O comerciante Rubélio Santos, tio de Rayline Campos, uma
das passageiras que estava no avião
desaparecido na terça-feira (18)
durante viagem de Itaituba ao município de Jacareacanga, no sudoeste do Pará,
contou que entrou em contato cinco minutos depois de receber
a última mensagem da sobrinha, mas o aparelho já estava sem
sinal.
O avião seguia com cinco pessoas - o
piloto, um motorista e três técnicos de enfermagem - para uma aldeia de índios
Mundurukú. Segundo a Aeronáutica, o avião desapareceu uma hora e vinte minutos
depois de o piloto ter feito o último contato pelo rádio. O bimotor decolou do
aeroporto de Itaituba às 11h40.
Santos chegou a receber dois SMS de
Rayline, antes de o avião desaparecer. No primeiro, enviado às 12h47, ela
avisava que estava em um temporal e que o motor havia parado. “Tio to em
temporal e um motr parou avisa a mae q amo muit tods ...to aflita..to em
pânico...se eu sair bem aviso...to perto do jkre...reza por nos...n avisa a tia
ainda... (sic)”.
Na segunda mensagem, às 12h48, Rayline
pedia ajuda. “O motor ta parando.socorro tio tio (sic)”. Ele conta que, logo em
seguida, respondeu a mensagem, pedindo que a sobrinha falasse alguma coisa,
“mas ela não respondeu”, completa.
'Não desconfiei de trote', conta Rubélio Santos
(Foto: Luana Leão/G1) |
"Minha primeira reação foi sentar, respirar fundo”,
lembra. Após perceber que não tinha retorno, Santos decidiu ligar. “Eu fiquei
esperando, mas como não tive retorno, liguei apreensivo. Já estava dando fora
da área. Fiquei aflito, sem saber o que fazer”.
Ele diz que não desconfiou de trote,
porque sabia que ela estava voltando para o trabalho num bimotor. “Eu não
desconfiei, até porque nessa região os aviões voam baixo e ela dizia na
mensagem que já estava perto deJacareacanga”, conta.
No primeiro momento, o comerciante não
contou para ninguém da família. Rayline pedia na mensagem que a tia, esposa de
Rubélio, ainda não fosse informada. “Acho que era para não assustar e eu
obedeci, não falei para minha esposa. Quando vi que ela não atendeu minha
chamada, saí para buscar informações com um amigo da Infraero, quando voltei
ela [esposa] já sabia. A chefe de enfermagem do local onde elas trabalham havia
ligado”, conta.
A mãe de Rayline mora em Fordlândia, no
oeste do Estado. A irmã mais velha seguiu para Itaitubanesta quarta-feira (19) para
acompanhar as buscas. A família mantém contato com a Casa de Saúde Indígena
(Casai), em Jacareacanga.
Segundo o Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), as buscas pela aeronave continuam
nesta quarta-feira. Um avião de Manaus e outro de Campo Grande estão ajudando
nos trabalhos de localização.
De acordo a Agência nacional de Aviação
Civil (Anac), a situação da aeronave desaparecida, de matrícula PR-LMN, estava
regular. A Inspeção Anual de Manutenção (IAM) e o Certificado de
Aeronavegabilidade (CA) estavam em dia.
G1/Santarém
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