Moradores do município de Humaitá,
a 363 km de Manaus, que nos últimos meses sofreram com as tensões entre brancos
e índios, agora enfrentam um problema de origem natural. Desde dezembro do ano
passado, as fortes chuvas que castigam o estado de Rondônia fizeram o Rio
Madeira transbordar, alagando estradas e portos e atingindo em cheio a cidade,
que fica na fronteira entre os estados.
Segundo o
caminhoneiro Élcio Aparecido de Oliveira, de 48 anos, conhecido como “Preto”,
as chuvas vêm dificultando todas as atividades do município, até as mais
rotineiras. “A rota que eu faço, de Humaitá a Porto Velho (capital de Rondônia) está complicada. Eu preciso usar a
balsa, mas o porto de Humaitá está alagado, e tem sido perigoso atravessar. O
pessoal colocou uma pedra, pra usar como ponte pros carros, mas não duvido nada
que a chuva carregue essa pedra nos próximos dias”, relata o caminhoneiro.
Ainda de
acordo com Élcio, o percurso que ele costuma fazer em duas horas e meia agora
leva 12 horas, e ele está muito preocupado com a situação. “Não é só eu (sic). Tudo está parado em
Humaitá. Dizem que a energia da cidade está pra acabar, e as pessoas não sabem
o que fazer. Já não entra carreta, ônibus, só carro”, conta.
O taxista
de Rondônia Christian Paiva da Silva, 36, vive a mesma situação, só que do lado
oposto. “Em Guajará-Mirim(cidade onde reside), as
pessoas estão completamente isoladas. Eu e outros motoristas temos usado
estradas de chão, de lama, cortando pela floresta, pra conseguir chegar a
outras cidades. Em Porto Velho, se abrirem as comportas, vai alagar tudo. É
contar com a ajuda de Deus e esperar”, admite, resignado.
Nesta segunda-feira (17), as chuvas fizeram o rio atingir a
marca histórica de 17,71 metros acima do nível normal. O governo do estado de
Rondônia já mobilizou as forças de segurança para conduzir o resgate e o abrigo
de moradores afetados pelas chuvas.
A Crítica
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