O Ministério Público do Estado (MPE), em Santarém, oeste do Pará, ajuizou ação civil
pública por ato de improbidade administrativa contra os envolvidos no
empreendimento da empresa Buriti. A ação é relacionada a atos de
licenciamento do projeto urbanístico “Cidade Jardim”, localizado na margem esquerda
da Avenida Fernando Guilhon, sentido Aeroporto/cidade.
A ação foi ajuizada em 6 de agosto, na 8ª
Vara da Fazenda Pública da comarca de Santarém, subscrita pela 9ª Promotoria de
Direitos Constitucionais e Combate a Improbidade Administrativa, com requerimento
de medida liminar para indisponibilidade dos bens de todos os envolvidos em
valor suficiente para garantir pagamento de multa civil prevista na Lei
8.429/92.
Um dos demandados, Marcelo Brandão Corrêa
foi secretário Municipal De Meio Ambiente em Santarém, no período de março de
2009 a dezembro de 2012, e os demais são sócios-proprietários das empresas
demandadas. A ação resulta de inquérito civil distribuído ao MPE, resultante de
representação formulada pela sociedade civil, via Movimento em Defesa do Juá.
Improbidade
De acordo com a ação, o imóvel situado às margens da rodovia Fernando Guilhon, com área de 186,24 hectares, foi vendido pela empresa Sisa Salvação. À época, a empresa e o imóvel pertenciam a família do então secretário Marcelo Brandão Corrêa, sendo adquirida por Moisés Carvalho Pereira e SGPenna – Participação, Administração e Investimentos Ltda , representada por Sidney Guimarães Penna, figurando como fiadores a empresa Buriti Imóveis Ltda., representada pelo administrador Sidney Guimarães Penna, o sócio Moisés Carvalho Pereira e Sidney Guimarães Penna.
Na sequência, houve pedido de licença
ambiental para implementação do empreendimento urbano “Cidade Jardim”. O pedido
foi feito ao município de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente (Semma), que tinha como titular Marcelo Corrêa, mesmo sem a Semma ter
competência para tal, considerando que a área do empreendimento é superior a
100 hectares. Desta forma, o órgão municipal estaria apropriando-se da
competência da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA).
Ligações entre empresas
Na ação, consta também que as licenças ambientais não foram precedidas da oitiva do Conselho Municipal de Meio Ambiente, nem foi realizado Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), além do fracionamento da área. Segundo o documento, o objetivo do não cumprimento das exigências ocorreu para mascarar a competência municipal.
A ação aponta as ligações financeiras
entre as atuais empresas proprietárias, a Sisa Salvação Empreendimentos
Imobiliários e a SGPenna- Participação, Administração e Investimentos Ltda,
representada pelo demandado Sidney Guimarães Penna. A Sisa Salvação foi
incorporada pela Buriti Imóveis, e posteriormente a empresa SGPenna também
tornou-se consorciada, constituindo o Grupo Buriti, responsável por colocar em
prática o empreendimento, que está paralisado atualmente em virtude do
município de Santarém ter declinado para a Secretaria de Meio Ambiente do
Estado.
Dentre os antigos sócios da Sisa, consta o
nome do pai do ex-secretário, sendo, portanto Marcelo Brandão um dos herdeiros
beneficiados. Desta forma, a conclusão, de acordo com o MP, é de ter Marcelo
Brandão, ao fracionar a área para expedir as licenças, além de ter dispensado a
formalidade exigida pela legislação ambiental foi por ter “aproveitado dos
poderes e facilidades decorrentes da função de Secretário Municipal de Meio
Ambiente, violando aos princípios norteadores da administração pública,
inclusive locupletando-se, porque era um dos herdeiros com obrigações, da
demandada Sisa Salvação”.
Pedido de Condenação
Ao final o MP pede a condenação de todos os demandados nas sanções civis previstas na legislação por prática de atos de improbidade administrativa, incluindo o pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração recebida pelo agente. A causa tem o valor total de R$625 mil reais.
O G1 fez contato com o advogado do grupo Buriti, Andreo
Rasera, mas ele informou não ter conhecimento sobre a ação e disse que a
empresa ainda não recebeu notificação. Assim que for notificada, a empresa se
pronunciará sobre o assunto. O G1 tentou contato com o ex-secretário de meio ambiente
Marcelo Corrêa, mas até a publicação dessa reportagem não não conseguiu localizá-lo.
G1/Santarém
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