A Frente Parlamentar em
Defesa dos Povos Indígenas da Câmara dos Deputados não vai tomar a defesa de
índios da região de Humaitá, no Amazonas, se for comprovada a responsabilidade
deles no desaparecimento de três moradores da cidade. A afirmação é do
presidente da frente, deputado Padre Ton (PT-RO).
Por outro lado, os índios Tenharim negam
qualquer envolvimento com o desaparecimento do professor Steff Pinheiro de
Souza, o representante comercial Luciano Ferreira Freire e funcionário da
Eletrobrás Amazonas Energia Aldeney Ribeiro Salvador, que viajavam pela rodovia
Transamazônica (BR 230), de Humaitá rumo a Apuí, no Sul do Amazonas, trajeto
cortado pela área de reserva dos indígenas.
Resposta
do governo
O presidente da Frente
Parlamentar da Agropecuária, deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), disse que a
Funai é cúmplice da situação e cobrou a investigação por parte do Governo
Federal. “A Funai é subordinada ao Ministério da Justiça. Queremos que o
ministro tome as providências cabíveis, que o próprio advogado-geral da União
tome as providências cabíveis”, declarou.
“A Funai está mancomunada
com os índios que estão fazendo isso. É uma meia dúzia de índios que estão se aproveitando
da situação e fazendo acontecer o que está acontecendo, colocando em risco
brancos e índios também”, disse Heinze.
Uma força-tarefa da Polícia
Federal faz buscas na região. Há poucos dias, foram encontrados restos de um
carro incendiado próximo de uma aldeia Tenharim, que está sendo periciado.
O mediador apontado para o
conflito, bispo dom Francisco Merkel, afirmou que as desavenças começaram em
2006, após a instalação de pedágios cobrados pelos índios na Transamazônica.
A Justiça Federal determinou
o envio de cópia do processo sobre a segurança dos índios na reserva Tenharim à
Comissão Interamericana de Direitos Humanos para que o órgão internacional tome
ciência dos fatos e analise se a postura do Estado brasileiro no caso está em
sintonia com acordos internacionais.
Ministério
Público do Amazonas
O Corregedor Geral do
Ministério Público do Estado do Amazonas, procurador de Justiça José Roque
Nunes Marques, está no município de Humaitá, ao sul do Estado, para conversar
com uma comissão que está empenhada em conter os conflitos que atingem a
região.
"Fizemos uma avaliação
de todo o processo de condução do caso e queremos, em primeiro lugar,
tranquilizar a população do município. Estamos ajudando na apuração do caso e a
postos para atender a comunidade. Dois promotores estão sendo deslocados para
Humaitá para também auxiliar no trabalho", disse o Corregedor, que
visitará a área do conflito no fim da tarde.
Além do Corregedor, o
Comandante Geral do CMA, Gen. Eduardo Vilas Boas e representantes da 17ª
Brigada de Porto Velho, do 54º Batalhão de Infantaria de Selva, da 12ª
Região Militar, do CPE, do 4º Batalhão de Polícia de Humaitá, e ainda
representantes das Polícias Rodoviária e Federal, estão em busca de soluções
urgentes para os conflitos.
Índios não abrem mão do pedágio
A comissão visitou no fim da tarde de segunda-feira (6), a
aldeia dos índios Tenharim e conversou com as lideranças da tribo. Uma das questões
levantadas foi da cobrança do pedágio.
Os índios disseram que ela vai continuar. Eles justificma a
cobrança do pedágio com argumentos contundentes. Dizem que necessitam dessa
renda para evitar que integrantes da tribo cedam ao tráfico de entorpecentes e
que o pedágio evita também que eles sejam obrigados a fazer o cultivo de
plantas alucinógenas.
Os Tenharim vão reabrir dia 1º de fevereiro os pedágios na
Transamazônica. A cobrança será feita apesar da ameaça de um novo ataque dos
brancos que, no dia 26 de dezembro, atearam fogo aos postos instalados na área
indígena.
Os caciques prometeram estourar as pontes e isolar a reserva
caso haja novo ataque dos brancos. Eles foram informados de que estaria sendo
preparada uma nova ação para o próximo dia 14 de janeiro.
"O povo tenharim já decretou que o pedágio vai continuar,
independente dos protestos de algumas pessoas. Demos um intervalo para não
atrapalhar a força-tarefa (que busca os desaparecidos)", anunciou o
cacique Aurélio Tenharim.
A Crítica, com
informações da Agência Câmara Notícias
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