Sérgio foi morto na região de Venda Nova, em agosto de 2012 |
Alexandre Ângelo de Oliveira, de 28 anos, o Neguinho, foi
condenado a 15 anos de prisão em regime fechado pelo crime de homicídio
qualificado. Apontado pela Polícia Civil como o assassino de Sérgio Rosa
Salles, primo do goleiro Bruno e considerado peça chave para esclarecer o
desaparecimento da ex-amante do goleiro, Eliza Samudio, Neguinho foi julgado
nesta quarta-feira (20), no 1º.Tribunal do Júri de Belo Horizonte. A decisão
cabe recurso e a defesa afirmou que irá entrar com o recurso.
Crime passional
Durante seu depoimento, Neguinho negou a hipótese de queima de
arquivo e disse que atirou seis vezes contra Sergio, em agosto de 2012, porque
o primo de Bruno assediou a amante dele, Denilza Cesário Silva, de 30 anos, no
bairro Minaslândia, na região de Venda Nova. Ele foi denunciado por homicídio
qualificado por motivo torpe sem dar chances de defesa à vítima. Denilza foi
julgada no ano passado, quando foi condenada a 13 anos de prisão.
A sessão, presidida pelo juiz Mauricio Leitão Linhares, teve
inicio às 13h. O júri, responsável por decidir o destino do acusado foi
composto por quatro mulheres e três homens, escolhidos por sorteio. Durante o
julgamento, uma das juradas passou mal e teve que ser atendida por médicos do
fórum. A promotora Patricia Estrela Vasconcelos, que representou o Ministério
Público de Minas Gerais, dispensou as cinco testemunhas apresentadas, enquanto
o advogado Ronaldo Lara Junior, que defendeu Neguinho, quis ouvir as testemunhas.
"Esse é um júri difícil de ser revertido, porque houve confissão. Porém,
mesmo ele (Neguinho) tendo confessado o crime, a defesa quis ouvir todas as
testemunhas para provar que não existe correlação com o caso Bruno, já que o
Alexandre não conhece nenhum envolvido com o desaparecimento da Eliza",
disse o advogado.
Em sua defesa, o advogado ainda afirmou que Neguinho matou um
homem perigoso, que assistiu a um assassinato - o de Eliza - sem fazer nada,
mas que o crime teve motivação moral e o autor atirou para honrar a sua mulher.
Porém, familiares de Sérgio afirmam que a morte do primo do
goleiro teria relação com o desaparecimento de Eliza Samudio. C.A.R.S, irmã de
Sérgio, afirmou que o irmão recebeu uma mensagem no celular, com uma ameaça de
morte. Já a namorada de Sérgio, A.C.V., durante seu depoimento, levantou
a hipótese de que o crime tenha acontecido por queima de arquivo.
"Ele morreu por causa do caso Bruno, já que foi acusado de ser x9",
disse. Mesmo com as hipóteses, Neguinho negou que tenha cometido o crime como
queima de arquivo. "Não conheço nenhum dos envolvidos no desaparecimento
da Eliza, matei porque fiquei nervoso quando descobri que ele assediou a
Denilza", disse em depoimento.
O irmão de Sérgio Rosa Salles, Cláudio Alberto rosa Salles, 28
anos, disse que também não acredita que o ciúme tenha sido a única motivação do
crime. "Acho difícil que ele (Alexandre) não sabia que o Sérgio era
primo do Bruno, pois esse foi um caso muito veiculado na mídia. Acho que não
matou meu irmão só por esse motivo (crime passional)", afirmou.
Na fase dos debates, a promotora Patrícia Estrela também
descartou que o crime tenha alguma relação com o desaparecimento de Eliza
Samudio. "Durante o processo foram ouvidas mais de 100 testemunhas e
nenhuma delas apontou alguma relação do Alexandre com os envolvidos no caso
Bruno. Ele matou sim, não temos dúvida, e foi julgado por isso", afirmou.
"O advogado de defesa esta tentando desqualificar a
vítima, o chamando de estuprador, para tentar reduzir a pena. O fato é que ele
confessou o crime e deve ser condenado", acrescentou a promotora.
O crime
Sérgio Rosa Salles foi morto no dia 22 de agosto de 2012, no
bairro Minaslândia, em Venda Nova. Um dia antes do crime, Denilza disse que
passava pela região, quando o primo do goleiro a assediou e mostrou as partes
íntimas para ela. A mulher ligou para Alexandre, com quem tinha um caso
extraconjugal, e relatou o que tinha acontecido. Alexandre, que já tinha
passagem pela polícia por tráfico de drogas, prometeu matar Sérgio.
No dia 22, Alexandre levou Denilza para o trabalho e, quando viu
que sergio tinha se aproximado da mulher, efetuou dois disparos contra ele. O
primo do goleiro ainda tentou fugir, mas Alexandre disparou outros quatro
tiros, que não acertaram a vítima. Denilza e Alexandre foram presos no dia 3 de
setembro do ano passado, em cumprimento a um mandado de prisão.
O Tempo
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