é a ótica. Geralmente é assim
que acontece aqui em Santarém, onde a ótica faz a propaganda e marca a consulta
para essas pessoas.
Jornal O Impacto: Nesse caso, deveria haver
fiscalização dentro das óticas também?
Doutor Ricardo: Sim! Pela lei não pode ter consultório funcionando
dentro de uma ótica. Ou seja, a comunicação entre ótica e consultório não pode
haver. Pode até existir um consultório e uma ótica, mas sem poder haver
comunicação entre si.
Jornal O Impacto: Seria a prática do exercício
ilegal da profissão?
Doutor Ricardo: Não! Esse caso é inserido em outra lei, mas que
deveria ter fiscalização. O exercício ilegal da profissão fica direcionado ao
profissional que não é diplomado e atende como médico. Já essa questão do funcionamento
de consultórios com a realização de exames dentro das óticas, existe uma lei
que não permite essa prática.
Jornal O Impacto: Então, resta à população ficar
atenta sobre a questão da atividade exercida pelos não-médicos?
Doutor Ricardo: Exato!
As pessoas devem ficar atentas para não serem iludidas, achando que estão sendo
consultados por um médico, que na verdade não é inscrito no CRM. Isso acontece
em escolas. Outro exemplo é quando um líder comunitário às vezes marca
consultas, através de alguma ótica para uma grande maioria de pessoas. Na hora
da consulta, os pacientes acabam descobrindo que não se trata de um médico e,
que são submetidos apenas a um exame simples e tem óculos receitados. Essas
pessoas que fazem essa prática visam apenas o lado financeiro.
RG 15/O Impacto
Nenhum comentário:
Postar um comentário